Demian desabafa sobre cinturão: “Não há nada que eu queira mais”

D. Maia quer disputar o cinturão dos meio-médios em 2017. (Foto: Getty Images)

D. Maia quer disputar o cinturão dos meio-médios em 2017. (Foto: Getty Images)

Como de costume, Demian Maia usou toda sua classe e educação para justificar seu atual momento vivido no UFC. Número 3 no ranking dos meio-médios e próximo da fila para disputar o cinturão, de acordo com o próprio Dana White, presidente da organização, o brasileiro vem sendo acusado de estar negando adversários antes da disputa de título.

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Através de um longo texto postado em uma rede social, Demian, que não sobe no octógono desde agosto de 2016, quando finalizou Carlos Condit em menos de três minutos, se justificou alegando que, em virtude de estarmos a poucas semanas da revanche entre Tyron Woodley e Stephen Thompson, prefere esperar pelo duelo, pois acredita que será confirmado como o próximo desafiante ao título.

“Se a próxima luta pelo título fosse em meses, eu poderia entender qualquer urgência ou um cenário em que as pessoas sentem que outros caras têm que ter a chance de reivindicar seu lugar como o próximo desafiante imediato. Mas a luta pelo título acontecerá praticamente dentro de um mês, então para mim parece natural esperar e finalmente ter a minha chance de disputar o cinturão, especialmente porque é isso que realmente me importa”, declarou Demian.

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Confira o desabafo do lutador, traduzido na íntegra:

“Tenho lido muitas coisas na internet nesses últimos tempos, muita especulação, e eu tenho sido abordado por muitos membros da imprensa pedindo solicitação da entrevista por conta disso, então decidi vir aqui expressar a minha opinião diretamente. Dessa forma, todo mundo vai ouvir de mim e saber o que tem acontecido.

Quando o Dana White disse, na coletiva de imprensa após o UFC Nova York, depois que o Wonderboy e o Woodley lutaram por um empate pelo título meio-médio, que eu teria a próxima chance ao título se eu quisesse esperar ou que eu poderia enfrentar outra pessoa, o que eu entendi é que eu conquistei a minha chance ao título e que isso iria acontecer cedo ou tarde. A escolha de continuar ativo ou não era minha.

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Eu tenho o maior respeito pelo Dana. Confio nele e vi como o Woodley poderia ter esperado por mais de um ano para ter sua chance ao título, a mesma que acabou por coroá-lo como campeão. Então, por que eu iria acreditar que seria totalmente diferente comigo?

Esse ano completo 10 anos no UFC e estou muito orgulhoso disso. Sou o lutador brasileiro com mais vitórias dentro do octógono na história, o que também me deixa com muito orgulho. É uma honra representar a arte marcial que se transformou na minha própria vida: o jiu-jítsu brasileiro. Durante todo esse tempo no UFC, o meu sonho e objetivo sempre foi me tornar campeão.

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Todo mundo sabe que dinheiro é necessário e importante, mas essa nunca foi a razão para eu sair da cama para treinar toda manhã. Competir, me testar, ser testado no meu melhor, representar o que eu amo e tentar o meu melhor para me tornar campeão do UFC é o que me faz continuar. Por conta disso, não há nenhuma outra luta que tenha mais apelo para mim do que uma luta pelo título nesse momento. Nem mesmo uma “luta do dinheiro”, que é o que parece ser a sensação do momento.

Desde que desci para o peso-meio-médio, tenho trabalhado duro para subir nos rankings, e isso tem sido duro. Tive vitórias que não me moveram uma posição sequer para cima. Lutei contra caras acima e abaixo de mim no ranking, caras com sequências de vitórias, e de 11 lutas no meio-médio, com a maioria sendo contra caras no Top 15 ou Top 10, venci nove por finalização ou dominando totalmente meu adversário. Minhas únicas duas derrotas foram contra caras com recordes impressionantes e por decisão dividida ou uma luta que me daria o bônus de “Luta da Noite”. Atualmente, tenho uma sequência de seis vitórias, a maior sequência de vitórias da divisão. A minha última vitória foi no primeiro round contra um ex-campeão, que tinha acabado de disputar o cinturão em sua última luta e saiu de lá com muitos o apontando como o vencedor.

Depois dessa jornada nos meio-médios, era natural para mim considerar as palavras do Dana justificáveis, e o feedback que eu tive dos fãs em qualquer lugar que eu ía me mostrava que conquistei minha chance ao título, não importa o que aconteça.

