Na semana que antecedeu o UFC São Paulo, em bate-papo exclusivo com o SUPER LUTAS, o semifinalista do TUF Brasil 4 Matheus Nicolau prometeu apresentar sua “melhor versão possível” na estreia no Ultimate contra o colega de reality show Bruno Koreia. E o atleta da Nova União não só cumpriu sua palavra, como saiu com uma vitória expressiva na luta que abriu o evento do último sábado (07).
Falando novamente com exclusividade ao SUPER LUTAS, agora já sendo oficialmente um lutador do UFC e tendo uma vitória no maior evento do planeta em seu currículo, Matheus comentou o triunfo sobre Koreia, revelou ter recebido elogios da alta cúpula brasileira do Ultimate e disse que espera enfrentar adversários estrangeiros daqui pra frente.
“É muito gratificante se preparar para um objetivo e conseguir cumpri-lo. Eu tive a oportunidade de conversar com o Giovani Decker (diretor do UFC no Brasil) nos bastidores após minha luta, bem rapidamente, ele tava bastante focado fazendo as coisas que tinha que fazer no evento, mas se mostrou muito satisfeito com o que ele viu”, disse Matheus. “Gostaria muito mais de lutar com gringos do que com brasileiros. Eu acho que não tem nem por que ficarem colocando brasileiros assim para se enfrentarem. O que eu quero mesmo é lutar contra os gringos”, concluiu.
Agora, Matheus Nicolau possui um cartel profissional de 11 vitórias, uma derrota e um empate. O mineiro de Belo Horizonte ampliou sua sequência invicta para quatro vitórias consecutivas.
Antes da luta você dizia que queria mostrar o melhor Matheus Nicolau possível. Acha que alcançou seu objetivo?
Pelas circunstancias da luta, pelo nível do meu adversário, pelo perigo que ele me causava e pela estratégia que eu tinha que fazer, e o que foi trabalho, eu acho que eu mostrei o melhor Matheus Nicolau até hoje e, certamente, o melhor Matheus Nicolau para aquele momento. Porém, não chegou nem perto do melhor Matheus que vai se mostrar. Eu estou começando a atingir meu potencial, tenho muito a evoluir, muito a crescer, e isso é só o começo. Estou feliz com a luta, é muito gratificante entrar com uma vitória daquele jeito, conseguindo a finalização. Mas eu não me dei por satisfeito ainda.
Analise sua atuação vitoriosa. Muitos fãs e especialistas elogiaram sua atuação e disseram que, especialmente na comparação com o Koreia, sua evolução foi notória. Como você recebe esses comentários?
É muito gratificante se preparar para um objetivo e conseguir cumpri-lo, e além disso receber elogios dos fãs e dos especialistas. A gente trabalha muito duro pra isso, pra chegar lá e apresentar um bom trabalho e, com certeza, é muito bom ter esse esforço reconhecido. Porém, como eu disse antes, estou feliz, mas não completamente satisfeito com a minha performance. Acho que tem muito a melhor e aprender com os erros. Mas vou continuar meu caminho, persistindo e buscando evolução sempre.
Além da boa apresentação, você conseguiu uma finalização bastante incomum sobre o Koreia, conte pra gente como foi aquele momento? Essa aliás, foi sua quarta vitória por finalização na carreira, e a quarta com uma posição diferente. A que você credita a versatilidade do seu jiu-jitsu?
Acho que a melhor sensação do mundo é a de dever cumprido e foi exatamente isso que senti naquele momento. Cumpri minha missão, que era sair vitorioso, e mais do que isso, consegui sair vitorioso em grande estilo, com uma finalização daquelas. Essa era uma finalização que eu fazia bastante nos meus treinos e que eu tive contato pela primeira vez quando o Léo Santos me passou na academia. E eu tentava muito dar muito triângulo de braço, mas como tenho os braços um pouco curtos e aquela variação você não precisa fechar como um mata-leão comum, pode fechar mão com mão. Então, é uma finalização que eu tinha mais facilidade pra fazer. E eu fazia muito no treino, mas não cheguei nem perto de fazer em luta. E, naquele momento, o Koreia já estava um pouco cansado, preocupado com as porradas que estava levando e me deu aquela oportunidade. Tudo foi bem automático, eu vi a brecha, encaixei a finalização e senti que ele estava começando a apagar, mantive a pressão e esperei o juiz interromper. Foi realmente um momento mágico. A gente treina muito pra isso, e conseguir cumprir minha missão em grande estilo foi muito gratificante.
