Aos 22 anos, Ricardo Carcacinha chegou cheio de moral no UFC. Contratado através do reality show “Lookin’ for a Fight”, comandado pelo presidente Dana White, e atualmente o segundo brasileiro mais jovem da organização (é sete meses mais velho que o peso pesado Carlos Boi), o atleta da Black Sheep MMA, de Campinas-SP, se prepara para o maior desafio de sua curta trajetória no MMA.
No próximo sábado, dia 4 de novembro, em Nova York, Carcacinha enfrenta o invicto canadense Aiemann Zahabi na primeira luta do card do UFC 217, que contará com três disputas de cinturão. O evento estrelado, no entanto, não assusta o peso galo, que garante estar preparado para mostrar seu trabalho dentro do octógono.
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“Eu vejo como uma oportunidade que eles estão me dando para mostrar meu potencial. Eu estou no card de um evento que vai ser excepcional, me motivou demais. (…) O Sean Shelby (matchmaker do UFC) disse: ‘Calma, espera que nós vamos arranjar uma coisa boa para você’. Depois de uma semana ele entrou em contato e avisou que eu lutaria no UFC Nova York. Eu fiquei feliz demais, foi ótimo. Sou um cara bastante paciente, acredito que as coisas acontecem como tem que acontecer”, declarou o lutador em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS.
Embora tenha apenas uma luta no Ultimate, quando bateu o japonês Michinori Tanaka em sua estreia, em fevereiro, os planos a curto prazo de Carcacinha são audaciosos. Mirando o topo da divisão até 61kg, o brasileiro já está de olho em um confronto contra algum integrante do top 10: seu compatriota Thominhas Almeida, atual número 9 no ranking dos galos.
“Meu objetivo a curto prazo é lutar contra alguém do topo. Ganhando essa luta – eu vou ganhar, vou nocautear ou finalizar-, vou pedir alguém ranqueado, porque eu quero chegar nas cabeças e disputar o cinturão. (…) Eu pedi o Thomas Almeida no UFC São Paulo, é um cara que eu admiro muito o trabalho dele, é muito bom, um top da categoria. Lutar contra um brasileiro é chato, mas essa categoria é a que mais tem brasileiros no ranking, então fica difícil acabar não enfrentando (um compatriota). E eu gostaria de enfrentar o Thominhas, até pela história que nós temos antes de chegarmos ao UFC. Eu já lutei com o (Allan) Puro Osso, que é da equipe dele, e depois cogitaram de lutar eu contra ele para saber quem é o verdadeiro rei de São Paulo. É algo que sempre desejei, acho que seria uma luta boa, mas eu confio perfeitamente no meu trabalho para ganhar dele”, garantiu.
Quando questionado a respeito do confronto entre o campeão Cody Garbrandt e TJ Dillashaw, que disputarão o cinturão dos galos no mesmo card, Carcacinha não ficou em cima do muro. Sem titubear, ele apostou em um nocaute de Garbrandt, com quem atuou durante alguns meses quando realizou um período de treinamentos na Team Alpha Male MMA.
“O Cody Garbrandt vai nocautear o TJ, não tenho dúvidas. Eu treinei com esse cara e sei do potencial dele, é muito confiante. Sei que é 50% de chance para cada um, mas aposto minhas fichas no Cody”, opinou o lutador.
Leia a entrevista completa com Ricardo Carcacinha:
Super Lutas: Como você lida com o status de promessa brasileira no MMA? Se sente pronto pra assumir essa responsabilidade?
Ricardo Carcacinha: É perfeito para mim (o status de promessa), eu trabalhei para isso, então eu gosto de lidar com isso, é algo que me motiva. Então, para mim, não tem pressão nenhuma, eu só uso isso para me motivar e treinar ainda mais, para chegar lá na luta, dar o meu show e mostrar que eu realmente sou uma promessa. Em um futuro bem próximo eu vou pegar esse cinturão cinturão para mim.
SL: Você vai lutar em Nova York, no lendário Madison Square Garde e em um card histórico como o do UFC 217. Como surgiu a oportunidade de entrar nesse evento?
RC: Eu tinha pedido para enfrentar o Thominhas Almeida no UFC São Paulo, mas o Sean Shelby (matchmaker do UFC), disse: ‘Calma, espera que nós vamos arranjar uma coisa boa para você’. Depois de uma semana ele entrou em contato e avisou que eu lutaria no UFC Nova York. Eu fiquei feliz demais, foi ótimo. Sou um cara bastante paciente, acredito que as coisas acontecem como tem que acontecer.
SL: Enxerga isso como um reconhecimento do seu trabalho?
RC: Com certeza. Eu vejo como uma oportunidade que eles estão me dando para mostrar meu potencial. Eu estou no card de um evento que vai ser excepcional, me motivou demais. (…)
SL: O seu adversário, o invicto canadense Aiemann Zahabi, também é uma promessa da organização. O que você sabe do jogo dele e qual será sua estratégia?
RC: Eu vi muitos vídeos dele lutando. Nas últimas lutas ele demonstrou mais trocação, mas seu cartel tem três vitórias por nocaute, três por finalização e uma por decisão (em sua estreia no UFC, contra o brasileiro Reginaldo Vieira). Eu o assisti bastante, vi que tem um jogo em pé previsível, uma trocação meio limitada. É claro que só vai dar pra ter uma noção lá na hora da luta, mas ele tem muitas brechas em pé. No chão, é um cara que dificilmente aceita queda, já estudei isso e vi qual é a melhor forma de mantê-lo no chão. Estou preparado para trocar porrada com ele e para botar para baixo, caso precise para garantir os rounds. Mas estou acreditando que vou nocautear no primeiro round.
