Quem acompanha a atualização dos rankings do UFC, notou que a lutadora Amanda Ribas ganhou uma posição na categoria peso palha (até 52,1kg.). A mineira de Varginha, ‘Terra do ET’, foi da oitava para a sétima colocação após a derrota de Iasmin Lucindo para sua xará Amanda Lemos no UFC 313, que aconteceu no último sábado (8). A mudança no ranking foi comemorada por ela e pela equipe, mas com os pés no chão. Afinal, pela primeira vez desde que entrou na organização, Ribas acumula duas derrotas seguidas.
A última delas foi na revanche contra a também brasileira, nascida nos EUA, Mackenzie Dern. Na primeira luta entre elas, em 2019, Amanda levou a melhor vencendo por decisão unânime dos juízes. Mas no segundo duelo, em janeiro deste ano, a mineira foi supreendida no terceiro round e acabou sendo finalizada por Dern. Passados dois meses do revés, Amanda conversou com o SUPER LUTAS em entrevista exclusiva nesta quinta-feira (13).
“Ah, toda vez que tem UFC, eu já sei que vai ter alguma alteração no ranking, né? E quando eu vejo que a alteração foi uma coisa boa pra mim ,eu fico muito feliz. É muito emocionante. Não só estar no UFC, mas estar no ranking e ainda mais entre as 10 melhores, né? Sete melhores exatamente”, revela a mineira
No entanto, outra mudança foi notada nos rankings do UFC. No começo do ano, Amanda Ribas aparecia em 8ª no peso palha e em 10ª no peso mosca (até 56,7kg.), categoria na qual ela também lutava. Mas agora, a brasileira desapareceu da divisão até 56,7kg. Isso, segundo ela, é uma escolha que foi conversada com a organização.
“Sim, essa alteração teve a ver. A gente conversou com o UFC que a partir de agora vou dar uma focada no peso palha, que é onde eu me sinto mais forte”, explica.
Amanda Ribas é a atleta brasileira do UFC com mais seguidores no Instagram
Por falar em sumiço, Amanda também comentou sobre um costume nos meses que antecedem suas lutas. Ela ‘interdita’ o aparelho celular para deixar de responder mensagens pelo ‘Whatsapp’ e também ‘Instagram’. Uma forma que ela encontrou de ficar focada em seu compromisso no octógono, sem distrações. Daí imprensa, empresário, se bobear até o presidente do UFC, Dana White, precisam recorrer ao pai dela, Marcelo Ribas, para conseguir contato.
“Eu sumo, eu faço isso até hoje mesmo. É até engraçado, porque eu posto bastante nas redes sociais, mas eu não gosto muito. Porque eu tava ficando muito, aí eu vi que tava fazendo mal, então eu tiro uma hora só do dia pra começar a responder, mas às vezes não dá tempo de responder todo mundo. Aí nas redes sociais, eu tenho o pessoal que responde, mas o Whatsapp eu mesmo que respondo, então eu enrolo mesmo pra responder, ainda mais perto de luta, eu sumo. Isso é pra poder dar uma tranquilidade, um encontro comigo mesma, com as pessoas que estão aqui do meu lado. Você começa a responder uma mensagem e quer responder tudo, né? Se não marcar o tempo certinho, aí eu vou ficando doida. Meu empresário quer me matar, às vezes ele quer até falar coisa importante, ele vai falar com o meu pai e o meu pai falar comigo”, explica.
Apesar dessa certa distância em épocas que exigem concentração, Amanda Ribas é a atleta brasileira do UFC com mais seguidores no ‘Instagram’. Ao todo são 2,2 milhões de fãs. Ela ultrapassa inclusive perfis de lutadoras famosas, como sua xará, a ex-campeã do UFC Amanda Nunes, que tem 1,7 milhões de seguidores, e chega perto da campeã peso palha Valentina Shevchenko, que tem 2,7 milhões de fãs.
