Superação é a palavra que melhor define Matt Hamill. O norte-americano, de 35 anos, que fará a luta principal do UFC 130, nasceu surdo e tem dificuldades na fala, mas os problemas não impediram o atleta de estudar, cursar uma boa universidade, namorar uma bela garota e se tornar um astro do UFC (Ultimate Fighting Championship). Há menos de uma semana para o confronto diante de Quinton “Rampage” Jackson, Matt Hamill concedeu uma entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, na qual afirma que em nenhum momento se deixou deficiência vencê-lo.
“Nunca me revoltei, não considero que seja uma emoção positiva. As coisas não foram fáceis, mas todas as minhas experiências fizeram de mim o homem que eu sou hoje”, disse Hamill, que, apesar do pensamento, revelou ter sofrido bullying em sua infância até encontrar o esporte.
“Eu não tinha muita confiança quando era criança. Eu usava um daqueles aparelhos auditivos, que parecem uma caixa em volta do meu pescoço, quase como um colar. As crianças pegavam muito no meu pé por causa disso”, disse Hamill. “Foi somente quando encontrei wrestling que eu comecei a confiar em mim, pois percebi que ninguém liga para sua aparência no mat (local onde se disputam as competições de wrestling). Se você pode lutar bem, as dificuldades e sua aparência não importam”, disse o lutador.
Confira abaixo a entrevista completa com Matt Hamill, que falou, além dos problemas na infância, de seu inicio no esporte, do sonho de lutar no UFC e da sensação de ter um filme com sua história de vida.
SUPER LUTAS: Com quantos anos você iniciou no esporte?
Hamill: Eu comecei no wrestling em torno de três anos, mas não sei exatamente. Eu lutava na Loveland High School quando meu padrasto, que também passou a ser um treinador, me apresentou ao esporte como lição de vida.
SUPER LUTAS: Quem são as pessoas que o incentivaram a iniciar no esporte?
Hamill: Eu tinha uma família muito próxima na minha educação em Ohio. Grande parte da minha vontade de vencer é a influência do meu avô e de meu padrasto. Minha mãe se divorciou do meu pai biológico quando eu era uma criança e se casou novamente com meu padrasto, que sempre chamo de “Técnico”. Eu tinha um ótimo relacionamento com meu pai, mas meu padrasto era meu “Técnico”. Ele me levou para a escola de wrestling e usou o esporte para manter minha mente ocupada. Meu avô, por sua vez, me deu muita autoconfiança, me fez sonhar para realizar o que eu queria ser.
SUPER LUTAS: Qual a importância do esporte na sua vida?
Hamill: Antes de descobrir o MMA e fazer minha vida profissional, eu lutava wrestling pela Rochester Institute of Technology (Universidade RIT) em Nova York. Fui três vezes campeão da NCAA (principal divisão de wrestling nos Estados Unidos). O wrestling e o MMA significam o mundo para mim, porque me permitiram ser alguém igual aos outros. Eu não sou julgado na luta, durante um combate ninguém se importa se você pode ouvir ou não.
SUPER LUTAS: Em algum momento de sua vida você se revoltou com seu problema de surdez?
Hamill: Nunca me revoltei, não considero que seja uma emoção positiva. As coisas não foram fáceis, mas todas as minhas experiências fizeram de mim o homem que eu sou hoje.
SUPER LUTAS: Como foi sua infância?
Hamill: Eu não tinha muita confiança quando era criança. Eu usava um daqueles aparelhos auditivos que parecem uma caixa em volta do meu pescoço, quase como um colar. As crianças pegavam muito no meu pé por causa disso. Foi somente quando eu encontrei wrestling que comecei a confiar em mim, pois percebi que ninguém liga para sua aparência no mat (local onde se disputam as competições de wrestling). Se você pode lutar bem, as dificuldades e sua aparência não importam.
SUPER LUTAS: Como é ter um filme feito com sua historia de vida?
Hamill: Foi uma grande honra e eu ainda não consigo acreditar que realmente aconteceu. Os caras por trás do filme fizeram um trabalho realmente muito bom, eu não poderia ficar mais feliz com o produto acabado. Eu só espero que este filme leve a minha história para mais pessoas e seja inspiração para muitas outras pessoas surdas pelo mundo.
SUPER LUTAS: Você acredita que pode ser um herói para outros surdos do mundo?
Hamill: Eu não posso dizer ao certo, mas será ótimo se eu tiver inspirado pelo menos uma pessoa surda. Eu nunca deixei minha incapacidade de ouvir impedir meu sonho de lutar no UFC, e se isso puder inspirar as pessoas, será ótimo.
SUPER LUTAS: Você enfrenta o Rampage Jackson no UFC 130. O que espera da luta?
Hamill: Eu espero ganhar bem. Sabemos que Rampage é um grande lutador, mas também sabemos que ele é unidimensional. Temos preparado um plano de jogo perfeito para vencer a luta. Agora, meu trabalho é ir lá, executar esta estratégia na noite de sábado e ganhar. Penso que o vencedor desta luta será o cara que se sente confortável em mais de uma área de luta, e acredito que serei eu.
SUPER LUTAS: Deixe um recado final para os fãs brasileiros.
Hamill: Eu só quero agradecer a todos pelo apoio e espero que todos gostem da luta deste sábado. Como sempre, vou fazer o meu melhor para proporcionar um show para todos vocês. Eu também espero que os fãs brasileiros estejam animados para UFC 134, em agosto, no Brasil. Será uma noite de lutas incríveis.