Fabrício Werdum foi flagrado no exame antidoping em maio e em setembro teve sua suspensão de dois anos anunciada pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA). O teste revelou a presença do esteroide anabolizante trembolona. Em entrevista ao site do canal Combate, o gaúcho afirmou realizou mais de 50 testes em produtos que consome para verificar a origem da substância, mas o resultado foi negativo.
“Gastei mais de R$ 50 mil em testes. Quando você tem que testar algum produto para ver se a contaminação está ali, você tem que pagar mil dólares por cada produto. Testei sete produtos, proteína, creatina e até erva de chimarrão. Eu não sabia onde estava, dei tudo que tinha tomado. Deu tudo negativo”, explicou Fabrício.
Antes do caso de doping, o brasileiro havia recebido a camiseta da USADA que comprova que lutador havia passado por 25 testes limpos. O gaúcho afirmou que nunca teve problemas com o órgão regulador até o momento.
“A USADA… eu nunca tive problema, notificação, nada sobre isso. Sempre que quiseram me testar eu estive à disposição. Eu até ganhei uma camisa da USADA de 25 testes dando os parabéns por seguir o programa, por me dedicar ao máximo. Toda vez que chegavam na academia eu brincava: “A USADA está aqui com a gente”. Todo mundo vaiava, uma brincadeira. A Karine, minha mulher, disse que isso influenciou na hora da condenação, da suspensão. Eu falei: “Não tem como”. Hoje em dia acredito que sim, que influenciou”, disse Werdum.
Após a notificação, Werdum requisitou uma reunião com a Agência Antidoping para falar sobre o assunto. Em um hotel, a conversa entre o lutador e a entidade prolongou-se por cerca de cinco horas.
“Fiquei cinco horas conversando com a USADA, saí de Los Angeles e fui até Denver. Eu me senti um criminoso. Sei que não fiz nada, mas a sensação era essa. Dois caras da USADA, um detetive me analisando o tempo inteiro. Me senti tão mal… Não fiz nada, por que isso? (…) O que mais me surpreendeu foi no final da entrevista, eu achei um absurdo… Eles falaram: “Werdum, se você cagoetar alguém a gente baixa sua pena, porque alguma coisa você vai ter que pagar”. Eles falam que a responsabilidade é sua de tomar qualquer coisa. (…) O cara fazer uma proposta dessa, de cagoetar alguém, isso está contra os meus princípios, mesmo se eu soubesse”, contou ‘Vai Cavalo’.
A proposta da USADA está no código de conduta da instituição. O artigo 10.6.1.1 prevê que o atleta que conceder informações e provas de violação antidoping por parte de outro lutador tenha pena reduzida.
Sem poder atuar até 23 de maio de 2020, o brasileiro tem mais duas lutas em seu contrato com a organização. Entretanto, Fabrício descarta aposentadoria.
“Não, eu quero acabar minha carreira quando eu estiver a fim. É difícil ser proibido de lutar por causa de algo que não fiz. Estou nervoso até na hora de falar. Estou treinando todos os dias, claro que não na intensidade de luta. Pensei em fazer grappling para ficar na ativa. É uma vida inteira lutando, pensei em lutar em outro país. É tudo muito recente, tenho que conversar com o UFC ainda. Tenho trabalhado na parte espanhola do UFC como comentarista. Eu vou ver o que vou fazer, tenho mais duas lutas no UFC. Será que vou esperar os dois anos mesmo? O que vou fazer? Não sei ainda, estou indeciso”, concluiu Werdum.
A última luta de Werdum foi em março, quando foi nocauteado por Alexander Volkov no UFC Londres.