“Eu tenho uma equipe que trabalha pra mim pra me ajudar a responder as mensagens. Duas milhões de pessoas é bastante. E quando a gente tem luta, propaganda ou parcerias, aí é incrível o número de seguidores sobe”, afirma.
Amanda Ribas cumprimenta a filha de Mackenzie Dern após derrota no UFC Vegas 101. Foto: UFC
Na entrevista, Amanda Ribas comentou sobre sua rivalidade com Mackenzie Dern. Contou como foi o sentimento depois da derrota e o que pensa sobre uma possível trilogia no confronto que agora está com uma vitória de cada lado.
“Eu tiro tipo assim, uma semana pra ficar estudando, vendo o que eu errei e acertei, mas eu não fico mais que isso não, se não você fica doido. E eu não tava na luta, não tirando o mérito da Mackenzie, porque ela lutou bem, a gente tinha estudado ela e fez muito bem, mas eu não tava na luta, não consegui chutar direito, não tava na luta, foi totalmente o dia dela. Eu acho que era a vez dela ganhar, porque eu tinha treinado bastante, então foi algo que aconteceu, infelizmente. (Fiquei) com raiva. Eu voltei a treinar já com o objetivo de ganhar. Eu acho que é um dos motivacionais assim, que todo atleta tem essa vontade de ganhar a próxima luta quando vem de derrota. Tem uns atletas que já estavam pedindo (uma trilogia), o UFC oferecendo, to aqui pra quem nos oferecer”, conta.
A lutadora de Minas Gerais comentou sobre seu projeto social que atende crianças e adolescentes em situação de risco. O ‘Instituto Amanda Ribas’ tem o objetivo de usar as artes marciais para mostrar um outro caminho que muitas vezes é camuflado pelo tráfico de drogas.
“Tem aulas gratuitas pra crianças, tem sede lá na academia (em Varginha) e sede também na igreja que eu frequento. E meu foco não é fazer atleta profissional, meu foco é fazer cidadão do bem, sabe? Porque hoje em dia a minha principal adversária no instituto é o celular, porque tirar a criançada do celular é complicado e o celular já tem estudo, né? Que é o celular que às vezes causa depressão, ansiedade, tudo de ruim tá ali. E também na rua hoje em dia, a criançada não vai. É muito difícil, porque às vezes você pode perder a criança com um traficante, né? E adota ali e pronto.
Então o tatame a gente fala que é a rua moderna. Que lá dá pra brincar, aprende a ganhar, aprende a perder, aprende a respeitar, aprende os limites. E se quiser, se tiver desemboltura e conseguir treinar sério, pode sim ser um atleta profissional. Mas o meu foco é ser um cidadão do bem”, explica.
Amanda Ribas deve retornar ao octógono do UFC em julho. Foto: Reprodução UFC
Amanda Ribas explicou que precisou espaçar mais o intervalo entre suas lutas para poder descansar o corpo e também conciliar com compromissos fora do octógono. Ela ainda não tem uma luta marcada, mas já faz uma projeção para o ano de 2025.
“Eu tava pegando uma luta muito atrás da outra, não tava tendo tempo de recuperar meu corpo, de ajustar minhas coisas também. Daí eu peguei esse tempinho pra dar uma recuperada mental no corpo, pra cuidar do instituto também, que eu não tava tomando conta. Eu acho que eu devo lutar em julho, mais ou menos por aí. Está perto, vai ser no peso palha”, diz.
Ela também mostrou em primeira mão para o SUPER LUTAS seu novo projeto: um estúdio de podcast.
“É uma salinha que eu vou começar filmar e comentar lutas, fazer reação de luta ou às vezes vou chamar uns convidados também, tipo um podcast. Ainda tá transformando, vou decorar com itens que já usei nas lutas do UFC”, revela.
Para conferir a entrevista completa, inclusive com mais tópicos, é só assistir ao vídeo que abre a reportagem acima.