O preparador físico Stefane Dias completou, neste mês, dois anos a frente da American Top Team. Responsável pelo condicionamento de atletas como Hector Lombard, Gleison Tibau, Thiago Pitbull e Thiago Silva bateu um papo com o SUPER LUTAS e contou é seu trabalho na equipe.
Nestes dois anos de trabalho como você pegou a equipe na parte de preparação como ela está hoje?
Quando eu comecei meu trabalho apenas alguns atletas faziam preparação física na ATT. Nós temos três níveis de lutadores na American Top Team e apenas os atletas de ponta tinham preparação. Então eu comecei criando trabalhos em grupo, onde os lutadores de nível B e C também faziam o treinamento e mantive o trabalho nos lutadores de ponta.
Neste período você preparou os atletas para quantas lutas? E quantas vitórias você obteve neste período?
Dos atletas específicos que eu fiz a preparação foram 145 lutas e tivemos 105 vitórias, 30 derrotas e as outras foram lutas canceladas ou sem resultado.
Dos atletas de ponta que você faz a preparação, qual podemos destacar?
São vários, mas posso destacar o Gleison Tibau, o Hector Lombard (campeão do Bellator), que vencemos 10 lutas com ele, o Thiago “Pitbull” Alves e o Thiago Silva.
E como está o trabalho de revelação de novos atletas da ATT? A última grande promessa revelada pela equipe, se não estiver enganado, foi o Todd Duffee, que acabou deixando o time.
Duffee foi criado aqui na ATT e todas as lutas enquanto ele se manteve invicto ele ficou na academia. Inclusive, eu e o Katel (Kubis), que fizemos o treinamento de velocidade para o nocaute mais rápido da historia do UFC. Mas depois disso ele saiu da American Top Team e na semana passada ele veio até aqui e pediu pra voltar.
Quando o Duffee deixou a ATT, foi dito que ele tinha uma proposta de emprego em outro estado, como foi isso?
Na verdade, todo mundo cresceu o olho em cima dele, um atleta jovem, invicto e que na primeira luta bate o recorde de nocaute mais rápido do UFC… Ele acabou perdendo a cabeça e deu no que deu.
E as revelações?
Neste projeto que estamos fazendo, o objetivo é ter dois atletas de ponta em cada categoria e temos lutadores muito bons, que em breve serão notícias em todo o mundo.
Você trabalha na preparação com atletas do mundo todo, existe alguma diferença em trabalhar com um atleta brasileiro, um atleta norte-americano ou com um europeu?
Trabalhar com lutador americano ou que vem do wrestling é mais fácil, porque ele já está acostumado a perder de 8 a 10 quilos em dois ou três dias e recupera esse peso antes da luta. Quando o lutador não tem essa bagagem, como os lutadores brasileiros, nós fazemos o trabalho para que ele não perca mais de sete quilos em uma semana. Todo este peso é recuperado com creatina, proteína, glutamina, carboidrato e as vezes tenho que utilizar até de soro intravenoso.
Recentemente, numa reportagem feita aqui no Brasil, o médico da Associação Brasileira de Luta Olímpica, disse que se o lutador receber soro intravenoso ele corre risco de vida. Como você analisa esta opinião.
O risco de vida acontece, de acordo com o Colegio de Medicina Esportiva, apenas se o atleta perder mais de 10% do seu peso em forma de água. Mas o que nós fazemos é adequar o peso do lutador e o corte de peso é feito com antecedência com trabalho aeróbico, ingestão de carboidrato praticamente nula e aplicação de vitaminas para o atleta não adoeça. Com isso, o atleta chega no dia da pesagem com percentual de gordura entre 3 e 4%.
E como é feita a aplicação do soro?
Se o atleta perdeu até sete quilos, um litro de soro com os líquidos recuperativos é suficiente, se ele perdeu até nove quilos, um litro e soro num dia e meio-litro no outro. Já se o lutador tiver perdido mais de 10 quilos, ele toma um litro de soro num dia e outro litro na manhã seguinte.
Risco de vida então o lutador não corre?
Corre se não for feita de forma adequada. Nós não deixamos perder todo o peso na desidratação. Temos casos de lutadores perderem até 15 quilos em uma semana, mas na desidratação apenas 6 quilos.
Uma dúvida que todas as pessoas leigas têm é de como é feita essa recuperação de peso?
Nós damos preferência sempre para carboidrato. Temos que usar uma mistura do carboidrato simples com o complexo. O simples fará com que o atleta se recupere rápido e o complexo fará a absorção mais lenta, que ajuda no glicogênio muscular. Ai entramos com macarrão mesmo e depois pizza com muito molho vermelho e pouco queijo. Depois entram pão, frutas e alimentação de duas em duas horas. Devemos lembrar que todo esse processo de perda e recuperação de peso deve ser feito com a ajuda de médicos responsáveis e nutricionistas em conjunto com os professores de educação física, pois caso contrário os atletas podem perder performance e até sofrer risco de vida…
Você ministra alguns seminários pelo mundo. Conte como é esta experiência
Antes de entrar na American Top Tem eu dei aulas por dois anos na Universidade Católica do Paraná, depois no programa de pós-graduação no Instituto Aleixo. Essa foi uma área que sempre me interessou e eu agora estou criando cursos aqui na América. Dei um curso no Canadá, um grupo na Rússia e tem um pessoal que vem até a academia para o estudo. É um trabalho que mistura preparação física com MMA.
E temos este curso no Brasil?
No final de 2011 vou participar de um congresso no Brasil. Na jornada paranaense de preparação física.
Vamos chegando ao final da entrevista, deixo o espaço aberto para suas considerações finais
Foi um prazer participar da entrevista, quem quiser saber mais novidades aqui da ATT é só acessar meu Blog no SUPER LUTAS. Gostaria de agradecer ao Mestre Ricardo Libório que me deu este emprego que gosto muito e a American Top Team já faz parte da minha família, ao Mestre Conan que é um grande parceiro de batalha. Sempre que fazemos corner juntos, nós temos mais de 90% de aproveitamento. Tenho que agradecer também aos os 12 técnicos aqui da ATT, em especial para o Katal Kubbis e o Fefê. Além de todos que gostam do meu trabalho
Devemos lembrar que todo esse processo de perda e recuperação de peso deve ser feito com a ajuda de médicos responsáveis e nutricionistas em conjunto com os professores de educação física, pois caso contrário os atletas podem perder performance e até sofrer risco de vida…
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Comentários
Uma resposta para “Entrevista com Stefane Dias”
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Bela entrevista!