Em abril deste ano, após finalizar Wilson Reis no UFC Kansas City, o peso mosca Demetrious Johnson igualou o recorde de Anderson Silva e se tornou o campeão mais dominante da história do Ultimate, com dez defesas de cinturão consecutivas. Apesar dos feitos históricos, a relação de DJ com os patrões não é nada boa. De acordo com o lutador, Dana White, presidente da organização, e Sean Shelby, matchmaker da franquia, têm o pressionado para aceitar lutas que ele não concorda, ameaçando, inclusive, a nunca mais colocar o campeão para lutar em evento com pay-per-view.
“Mick Maynard, matchmaker do UFC nos pesos-moscas e galos, me ligou e ofereceu uma luta contra Ray Borg. Mas disse que Sergio Pettis era um nome mais comercializável, além de vir de uma série de vitórias maior. Mick levou a proposta ao Dana, que negou e disse que eu não tinha escolha: seria Ray Borg. Era determinação de Dana, da empresa e minha única chance de ter PPV nos pesos-moscas. Aceitei, mas não achei justo isso, já que Cody Garbrandt tem dito que quer descer de divisão e lutar pelo título, combate que eu aceitaria. Avisei ao Mick que aceitava enfrentar com Ray Borg, mas queria mais lutas em PPV. Dana e Sean Shelby responderam que me negariam todas as lutas de PPV nos moscas, não me dando outra escolha. Mesmo com tudo isso, decidi aceitar a luta com Ray Borg e engolir a situação injusta e tratamento desprezível de Dana e Sean comigo. Eu queria um motivo para não me darem lutas de PPV no futuro. Sean Shelby me chamou e disse que lutadores menores não vendem e que uma luta contra Cody não seria vendável. Discordei e acho que este seria um combate de apelo popular com um pequeno esforço do marketing da empresa”, desabafou Demetrious, em entrevista ao site ‘MMA Fighting’.
Nas últimas semanas, Johnson desagradou à companhia por recusar um confronto contra TJ Dillashaw, ex-campeão dos galos. Contrariado, o lutador explicou as razões pela qual não aceitou o duelo.
“Quando o Cody machucou as costas, a luta com o Ray Borg caiu e Dana queria que eu lutasse com TJ Dillashaw. Eu discordei por muitas razões: 1) TJ nunca lutou nos moscas e é improvável que ele consiga bater o peso. 2) Eles disseram que uma luta com Cody não seria vendável, então por que um duelo com TJ seria? 3) Dillashaw não é peso-mosca nem campeão de divisão, inclusive, sendo nocauteado por um cara (John Dodson) que venci duas vezes. 4) Ray Borg e eu já tínhamos concordado com a luta, que o UFC exigiu ditatorialmente, enquanto me negava lutas de PPV”, detalhou DJ, que completou.
“Minhas razões deixaram Dana com raiva. Ele disse que eu vou lutar com TJ, mais uma vez sem me dar outra opção, e que se eu insistisse com Ray Borg, ele iria acabar com a divisão dos pesos-moscas do UFC. Afirmou que eu estava tirando uma oportunidade do TJ. Desculpe, mas essa é a minha carreira. Não estou aqui para fazer amigos. No dia seguinte, Dana White disse, através da imprensa, que eu estava louco e que não queria lutar contra o Dillashaw, numa óbvia tentativa de me intimidar na mídia e manchar minha reputação. Não tenho nada contra o TJ, mas acho que ele deve lutar nos moscas uma vez e provar que pode bater o peso”.
Para finalizar, Demetrious criticou a maneira que o UFC propôs o duelo contra Dillashaw. Para Johnson, apenas uma boa garantia financeira o faria enfrentar TJ, ideia prontamente negada pela companhia.
“O UFC queria me obrigar a enfrentar o TJ e eu disse que, se ele não chegasse ao peso exigido para os moscas, que a luta caísse e eu teria garantido o pagamento do Dillashaw. Seria o mais justo. Mas eles disseram que Ray Borg estaria no card para substituir TJ, se houvesse necessidade. Então, pra quem eu treino? Esse é um evento profissional ou um amador, que eu descubro com quem vou lutar só na hora? Óbvio que não existia garantia e eles só queriam me obrigar a fazer algo que não era bom para minha carreira. O fato de Ray Borg ser um “step” mostra a falta de respeito que eles têm com a nossa preparação para uma luta nesse nível. Eles querem que eu lute com o TJ sem garantia alguma. Isso é típico das promessas não cumpridas e do bullying que sofri minha carreira inteira no UFC”, concluiu.