Jovem, agressivo dentro do octógono, carismático na frente das câmera, cabelo tingido de loiro, finalista do TUF Brasil 2 e status de futura estrela do esporte brasileiro. Esses foram alguns dos rótulos que o meio-médio William Patolino recebeu ao chegar no UFC em 2013, com apenas 22 anos e o cartel impecável em seis lutas profissionais. O desempenho na maior organização do mundo de MMA, porém, ficou bem abaixo da expectativa.
Em quatro lutas no Ultimate, venceu apenas uma, sendo finalizado na estreia e nocauteado em outras duas. O mal restrospecto culminou em uma demissão precoce, colocando vários pontos de interrogação sobre a carreira do atleta natural do Rio de Janeiro. Mas o jogo virou para Patolino. Dois anos depois de sua saída do UFC, o agora lutador do Fight 2 Night, empresa presidida pelo ator global e empresário Bruno Gagliasso, reencontrou a boa fase e voltou a ter motivos para sorrir dentro do cage, acumulando duas vitórias consecutivas.
“Eu recuperei o alto rendimento fazendo o que sempre faço: me mantive dedicado 100% à minha equipe e minhas lutas. Graças a Deus eu tive duas grandes vitórias. Não tem segredo para voltar a lutar bem, mas, se tiver, o nome é ‘trabalho duro’ (risos). Então foi o que eu fiz, voltei a treinar bem, a me dedicar para (na hora da luta) ser o Patolino que eu sempre fui. Sem lesão, não tem nada que me impeça de chegar lá e ter uma performance brilhante. Lutei contra o Bojan Kosednar e venci por nocaute. Lutei contra o Handersson Ferreira, que era o meio-médio número 1 no cenário nacional, e dei uma aula de MMA. Então se tem um segredo, é trabalhar duro. Trabalho duro nos faz conseguir as vitórias”, declarou o lutador em entrevista exclusiva por telefone ao SUPER LUTAS.
Antes de recomeçar sua trajetória, Patolino ficou longos 21 meses sem entrar em ação. O retorno, inclusive, esteve perto de acontecer em uma organização internacional, à qual o atleta não quis revelar o nome. Contudo, a amizade com Bruno Gagliasso somado ao projeto inovador do recém criado Fight 2 Night chamaram a atenção de William, que não demorou para se juntar ao seu ’novo time’.
“Eu tive uma série de propostas para voltar a lutar, incluindo um duelo nos Estados Unidos, já estava até marcado, mas o Bruno Gagliasso (ator global e presidente do Fight 2 Night) me ligou e me pediu para lutar no evento dele. Eu expliquei minha condição, falei que tinha uma proposta, mas a gente conversou bastante, e a conversa foi tão legal que eu abri mão das propostas que eu tinha no exterior para poder lutar no Fight 2 Night. Ou seja, eu sou um atleta do Fight 2 Night, eu visto a camisa. Se aparecer algo maior, por exemplo, algum evento muito bacana e que me pague muito bem, vou negociar para ver o que a gente consegue fazer. Mas eu sou fiel ao Fight 2 Night, é um evento que me acolheu bem, marcou a minha volta… me sinto bem aqui, me sinto em casa”, revelou o carioca.
Apesar de ter reconquistado a boa fase e sua relevância no cenário nacional de MMA, Patolino garante: voltar ao UFC não é uma obsessão. Feliz com os novos patrões, o meio-médio afirma que seu grande objetivo a curto prazo é conquistar o cinturão até 77kg da franquia e, posteriormente, fazer novos planos para o futuro.
“Eu não tenho nenhum tipo de ansiedade, nenhuma pressa para retornar ao UFC. Eu já tive, para te falar a verdade, mas hoje não tenho mais. A única coisa que eu penso é em seguir trabalhando e lutando bem. Eu sou leal ao Fight 2 Night e a companhia é leal a mim. (…) Eu não critico ninguém pelo o que aconteceu comigo (a demissão do UFC). Eu olho para mim e penso: ‘Eu poderia ter feito alguma coisa diferente? Poderia ter mudado isso?’ Mas infelizmente foi o que aconteceu, tive uma série de coisas ruins que culminaram nos maus resultados. Eu encaro tudo isso como uma grande experiência, foi incrível para mim. Para te falar a verdade, agradeço a Deus por ter acontecido tudo isso comigo, pois eu passei a enxergar muitas coisas, até na minha vida pessoal. Foi muito bom para mim, me ajudou a amadurecer e ter experiência. Enfim, pretendo conquistar o cinturão do Fight 2 Night e só depois pensar no que podemos conseguir no futuro”, completou Patolino.
