O combate que mudou a projeção do MMA no Brasil completa meia década de sua existência. Na noite de 5 de fevereiro de 2011, em Las Vegas (EUA), Anderson Silva aplicava um chute certeiro no rosto de Vitor Belfort, obtendo uma das vitórias mais espetaculares de sua carreira e que fazia com que os combates de artes marciais mistas passassem a ser apreciados pelas grandes massas no país.
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Não foi à toa que o duelo, atração principal do UFC 126, ganhou tanto destaque em solo brasileiro. Isso porque seria um combate entre duas figuras de destaque: Anderson, campeão dominante do peso desde 2006, passava por um excelente momento, incluindo vitórias de gala sobre Chael Sonnen e Forrest Griffin.
Mas era Belfort o grande personagem para o público médio. Isso porque o “Fenômeno” tinha grande fama não só por sua trajetória nas lutas, mas também por participações em programas como o reality show Casa dos Artistas, em 2002. No MMA seu momento também era bom: ele havia feito uma luta em seu retorno ao UFC, ainda em 2009, e venceu o ex-campeão Rich Franklin por nocaute técnico, ainda no primeiro round.
Assim, o duelo 100% tupiniquim colocaria frente a frente dois nomes de destaque, cujos estilos de luta, agressivos e nocauteadores, indicavam que o combate em Las Vegas tinha tudo para entrar para a história.
Originalmente, a luta aconteceria no UFC 112, em abril de 2010, em Abu Dhabi. No entanto, Belfort acabou se lesionando e foi substituído por Demian Maia, em combate que acabou sendo um dos pontos baixos da bem sucedida carreira do “Spider”.
Semana quente em Las Vegas
Nos dias que antecederam ao combate, o clima era tenso em Las Vegas, O evento contava com a presença de grandes veículos de comunicação brasileiros, algo que não era visto com frequência até então. A situação entre Belfort e Anderson era respeitosa, mas havia a sensação de que uma simples fagulha seria suficiente para explodir a rivalidade.
Anderson se continha nas palavras, mas dizia nas entrelinhas que reprovava a atitude de Belfort em querer enfrentá-lo. Isso porque, anos antes, o próprio Anderson acolheu Belfort para treinos, e um suposto combate entre eles quebraria o código de conduta seguido pelo então campeão.
O clima esquentou de vez somente na pesagem. Anderson subiu ao palco com uma máscara, fazendo alusão ao apelido de “mascarado” que Belfort lhe havia atribuído. Os dois fizeram uma das encaradas mais marcantes da história das pesagens, o que aumentou ainda mais as expectativas para o dia seguinte.
Rápido e certeiro
O octógono em Las Vegas colocava frente a frente dois dos trocadores mais perigosos da categoria. Naturalmente, então, o que se esperava era um combate explosivo, repleto de tensão.
Não foi o que aconteceu em um primeiro momento. Nos minutos iniciais, Belfort e Anderson não soltaram um golpe sequer, sendo que ambos dedicaram o momento para fazer estudo da movimentação um do outro.
O desafiante, então, explodiu em direção ao campeão, mas sem conseguir conectar nenhum golpe. Quando a luta parecia que ia engrenar, veio o lance derradeiro: com pouco mais de três minutos de ação, Anderson soltou o famoso chute frontal, que atingiu o queixo de Belfort e o fez desabar.
“Spider” ainda partiu para cima para liquidar a fatura, mas não era mais necessário: ele já havia obtido o nocaute em uma de suas vitórias mais marcantes da carreira. Belfort, em contrapartida, perdia pela primeira vez por nocaute na trocação, já que todas suas derrotas haviam sido na decisão ou por nocaute técnico no solo.
A repercussão
As expectativas para o duelo eram altas, e a definição com um lance espetacular fez jus ao desejo do público. Obviamente, Anderson enfrentou boas consequências com uma vitória tão espetacular. Ele mesmo passou a ter status de celebridade no país, inclusive encabeçando o primeiro evento do UFC no Brasil em mais de uma década, ainda em 2011.
Porém, em 2013, “Spider” entrou em uma fase complicada. Ele perdeu duas vezes para Chris Weidman, incluindo um combate no qual sofreu uma grave lesão na perna, e, já em 2015, foi flagrado em um exame antidoping em uma luta contra Nick Diaz.
Belfort também viveu momentos de altos e baixos. O “Fenômeno” emplacou boas vitórias, inclusive sobre nomes como Luke Rockhold, Michael Bisping e Dan Henderson (duas vezes). Porém, o brasileiro também se viu envolvido em polêmicas com doping, TRT, além de derrotas nas outras tentativas que teve para conquistar cinturões, contra Jon Jones e o mesmo Weidman.
Em 2016, o UFC cogitou fazer uma nova edição da “Luta do Século”, mas isso acabou não acontecendo. Anderson e Vitor seguiram caminhos distintos, como “Spider” enfrentando Michael Bisping em fevereiro e o “Fenômeno” encarando Ronaldo Jacaré em maio. Quem sabe, Anderson e Belfort ainda podem se enfrentar no octógono no futuro. No entanto, mesmo que a rivalidade entre os dois tenha durado exatos 3min25s no octógono, ela já entrou para a história ao fazer com que o MMA caísse de vez no gosto dos brasileiros.
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