
Samuel Caveira é o novo campeão do Cage Warriors. Foto: Reprodução/Instagram
Diretamente de Tefé, no interior do Amazonas, Samuel Silva, mais conhecido como ‘Caveira’, se tornou o primeiro brasileiro a conquistar título na organização inglesa Cage Warriors. Representante da Brazilian TKO e atuando na divisão dos leves (até 70,3kg.), o lutador vem embalado por cinco triunfos seguidos e garante estar pronto para estrear no UFC.
Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, Samuel contou como foi receber chamado de última hora para disputar cinturão no Cage Warriors. Anteriormente atuando no LFA, o amazonense, em sua primeira luta na organização, acabou tendo a chance de se tornar o novo campeão da categoria.
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“A gente da Brazilian TKO já tem uma filosofia de se manter sempre pronto, de levar uma vida como atleta. Eu era atleta do LFA e já estava na expectativa de lutar nesse fim de semana em Brasilia. Não rolou, eu estava vindo de duas vitórias, era para lutar pelo cinturão e acabou que não teve acerto com o dono do cinturão e ficamos sem luta. Continuei os treinos, estava pronto para lutar (…) quando Bernardo (Serale), meu empresário, me ligou falando dessa oportunidade, eu fiquei feliz e sabia que ia vencer”

Samuel Caveira em vitória sobre George Hardwick. Foto: Reprodução/Instagram @caveiramma
Lutando em território inimigo
Escalado para encarar George Hardwick, até então campeão do Cage Warriors e nascido na Inglaterra, Caveira afirmou que estava ciente da necessidade de protagonizar luta que não deixasse juízes em dúvida, a fim de evitar pontuações polêmicas.
“Com certeza, a gente sempre tem medo (de uma pontuação polêmica em luta no país do adversário). Mas durante a luta eu já tinha noção que tinha feito tudo que precisava para vencer. Então quando eu dei o knockdown e peguei as costas no quarto round, eu sabia que tinha vencido. Se os juízes dessem (a luta) para ele, seria uma falcatrua muito grande (…) é claro que antes dá sempre medo, essa cobrança de brasileiro precisar acabar com as lutas porque lutar na casa do adversário é complicado”
Sem tempo ruim
Ao contrário de muitos lutadores, Caveira garantiu que está pronto para grandes combates que exigem energia e disposição enquanto está diante do adversário.
“Eu já estava pronto. Eu, na minha mente, sempre fui um lutador de cinturão. Sempre treinei para cinco rounds, como eu já estava cogitando a um tempo em lutar pelo cinturão do LFA, eu já estava treinando a muito tempo e mentalizando essa luta de cinco rounds. Tenho um gás bom, vou crescendo ao decorrer da luta. Sempre me vi lutando cinco rounds e lutando bem”

Samuel Caveira ao lado de George Hardwick após luta. Foto: Reprodução/Instagram @caveiramma
Consequências da vida de lutador
Nascido no Amazonas, Caveira mora atualmente em Curitiba. Longe dos seus pais há 11 anos, o lutador refletiu sacrifício que precisa ser feito para alcançar grandes holofotes em um esporte que exige muito do atleta.
“Para mim não tem preço. Eu lembro até hoje da minha primeira entrevista e eu falei que a minha maior motivação sempre foram os meus pais. A situação deles, o modo que fui criado e que eu só queria dar orgulho para eles. Faz 11 anos que moro longe deles, sem dúvida nenhuma é meu maior motivo. Eles estão lá em Tefé, no interior do Amazonas, Seu Beto e a Dona Zilmara, esperando por mim. Sem duvidas isso é o que me faz levantar, na verdade pular, todo os dias da cama”
Pronto para o UFC
Conhecido pelo estilo violento e por buscar espetáculos em suas aparições, Samuel não hesita ao comentar sobre ansiedade para receber convite do UFC. Antigo representante do LFA, liga parceira do Ultimate, o lutador revelou já estar em contato com mandatários para finalmente pisar no octógono.
“Sem dúvida nenhuma eu acredito que cresceu muito as minhas possibilidades. Já eram bem grandes. A gente já teve feedback do UFC ano passado, quando eu fiz minha última luta no LFA (…) acho que esse ganhar esse cinturão me torna um cara diferente na corrida. Era tudo o que eu precisava: um cinturão mundial. Isso com certeza me bota em evidência (…) o Sean Shelby vai olhar com carinho para essa luta. Ele já me deu bons feebacks, que gosta de mim, do meu estilo de luta, que eu acabo com as lutas, então, acredito que não falta mais nada, acredito que já fiz o suficiente pro UFC me notar e vou esperar com paciência até eles me chamarem”

