[vox id=”33297″]
Um dos grandes lutadores da história do MMA pendurou suas luvas. Nesta terça-feira (1º), Rodrigo Minotauro anunciou oficialmente sua aposentadoria das lutas, colocando fim a uma carreira vitoriosa de 16 anos, nos quais obteve títulos e outras conquistas que o colocaram para sempre no olimpo das artes marciais.
Mais do que pelo cartel amplamente vitorioso – que foi selado com 34 vitórias, dez derrotas, um empate e uma luta sem resultado – Minotauro ganhou status de lenda por suas demonstrações de garra e viradas incríveis dentro de ringues e octógonos. O brasileiro se destacou na perigosa divisão dos pesados não só por sua técnica apurada no solo, mas também pelo fato de se recusar a desistir em batalhas que lhe pareciam impossíveis.
A trajetória de Minotauro foi marcada logo em seu início por um enorme episódio de superação. Quando tinha 11 anos de idade, o pequeno Rodrigo foi atropelado por um caminhão enquanto brincava com amigos em sua terra natal, Vitória da Conquista, na Bahia. Como resultado das diversas lesões que sofreu, ficou internado por quase 11 meses.
Depois de receber alta, Minotauro enfatizou seus treinamentos de judô por aconselhamento médico, já que a arte marcial lhe ajudaria a recondicionar o seu corpo. A migração para o jiu-jitsu foi natural, passando a competir na arte suave e obtendo destaque.
Em 1999, fez sua estreia no Vale-Tudo (antiga nomenclatura do MMA) e em pouco tempo já estava no topo: conquistou o título do torneio do RINGS, no Japão, e se sagrou campeão mundial do também japonês PRIDE, em 2001.
No ano seguinte, fez a luta que entrou para sempre na lista de grandes clássicos da história dos combates e é lembrada até hoje como um dos pontos altos do MMA. Em agosto de 2002, diante de mais de 90 mil pessoas no Estádio Nacional de Tóquio, Minotauro sobreviveu ao castigo do gigante Bob Sapp, de 167 kg, e obteve uma virada histórica, finalizando o combate com uma chave de braço.
Àquela altura, Minotauro parecia invencível. Porém o brasileiro estava prestes a cruzar com aquele que seria o grande algoz de sua carreira: Fedor Emelianenko. Contra o russo, acabou perdendo por duas vezes em dois anos e foi desbancado do posto de número um dos pesados do mundo.
Em 2007, com o fim do PRIDE, Minotauro acabou assinando contrato com o UFC, e em duas lutas já estava ostentando um cinturão em seu corpo. Depois de bater Heath Herring em sua primeira aparição no octógono, o baiano venceu de forma sofrida Tim Sylvia para conquistar o título interino dos pesados, já que o campeão linear, Randy Couture, havia deixado o Ultimate.
Aquele havia sido um dos últimos momentos de grande competitividade da carreira de Minotauro. Depois disso, o baiano sofreu derrotas contundentes, como as para Frank Mir e Cain Velasquez, e algumas belas vitórias, diante de Brendan Schaub e Randy Couture, mas não conseguiu mais atuar no topo da divisão.
Contra Schaub, aliás, Minotauro preencheu uma “lacuna” que faltava em sua carreira. Mesmo sendo um veteraníssimo do MMA, o lutador nunca havia competido no Brasil. A primeira vez foi em agosto de 2011, no evento que marcava o retorno do UFC às terras tupiniquins. Na ocasião, Minotauro venceu por nocaute no primeiro round e levou à loucura a torcida presente no ginásio.
Sua última vitória na carreira também aconteceu no Rio, em 2012, quando finalizou Dave Herman na segunda luta mais importante do UFC 153. Depois disso, Minotauro, que visivelmente parecia sentir os efeitos do tempo e não apresentava mais o mesmo vigor de antigamente, acabou sofrendo três derrotas em sequência, sendo a última delas para Stefan Struve, em agosto deste ano.
Assim, Minotauro põe um ponto final à sua trajetória de sucesso nas competições. Nestes 16 anos, o agora ex-lutador não obteve um cartel perfeito, e em muitos momentos sua técnica parecia não acompanhar o nível de evolução do MMA. Mas de uma coisa não há dúvidas: foi o fim de uma das histórias mais belas já vistas no esporte, que servirá para sempre como inspiração para as novas gerações.