Durante o curso da minha jornada pela divisão, tenho visto outros lutadores receberem a chance ao título com recordes de uma a três vitórias seguidas. Vi até mesmo pessoas receberem a chance ao título vindo de derrota. As únicas excessões foram o Hendricks, em sua primeira disputa de título, e o Wonderboy, e eu sempre disse publicamente que entendia que eles eram os desafiantes legítimos.

Nesse tempo, aceitei lutas como a contra o Condit, e como um esportista, eu entendi e concordei com as escolhas e com as decisões. Mesmo que estivesse naturalmente frustrado, entendi que um empate entre Wonderboy e Woodley garantiria uma revanche, mesmo que eu tenha tido uma opinião diferente daquela luta. Porém, faltando quatro semanas para a luta entre eles, por que eu não posso ter a minha chance ao título depois que eles lutarem? Se outros tiveram suas oportunidades com menos vitórias seguidas ou mesmo em lutas apertadas?

Se a próxima luta pelo título fosse em meses, eu poderia entender qualquer urgência ou um cenário em que as pessoas sentem que outros caras têm que ter a chance de reivindicar seu lugar como o próximo desafiante imediato. Mas a luta pelo título acontecerá praticamente dentro de um mês, então para mim parece natural esperar e finalmente ter a minha chance de disputar o cinturão, especialmente porque é isso que realmente me importa.

Já vi muitas pessoas justificarem minha falta de chances ao título até agora porque eu não sou tão popular como outros caras, ou porque não sou tão ultrajante ou, ainda, por causa do meu estilo de luta. Às vezes, a percepção é muito subjetiva e quando você vê os números de pay-per-view para muitos cards liderados por campeões do peso-meio-médio ao longo dos anos, é difícil de acreditar que a minha chance ao título seria muito pior do que muitas dessas lutas que já foram marcadas. Além disso, quando olhamos para os números das redes sociais de muitos desafiantes da divisão e para os meus, você não vê muita diferença para justificar essa verdade. Sem falar que a maior estrela da divisão meio-médio que o UFC teve nos últimos  anos estava longe de ser ultrajante, e nem era um exímio trocador.

Eu respeito o Masvidal, o Lawler e cada lutador do MMA que entra dentro do octógono ou de um ringue. Não é algo fácil e traz muito mais pressão do que a maioria das pessoas imagina. Quem vive disso e chega a esse nível merece muito respeito. Eu tenho lutado há muitos anos no topo da divisão dos médios e meio-médios, incluindo talvez o melhor de todos os tempos no seu ápice, e nunca tive nenhum problema enfrentando ninguém no tempo certo. Eu enfrentaria qualquer um no meio-médio pelo cinturão nesse momento, seja ele o interino ou o linear, e quando me ofereceram a luta contra o Masvidal, nós explicamos nossas razões por estarmos frustrados e por queremos esperar pela chance ao título. Como o card proposto poderia nos impactar financeiramente, digamos que nós poderíamos ter discutido e chegado a uma decisão. Nós ainda nem tínhamos dito “não” quando as notícias começaram a se espalhar dizendo que tínhamos negado a luta. Que seja, pois de qualquer forma não era o que tínhamos em mente.

As razões que nos levaram a pensar e a explicar as nossas frustrações são óbvias, eu acho, e eu já falei de várias das mencionadas acima. Venho fazendo isso há muito tempo e o meu sonho continua o mesmo. Não há nada que eu queira mais agora do que lutar por aquele cinturão. Como a revanche vai acontecer em algumas semanas, eu espero que eu não tinha entendido errado e que esteja a algumas semanas de ter a minha chance.

Tudo o que eu quero é uma oportunidade que outros já tiveram, muitas vezes fazendo muito menos para receber essa chance. Afinal de contas, isso é um esporte e, mesmo que seja entretenimento, não há razões para que não seja tratado como esporte e ainda entretenha as pessoas.

O que quer que aconteça em seguida, eu confio no Dana e no UFC, um lugar que eu tenho chamado de casa pelos últimos 10 anos, e vou continuar no meu caminho para ser o melhor que posso ser. Na vida você não pode ter certeza de quando você vai conquistar, então você precisa valorizar sua jornada. A minha jornada continua, e nós estamos aprendendo algo novo todos os dias”.

Publicado por
Laerte Viana
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