Dos tatames de judô para o octógono mais famoso do mundo, Ronda Rousey deixou um rastro de vitórias, sucesso e fama por onde passou. Até que em uma noite de novembro de 2015, ela foi nocauteada violentamente por Holly Holm e se recolheu dos holofotes. Nesta sexta-feira (30), a ex-campeã volta ao UFC para engrandecer a edição 207 do maior evento de lutas do mundo e enfrenta a atual dona do cinturão, Amanda Nunes na luta principal.
Medalhista de bronze olímpica, campeã do Strikeforce e do UFC, lutadora do ano por vários anos seguidos, atriz de Hollywood…as conquistas de Ronda são extensas. Mas talvez seu maior momento foi mudar o MMA para sempre. Foi ela quem convenceu um antes cético Dana White a colocar mulheres dentro do UFC. O resto é história.
O SUPER LUTAS preparou um especial sobre a carreira da ex-campeã, que tenta voltar ao topo 13 meses após perder sua invencibilidade. Veja os cinco grandes momentos da vida e da carreira de Ronda Rousey:
Filha da primeira norte-americana campeã mundial de judô, Ronda entrou no tatame pela primeira vez aos 11 anos – já sem o pai e herói, que se suicidou quando ela tinha 8 anos após ser diagnosticado com uma doença debilitante. Aos 17, já participava de sua primeira Olimpíada, em Atenas, mas venceu apenas uma luta antes de ser eliminada. A consagração veio somente em Pequim: Rowdy se tornou a primeira norte-americana a medalhar em Jogos Olímpicos no judô, levando o bronze. Depois da glória, porém, ela se afundou em problemas financeiros, desenvolvendo vício em álcool e medicamentos, e até dormindo no carro.
(Vídeo promocional do Strikeforce mostra investimento feito em Tate e Rousey)
Certo dia, enquanto trabalhava num bar de Los Angeles, Ronda viu uma luta de MMA pela TV e, segundo sua autobiografia “Minha Luta, Sua Luta”, decidiu tentar a nova modalidade. Em 2010, antes de sua primeira luta amadora, foi apresentada a Edmond Tarvedryan pelo ex-lutador Manny Gamburyan, famoso por ser vice-campeão do The Ultimate fighter 5. A primeira conquista de Rousey no MMA foi o apoio de Tarvedryan, hesitante em treinar uma mulher. Convencer homens de que mulheres pertencem ao esporte se tornaria a grande marca da norte-americana.
Após duas vitórias em menos de um minuto, Ronda assinou com o Strikeforce e, após mais dois triunfos (como peso pena), veio o primeiro confronto com a arquirrival Miesha Tate. O evento fez um estardalhaço com a luta e a personalidade implacável de Rousey brilhou quando ela manteve sua invencibilidade e conquistou o cinturão peso galo do show com uma excelente performance. Mais uma finalização no primeiro round sobre a experiente Tate. E então o telefone tocou…
Do outro lado da linha, era Dana White. O mesmo que em 2011 havia dito que mulheres nunca lutariam no UFC, ligava para lhe oferecer o título de campeã do mundo do Ultimate. Ronda havia convencido-o a engolir suas palavras. E, com isso, revolucionou o esporte. O UFC 157 foi o primeiro evento liderado por mulheres. Rousey venceu Liz Carmouche por chave de braço, mas passou sufoco o suficiente para a luta ser considerada um sucesso.
“A diferença entre homens e mulheres é que havia uma história atrás das lutas. Os duelos entre mulheres eram excitantes, mas ninguém ligava porque não havia rivalidade, e não havia personalidade. Eu tinha que fazer com que minha luta com outra atleta fosse pessoal e colocasse pessoas em frente à TV”, explicou Ronda em entrevista à revista britânica “Sport”.
No UFC, a rivalidade com Miesha continuou. As duas treinaram o The Ultimate Fighter 18 e se tornaram inimigas declaradas. A imagem de Ronda saiu um pouco arranhada, mas no fim ela riu por último: nova finalização sobre a rival.
(Cena de ação de Ronda no filme Velozes e Furiosos 7)
Com uma plataforma maior para mostrar seus talentos dentro e fora do octógono, logo veio a chamada para Hollywood. O primeiro filme de Ronda foi uma participação no filme de ação “Os Mercenários 3”, ao lado de lendas como Dolph Lundgren, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Logo, vieram outros convites. Enquanto equilibrava defesas de cinturão contra Sara McMann (outra medalhista olímpica, no wrestling), Alexis Davis, Cat Zingano e Bethe Correia, a campeã conseguiu papéis em outros filmes, como Velozes e Furiosos 7 e a adaptação para o cinema da série Entourage.
Isso sem contar nas participações em tradicionais talk shows da TV americana, capas de revistas e aparições em tapetes vermelhos mundo afora.
Após a vitória fulminante sobre Bethe Correia no Brasil, Ronda foi escalada para enfrentar Holly Holm. A luta aconteceria somente no UFC 195, em janeiro de 2016. Mas uma lesão de Robbie Lawler, que defenderia seu título meio-médio no UFC 193, fez com que o Ultimate pedisse para ela lutar na Austrália, dois meses antes do previsto. Com a mentalidade de “qualquer hora, qualquer lugar”, Rousey aceitou o desafio. E veio a derrota.
Tida como invencível no cenário do peso galo, Ronda foi surpreendia pela frieza de Holm, que soube lidar com o caos que a então campeã sabe impor como ninguém dentro do octógono. Mantendo a luta na longa distância, a ex-campeã de boxe machucou Rousey em vários momentos no primeiro round, até que a nocauteou com um chute alto brutal no segundo assalto.
Após o revés, Ronda Rousey sumiu. As entrevistas foram dispersas, com respostas preocupantes. A norte-americana admitiu ter pensado em suicídio depois da perda da invincibilidade. A carreira em Hollywood também foi estacionada – depois de perder para Holm, Ronda apareceu apenas em um episódio do seriado “Drunk History”.
Depois de alguns alarmes falsos, seu retorno foi finalmente anunciado para o UFC 207. Nesta sexta-feira (30), Ronda diz que é hora da redenção. Será?