E eu credito a versatilidade do meu jiu-jitsu às pessoas que estão do meu lado, que sempre estão dispostas a me ensinar. Eu comecei nas artes marciais com o Caveirinha em Belo Horizonte. Depois disso, dentro do próprio Caveirinha, eu sempre fui um garoto muito conciso no que diz respeito a informações e aprendizado, e apesar de ter outros professores, meu primeiro foi o Rodrigo Freitas, mas não só eles, todos os meus companheiros, que sempre me passaram alguns detalhes. E eu sempre fui um cara que sempre se preocupou com a ideia de ficar estagnado. Eu com 18 anos fui para a Suiça fazer minha estreia internacional, fiquei um tempo lá com o Igor Araújo, aprendendo com ele e com os alunos dele. Depois, fui pra Nova União e lá conheci um novo mundo, outro estilo de jiu-jitsu. Dentro da Nova União, eu treinei bastante na academia do Pimpolho, que é um exímio faixa-preta, cuja história no jiu-jitsu fala por si só. Mas, como já disse, isso só o começo, pretendo evoluir muito mais e estou sempre em busca de conhecimento.
E agora, o que o futuro reserva para Matheus Nicolau e, principalmente, o que você espera como seu próximo passo no UFC, algum adversário ou objetivo particular em mente?
Eu acho que ainda está um pouco cedo para dizer sobre o meu futuro ou as decisões que eu vou tomar, primeiro eu vou curtir essa vitória, porque a gente trabalhou muito duro pra isso. E logo em seguida eu vou sentar com meus treinadores, com o Roberto Corvo, Dedé Pederneiras, com minha nutricionista Daniela, meu médico Dr. Gustavo e meu preparador físico Pirata, toda a minha equipe, juntamente com minha família, e vamos decidir qual vai ser o futuro da minha carreira. Meu maior objetivo é viver um dia de cada vez e fazer do céu o limite.
O vice-presidente do UFC no Brasil Giovani Decker disse que ficou “aflito” ao ver a luta entre dois brasileiros, você e o Koreia. Isso é algo que te incomoda, tem preferência por pegar lutadores estrangeiros daqui pra frente?
Não chega a ser algo que me incomoda, porque eu vejo qualquer adversário como um cara na frente dos meus objetivos e eu tenho que vencê-lo, independentemente de quem seja. Mas, com certeza, gostaria muito mais de lutar com gringos do que com brasileiros. Eu acho que não tem nem por que ficarem colocando brasileiros assim para se enfrentarem, claro que a luta contra o Koreia foi um caso a parte porque nós tínhamos que lutar por sermos semifinalistas do TUF e é assim que acontece na empresa, porém eu não acho que tenha razão de ficar lutando contra brasileiros. O que eu quero mesmo é lutar contra os gringos.
Aliás, você recebeu algum contato da direção do UFC comentando sua atuação, ou mesmo já falando sobre renovação de contrato?
Eu tive a oportunidade de conversar com o Giovani (Decker) nos bastidores após minha luta, bem rapidamente, ele tava bastante focado fazendo as coisas que tinha que fazer no evento, mas ele se mostrou muito satisfeito com o que ele viu. Não só em termos da minha performance, por ter sido o vitorioso, mas também da luta em geral, do Koreia também. E não só ele, as outras pessoas da produção do evento, a mídia, os fãs, todos comentaram muito bem da luta. Então, acho que nós fizemos um bom trabalho.