SUPER LUTAS: Você saiu do TUF Brasil 2 com muita expectativa em torno do seu nome, sendo considerado uma das principais promessas brasileiras no UFC. Você acha que esse rótulo te atrapalhou de alguma maneira? Você sentiu alguma pressão?
WILLIAM PATOLINO: Acho que não (atrapalhou). O foco no TUF ficou virado para mim, as pessoas ficaram esperando algo de mim, e eu pude proporcionar isso em algumas lutas, mas em outras não. Infelizmente eu tive altos e baixos, alguns problemas sérios que me atrapalharam em minhas últimas lutas no UFC, como lesões… eu cheguei a lutar com a mão quebrada. (…) Não quero tirar os méritos dos adversários, mas eu tive diversos problemas que me impossibilitam de lutar bem. O próprio UFC sabia disso, pois foi comunicado. Mesmo assim eu fui lá e lutei, mas acabei perdendo.
SL: Sua demissão do UFC foi meio repentina. Tinha luta marcada no UFC 193, em novembro de 2015, mas saiu por lesão e foi cortado. Te surpreendeu na época?
WP: Eu me surpreendi de ser cortado daquela forma. Era uma luta boa, eu estava esperando bastante, mas a surpresa ainda maior foi porque eu saí da luta por lesão e acabei demitido, sendo que o UFC sabia o motivo pelo qual eu tinha saído, eles tinham todos os exames médicos. Então me senti muito surpreendido, não esperava por isso.
SL: Na época você ficou chateado com a demissão?
WP: Na época eu fiquei muito, muito chateado. Eu estava lesionado, com o pé quebrado, e tinha que passar por uma cirurgia, todo um processo de recuperação, e mesmo assim me demitiram. Não me senti nenhum pouco amparado, então isso me deu uma tristeza muito grande.
SL: Você ficou um bom tempo afastado (fevereiro de 2015 até novembro de 2016), mas voltou e emplacou duas boas vitórias. O que considera ter sido essencial para dar essa volta por cima?
WP: Eu recuperei o alto rendimento fazendo o que sempre faço: me mantive dedicado 100% à minha equipe e minhas lutas. Graças a Deus eu tive duas grandes vitórias. Não tem segredo para voltar a lutar bem, mas, se tiver, o nome é ‘trabalho duro’ (risos). Então foi o que eu fiz, voltei a treinar bem, a me dedicar para (na hora da luta) ser o Patolino que eu sempre fui. Sem lesão, não tem nada que me impeça de chegar lá e ter uma performance brilhante. Lutei contra o Bojan Kosednar e venci por nocaute. Lutei contra o Handersson Ferreira, que era o meio-médio número 1 no cenário nacional, e dei uma aula de MMA. Então se tem um segredo, é trabalhar duro. Trabalho duro trás as vitórias.
SL: Por que a preferência em recomeçar sua trajetória lutando pelo Fight 2 Night?
WP: Eu tive uma série de propostas para voltar a lutar, incluindo um duelo nos Estados Unidos, já estava até marcado, mas o Bruno Gagliasso (ator global e presidente do Fight 2 Night) me ligou e me pediu para lutar no evento dele. Eu expliquei minha condição, falei que tinha uma proposta, mas a gente conversou bastante, e a conversa foi tão legal que eu abri mão das propostas que eu tinha no exterior para poder lutar no Fight 2 Night. Ou seja, eu sou um atleta do Fight 2 Night, eu visto a camisa.
SL: Aceitaria lutar em outra organização que não fosse o Fight 2 Night?
WP: Se aparecer algo maior, por exemplo, algum evento muito bacana e que me pague muito bem, vou negociar para ver o que a gente consegue fazer. Mas eu sou fiel ao Fight 2 Night, é um evento que me acolheu bem, marcou a minha volta… me sinto bem aqui, me sinto em casa. É um evento que fez parte do meu recomeço, além, também dessa rapaziada que trabalha muito bem, como o Bruno, que é meu amigo. Isso tudo foi uma junção de fatores que me empolgou para retornar, me deu aquela injeção de auto-estima. Pode acontecer de eu lutar em outro evento? Pode, caso a negociação foi muito boa. Do contrário, Fight 2 Night é meu time. Assim como eu tenho um time de coração no futebol, na luta esse time é o Fight 2 Night.