Samuel Caveira se inspira em Alex Poatan. Foto: Reprodução/Instagram @caveiramma
Ao completar fala, o brasileiro demonstrou entender como funcionam exigências do UFC e cravou ser lutador ideal para atender aos pedidos.
“O UFC é a Copa do Mundo. Para você se destacar, tem que ter algo especial. Então eu acredito que me sinto pronto para isso, pro show, para as pessoas gritando, para as entrevistas, pro trashtalk, que hoje em dia é preciso, por mais que não seja cultural para os brasileiros. Quando eu chegar no UFC, eles de primeira vão ver que sou um cara diferente”
Revanche contra Elves Brener
Derrotado pelo parceiro de Charles do Bronx, Caveira pregou respeito a Elves, mas também destacou desejo de ganhar segunda oportunidade para se vingar de derrota sofrida no início da carreira.
“Eu estava de reserva para uma luta (do Elves), infelizmente ele não me escolheu e eu entendo também. A gente se fala, a gente troca uma ideia e é com certeza uma luta que eu quero muito. Se acontecer no UFC vou ficar muito feliz. Sempre achei que tenho todas as armas para vencê-lo. Quando a gente se enfrentou estávamos iniciando, foi uma luta duríssima, uma guerra. Acho que ele me nocauteou bem no final do terceiro round, mas foi uma luta muito boa. Eu sinto que perdi para mim mesmo. É claro que ele fez um bom trabalho, me nocauteou, mas teve coisas que influenciaram e eu me sinto mais maduro. Hoje em dia seria bem diferente se a gente se encontrasse. Com certeza se eu chegar no UFC para fazer uma estreia ou uma segunda luta, enfrenta-lo seria maravilhoso”
Aluno da Brazilian TKO
Pupilo do mestre André Dida e ao lado de nomes como Bruno Blindado, Milson Castro e Brendson Ribeiro, Samuel reconheceu importância em treinar na academia renomada ao lado de tantos talentos.
“Mudou minha vida. A gente lá no Amazonas é muito desprovido da cultura de ser campeão. É tudo muito distante, não temos oportunidade de treinar com um cara que já foi campeão ou que já pisou lá onde a gente quer entrar. Comecei a conviver com campeões e aquilo entrou na minha mente como: ‘se eles conseguiram, eu também consigo. O cara tem duas pernas, dois braços, não é nada do outro mundo, eu consigo também’ (…) Treinar com esses caras, Bruno Blindado, Brunno Hulk, Brendson Ribeiro mostra que o trabalho duro compensa”

Samuel Caveira ao lado de seu empresário Bernardo Serale. Foto: Reprodução/Instagram @caveiramma
Importância do empresário
Auxiliado por Bernardo Serale, criador da WM Sports e representante de outros talentos no MMA, o amazonense relembrou início de sua relação com um dos responsáveis por levá-lo até o cinturão.
“Bernardo era empresário do Sérgio Moraes e do Blindado na época e eu era empresariado por outro na época (Fabio Lau). Quando ele chegou com a ideia de abrir a WM Sports na academia, ele fez uma sociedade com o Fabio Lau que investia em mim. Rapidamente a gente se conectou (…) Bernardo é sinistro, faz um trabalho seríssimo. O nome ‘empresário’ é meio marginalizado, mas o Bernardo faz um trabalho muito sério”
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