Cinco fatores técnicos que fizeram Holm arrasar Ronda

Dominada por completo, Ronda acabou nocauteada por Holm. Foto: Divulgação/UFC

Dominada por completo, Ronda acabou nocauteada por Holm. Foto: Divulgação/UFC

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A luta entre Ronda Rousey e Holly Holm apresentou uma das grandes surpresas do MMA nos últimos tempos. Não só pelo resultado em si, já que um favorito sendo derrotado não é exatamente raro de se ver no esporte, mas também pela forma como o combate se desenrolou.

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Considerada zebra nas casas de aposta, Holm teve atuação impecável diante de Rousey, expondo todas as falhas técnicas da então campeã para dominar as ações por praticamente o tempo inteiro. A “cereja do bolo” veio com o belíssimo nocaute aplicado no segundo round, com um chute certeiro na cabeça de Ronda que fez mudar de mãos o cinturão da categoria.

Entretanto, a vitória de Holm pode ter sido surpreendente, mas foi longe de ser fruto do acaso ou de um golpe de sorte. A desafiante soube mostrar em vários aspectos sua superioridade técnica, minando e frustrando Rousey como nunca havia sido visto antes.

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Por isso, o SUPER LUTAS explica cinco motivos que fizeram Holm surpreender o mundo e destronar Ronda de maneira chocante. Confira:

1: Movimentação

Durante o combate, Ronda se limitava a caminhar para frente. Foto: Divulgação

Judoca de ofício, Ronda tinha como estratégia mais óbvia encurtar a distância para a ex-campeã mundial de boxe Holly Holm e levá-la ao solo. Porém, não se trata somente de agarrar a oponente de qualquer maneira: é preciso adotar um método eficiente de se fazer isso, evitando qualquer risco desnecessário.

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Neste ponto, Ronda perdeu “de lavada” para Holm. A desafiante, dona de um footwork acima da média para o MMA, soube anular as armas da então campeã somente com sua movimentação lateral. Holm evitava ser encurralada ao se mover incessantemente para as laterais, e, quando obtinha uma distância mais segura, retomava sua base e disparava poderosos golpes de encontro. Ronda, por sua vez, perigosamente limitava-se a andar para frente, abrindo diversas possibilidades de ataques por parte de Holm. Assim, Rousey não só falhava em criar chances para agarrar a oponente como também levava golpes e golpes neste processo.

2: Defendendo com o rosto

Guarda vazada de Ronda foi prato cheio para Holm. Foto: Divulgação

Talvez a grande falha já sabida do jogo de Ronda era a parte defensiva na trocação com sua guarda vazada. Mesmo em lutas em que vencia sem sustos, a ex-campeã recebia mais golpes do que o necessário. Porém, isso nunca foi um problema, já que as demais oponentes de Rousey raramente se movimentavam depois dos golpes: elas se mantinham estáticas, servindo de alvo fixo para o clinche e quedas da norte-americana.

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Holm explorou com eficiência essa brecha, já que golpeava com o comprometimento e precisão típicos de um pugilista profissional e se movia para evitar o revide de Ronda. A judoca também parecia não considerar a maior envergadura da oponente, então, no fim das contas, acabou “engolindo” golpes limpos e duros como nunca havia feito antes.

Outro ponto em que se percebeu a discrepância entre as lutadoras são as esquivas. Enquanto que Ronda mantinha-se com a cabeça estática, servindo de alvo fixo para Holm, a desafiante esbanjava reflexo apurado, de modo que dificilmente era acertada. Isso inclusive causou um momento constrangedor para a antiga campeã, que deu um golpe que passou no vazio e caiu de joelhos no octógono. Ou seja, Holm escapou do raio de ação de Ronda com uma aula de movimentação de pernas e de cabeça.

3: Trabalho de clinche

Ronda não obteve o sucesso que esperava quando a luta ficou no clinche. Foto: Divulgação

Apesar da desvantagem técnica na trocação, Ronda conseguiu por algumas vezes ao longo da luta, “na raça”, clinchar Holly Holm. Contudo, o resultado disso não foi como ela esperava. Na primeira vez, Holm se manteve calma e foi precisa ao pesar seu quadril para trás, impedindo que Rousey fizesse o movimento de queda. Já no fim do primeiro round, a desafiante repetiu o movimento, mas soube acrescentar joelhadas no corpo da oponente.

Em outro lance de clinche também no primeiro round, Holm mostrou força física ao segurar Ronda pela cintura e colocar a campeã de costas ao chão. Neste lance, o efeito é tão técnico quanto psicológico: levar a melhor na área de atuação do oponente pode “quebrar” o ímpeto do rival. O companheiro de treinos de Holly Holm, Jon Jones, é mestre nisso.

4: Desperdiçando oportunidades

Quando a luta foi ao solo, Ronda não ameaçou Holm. Foto: Divulgação

Ao longo do primeiro round, Ronda já havia levado golpes duros e estava ciente de que a luta contra Holm era, de fato, mais dura do que estava acostumada. A grande chance apareceu em meados do primeiro round, quando a campeã levou a desafiante ao solo e chegou imediatamente às costas.

Naquele momento, talvez já sabendo que se tratava de sua chance de ouro, Rousey se deixou levar pela afobação. Antes mesmo de colocar os ganchos e trabalhar a posição, ela tentou partir para o braço, em uma tentativa de armlock para lá de arrojada. De forma não surpreendente, Holm se livrou sem dificuldades. Mais uma vez a “gangorra psicológica” se mexeu, deixando a desafiante com ainda mais confiança e a campeã abatida.

5: Falta de disciplina

Ronda (foto) é atendida no octógono logo após nocaute no UFC 193. Foto: Quinn Rooney/UFC

Experiente e habituada a lutas de grande porte, Holm teve atuação impecável, seguindo à risca à estratégia traçada pelos brilhantes Greg Jackson e Mike Winkeljohn. Nem mesmo o fato de estar minando Ronda fez a desafiante perder o foco e se tornar displicente: inclusive, quando Holm quedou a oponente, ela evitou cair na tentação de ficar em sua guarda, já que correria riscos desnecessários.

Ronda Rousey fez o oposto. Passando pelo primeiro revés real de sua carreira, a lutadora não conseguiu manter a calma e pensar em um plano B. Em vez disso, ela insistia na mesma estratégia ineficaz, mas de maneira ainda mais afobada. Isso foi visível já no fim do primeiro round, quando a campeã caminhava para frente de forma desajeitada e desperdiçava golpes ao vento. Seu treinador, Edmond Tarverdyan, também pareceu ter sofrido “pane mental”, já que disse, no intervalo, que sua lutadora havia feito um bom trabalho em um round em que claramente havia perdido.

Tal afobação foi determinante no lance que definiu a luta. Desequilibrada por colocar mais força que o necessário em um golpe, Ronda caiu e preocupou-se em levantar rapidamente, de qualquer maneira, quando talvez o mais indicado seria ficar de costas ao chão e aguardar pelo melhor momento para se reerguer. Ali abriu-se a brecha para o chute derradeiro, que fez cair tanto a lutadora quanto o queixo de milhares de espectadores mundo afora.

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Publicado por
Bruno Ferreira