SL: Você disse que chegou a ser procurado por outras organizações. Pode revelar quais foram?
WP: Eu prefiro não falar nomes, até para não envolver outras empresas que já me procuraram, entende? Eu lutaria tranquilamente por essas companhias, mas acabou não acontecendo, então eu sigo em frente trabalhando, prefiro falar apenas do Fight 2 Night.
SL: Quais são seus planos a curto prazo na carreira?
WP: Meu objetivo é trabalhar e fazer boas lutas no Fight 2 Night, conquistar o cinturão da organização. Eu não sei quando serão as próximas lutas do GP, mas eu vou disputar esse cinturão. Ganhando o título, vou me tornar o primeiro campeão do Fight 2 Night, vou fazer história mais uma vez. Sendo o primeiro campeão da organização, tenho planos em mente. Meus empresários, o Ed Soares e o Jorge Guimarães, o Joinha, eles têm planos para mim, nós sempre conversamos. Temos planos para o futuro, mas agora o momento é de focar e fazer acontecer.
SL: Tem ansiedade em retornar ao UFC?
WP: Não tenho nenhum tipo de ansiedade, nenhuma para retornar ao UFC. Eu já tive, para te falar a verdade, mas hoje não tenho mais. A única coisa que eu penso é em seguir trabalhando e lutando bem. Eu sou leal ao Fight 2 Night e a companhia é leal a mim. Geralmente a gente é bom para e companhia enquanto estamos rendendo, depois passa a não ser mais. Foi assim que aconteceu no UFC. O UFC me demitiu por um único motivo: sinal de que, no momento, eu não estaria sendo bom para eles. Mas eu entendo completamento, negócios são negócios. Se o funcionário não está sendo bom para e empresa, eu vou demitir e contratar outro. Eu não critico ninguém pelo o que aconteceu comigo. Eu olho para mim e penso: ‘Eu poderia ter feito alguma coisa diferente? Poderia ter mudado isso?’ Mas infelizmente foi o que aconteceu, tive uma série de coisas ruins que culminaram nos maus resultados. Eu encaro tudo isso como uma grande experiência, foi incrível para mim. Para te falar a verdade, agradeço a Deus por ter acontecido tudo isso comigo, pois eu passei a enxergar muitas coisas, até na minha vida pessoal. Foi muito bom para mim, me ajudou a amadurecer e ter experiência. Enfim, pretendo conquistar o cinturão do Fight 2 Night e só depois pensar no que podemos conseguir no futuro.
SL: Atualmente o trash talk está em alta entre os lutadores. Como você enxerga a necessidade da provocação na promoção pré-luta?
WP: Eu acho que todos os atletas têm o direito de promover e falar o que quiser, mas acho que não podemos perder a essência do esporte, não podemos deixar o respeito de lado. Alguns atletas têm perdido a linha com as provocações, isso está indo muito longe, estão deixando de lado o esprito esportivo. Eu gosto de provocar meu adversário durante a luta, tentar desestabilizar emocionante, brincar com ele, mas tudo dentro do respeito. Eu não peso chegar e ficar xingando o cara, ferir a honra de homem dele, assim como ele não pode fazer isso comigo. Eu acho que tem que ter um limite, um devido respeito, e as pessoas estão passando desse limite. Elas não estão indo só para o lado da provocação, mas sim para o lado do desrespeito, o que é muito ruim para a imagem do esporte. O pessoal que está em casa gosta de uma provocação, gosta de uma boa luta, mas o desrespeito não é legal, fica um legado obscuro, não posso passar essa imagem para o público que está me assistindo. Teve um atleta que veio lutar no Brasil, esqueci o nome dele (referia-se ao meio-médio Colby Covington), e ofendeu toda uma nação. Falou que odeia o nosso país, que somos um país de m***. Eu não vi necessidade dele falar aquilo. O cara fez uma boa luta, venceu, e quer desrespeitar nosso país na nossa casa? Então foi uma coisa muito ruim para ele e para o esporte. Algumas pessoal olham e falam: ‘Nossa, como um atleta de MMA fala uma coisa dessa?’. (…) Estão imitando vários outros atletas se promoviam, como Chael Sonnen, o McGregor, porque eles vão vendo que é uma coisa legal, dá dinheiro para os atletas, mas as pessoas não podem fugir de suas origens. O esporte significa respeito, então temos sempre que nos respeitar.