SL: Onde foi feito seu camp?
RC: O camp foi feito inteiro aqui em Campinas (SP), minha cidade natal, na Black Sheep MMA. Na verdade eu fiquei dois meses na Team Alpha Male MMA, nos Estados Unidos, mas foi um pouco antes de eu receber a confirmação da luta, quando eu cheguei no Brasil que eu descobri que iria lutar. A preparação que eu estava fazendo lá na Alpha Male era treino geral, sem foco nenhum, mas agregou bastante. Quando voltei, vim com um bagagem muito grande de lá, isso me ajudou muito. O meu treinador de wrestling na Team Alpha Male (Alexander Munoz) também vai estar me acompanhando lá (em Nova York), então vai ser muito bom para mim.
SL: Sua intenção é continuar indo treinar na Team Alpha Male MMA ou também já está mirando outras equipes nos Estados Unidos?
RC: Eu tenho planos de voltar à Team Alpha Male após minha luta, pretendo me manter por lá durante um tempo. Mas logo após a luta eu estou pensando em ficar em Nova York alguns dias, conhecer novas academias. Aí sim, depois de um tempo por lá, um ou dois meses, voltar para a Alpha Male, que é um lugar no qual eu gostei muito de treinar, lá é minha cara. O único problema é que lá tem o campeão, o Cody Garbrandt. Ficaria difícil por conta do cinturão, né? É um foco que eu tenho, teria que treinar com o cara… eu não quero causar o mesmo desconforto que está tendo entre ele e o TJ Dillashaw. É apenas uma questão de profissionalismo, não dá para ser campeão treinando na mesma academia que o atual campeão.
SL: Sua estreia no UFC foi nos Estados Unidos, assim como sua próxima luta. Você pretende atuar no Brasil em 2018 ou a intenção é continuar lutando “fora de casa”?
RC: Eu luto em qualquer lutar, mas tenho uma afinidade em atuar fora pelo processo de ter que viajar. Eu já tenho uma afinidade com o público americano, pois desde os meus 19 anos eu luto nos Estados Unidos, porém é um sonho pessoal lutar no Brasil, tanto que pedi para estar no card de São Paulo. Eu sei que na hora certa irei representar o Brasil aqui no Brasil. Será uma honra para mim lutar no meu país.
SL: A categoria dos galos é a que mais possui brasileiros ranqueados atualmente (são seis). Como você avalia o atual momento da divisão?
RC: A 61kg hoje em dia é uma das categorias que mais tem caras duros atualmente, ao lado do peso leve. E está entrando cada vez mais caras bons, como o Raoni Barcelos, (que vai entrar no UFC São Paulo), e isso é ótimo, porque eu não estou lá para competir com os meio-termo, quero ser o campeão da categoria. Eu quero lutar contra os tops, se eu tiver que enfrentar um brasileiro, vou enfrentrar.
SL: Quais são seus objetivos a curto prazo dentro da categoria?
RC: Meu objetivo a curto prazo é lutar contra alguém do topo. Ganhando essa luta – eu vou ganhar, vou nocautear ou finalizar-, vou pedir alguém ranqueado, porque eu quero chegar nas cabeças e disputar o cinturão.
SL: Ultimamente temos visto muitos lutadores que chegam e rapidamente estão enfrentando nomes mais “relevantes” ou melhores ranqueados, muito em virtude das provocações/desafios feitos. Tem algum nome que gostaria de enfrentar na sequência?
RC: Eu pedi o Thomas Almeida no UFC São Paulo, é um cara que eu admiro muito o trabalho dele, é muito bom, um top da categoria. Lutar contra um brasileiro é chato, mas essa categoria é a que mais tem brasileiros no ranking, então fica difícil acabar não enfrentando (um compatriota). E eu gostaria de enfrentar o Thominhas, até pela história que nós temos antes de chegarmos ao UFC. Eu já lutei com o (Allan) Puro Osso, que é da equipe dele, e depois cogitaram de lutar eu contra ele para saber quem é o verdadeiro rei de São Paulo. É algo que sempre desejei, acho que seria uma luta boa, mas eu confio perfeitamente no meu trabalho para ganhar dele.
SL: Qual o seu palpite para a disputa de cinturão dos galos entre Cody Garbrandt e TJ Dillashaw?
RC: O Cody Garbrandt vai nocautear o TJ, não tenho dúvidas. Eu treinei com esse cara e sei do potencial dele, é muito confiante. Sei que é 50% de chance para cada um, mas aposto minhas fichas no Cody.
SL: Tem algum lutador que você se espelha?
RC: Eu me espelho no Conor McGregor. Hoje em dia ele vem trazendo muitos ensinamentos. Eu vejo os trabalhos que ele faz e me inspiro muito, é um cara que veio para quebrar recordes e conseguiu quebrar todos os recordes. Então, para mim, ele é o lutador a ser batido atualmente. Vejo tudo que ele fez no MMA e quero bater os recordes dele, portanto é em quem eu me espelho.
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