Dricus du Plessis em vitória que lhe garantiu o cinturão no UFC 297. Foto: Reprodução/Instagram/@ufceurope
Dricus du Plessis coloca o cinturão dos médios (até 83,9kg.) do UFC em cheque mais uma vez em revanche diante de Sean Strickland neste sábado (8), no UFC 312. Tido como um dos destaques da organização, o sul-africano ainda gera a desconfiança do grande público e mesmo vencendo todas as oito lutas que disputou no Ultimate, inclusive derrotando lendas da divisão, como Robert Whittaker e Israel Adesanya, segue sendo visto como ‘patinho feio’.
Mas qual seria o motivo por fazer até mesmo os próprios lutadores do UFC subestimarem Du Plessis? Seria por causa do jeito desengonçado de lutar? Ou por que ele parece inferior tecnicamente?
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A exemplo do brasileiro Caio Borralho, que durante a entrevista para o SUPER LUTAS no primeiro episódio do podcast ‘Its Time!’, deu sua opinião sobre a revanche do UFC 312 e revelou que nunca acredita na vitória do sul-africano no octógono.
“Mesmo tendo batido a cara na parede todas às vezes que eu apostei contra o Dricus, ele está ganhando de todo mundo, dessa vez eu vou de novo contra ele. Acho que o Strickland tem mais jogo, tem mais tempo ali de reação, tem que estar atento ali em algumas mãos do Dricus que são muito fortes, acho que ele tem a mão muito pesada, então ficar atento ali pra uma mão dessa não comprometer o resto da luta, igual a última vez que foi uma mão no olho ali”, disse Borralho.
Quando Du Plessis ganhou o cinturão no primeiro confronto diante de Strickland no UFC 297, após decisão dividida dos juízes, muitos questionaram a vitória do sul-africano. A exemplo do peso meio-pesado (até 93kg.) Jamahal Hill e do ex-lutador do Ultimate Ben Askren. (veja abaixo)
I had it 3-2 Strickland
— Jamahal Hill (@JamahalH) January 21, 2024
“Eu marquei 3-2 Strickland.”
Really didn’t expect Dricus to be able to fight that hard 25 minutes. Very impressed.
— Funky (@Benaskren) January 21, 2024
“Realmente não esperava que o Dricus conseguisse lutar 25 minutos de forma tão dura. Impressionado.”
Diante de tais relatos, estaria o campeão dos médios, invicto no UFC, sofrendo da ‘Teoria do Pato’?
A Teoria do Pato
Dricus Du Plessis (esq.) e Sean Strickland (dir.) em luta no UFC 297. Foto: Reprodução/Instagram
Com certeza você já deve ter ouvido a seguinte frase: ‘O pato nada, o pato anda, o pato voa e o pato não faz nada direito’. É uma frase que ilustra a ideia de que toda situação tem limitações e que, ao não escolher uma estratégia, não se é o melhor em nada.
Também é um conceito muito usado para os amantes de RPG Medieval (Role Playing Game ou Jogo de Interpretação de Papéis) quando se refere à classe paladino. Teoricamente o guerreiro da luz sabe fazer tudo dentro de um ambiente de batalha: ataca seus inimigos, ao mesmo tempo que defende e cura aliados. No entanto, os jogadores costumam dizer que, por ter tudo, o paladino possui desvantagens em relação a outras classes com habilidades específicas. Ele cura menos que um sacerdote, não defende com a mesma eficácia de um guerreiro e não causa tanto dano a inimigos quanto um bárbaro.
Lembrando novamente o pato: de que adianta fazer tudo, mas não fazer nada com maestria? Ao observar Dricus du Plessis em ação no octógono, certos movimentos do lutador causam estranheza para quem assiste, principalmente para os colegas profissionais. Ele se mostra afobado, perde o equilíbrio ao atacar, dá socos de olhos fechados, se defende de maneira estranha e muitas vezes insiste em um jogo de grapling sem resultado.
Mas então, qual técnica estaria por trás do sucesso cada vez mais crescente de Du Plessis?
Du Plessis, o imprevisível
Dricus du Plessis venceu Israel Adesanya na luta principal do UFC 305. Foto: Reprodução/Twitter/UFC
Aos 31 anos, o atual campeão dos médios do UFC venceu 22 lutas (20 por via rápida) e perdeu apenas duas vezes em sua carreira no MMA. No Ultimate, o sul-africano tem uma sequência avassaladora de oito triunfos em oito lutas, saindo com o braço erguido sobre nomes como Darren Till, Israel Adesanya, Robert Whittaker e Sean Strickland.
A base de luta de Dricus du Plessis é uma mistura de kickboxing com wrestling. Agilidade e técnica não são o forte do sul-africano, que na maioria das vezes se mostra lento e com uma postura, no mínimo, peculiar, dando a impressão de que está o tempo todo ‘com medo’ de levar algum golpe. No entanto, três pontos podem ser a chave do sucesso do campeão dos médios do UFC.
O primeiro ponto é a força física de Du Plessis. Apesar de ser um lutador peso médio, o sul-africano tem uma força que pode até ser comparada a de um lutador peso pesado. Como disse Caio Borralho em seu relato no início desta reportagem, Dricus tem as mãos muito pesadas. Das 22 vitórias na carreira, apenas duas não foram pela via rápida: são nove nocautes e 11 finalizações. Um ‘tanque de guerra’ sobre duas pernas.
O segundo é a envergadura. Apesar de ter 1,85m de altura, o alcance dos golpes de Du Plessis chega a 1,93m. Em muitos de seus nocautes, o lutador agiu como uma ‘tartaruga’. Ele se fecha na defesa, como se estivesse se escondendo dentro de um casco, para depois surpreender o adversário com um soco devastador de longo alcance. Uma receita brutal.
Dricus du Plessis comemora vitória no UFC. Foto: Reprodução/Instagram/@ufceurope
O terceiro ponto é o fato de ser imprevisível. O campeão dos médios abusa de posturas pouco convencionais e ataques fora do padrão que confundem seus oponentes. Fica difícil fazer uma leitura do próximo passo de Dricus e isso pode fazer com que o adversário baixe a guarda e só perceba do seu erro tarde demais, quando o árbitro já está em cima sinalizando o fim da luta.
Apesar de tudo, a desconfiança de colegas e fãs sobre Du Plessis parece não refletir nas casas de apostas. De acordo com a ‘Stake’, o campeão aparece como favorito nas cotações do UFC 312, pagando 1,47 contra 2,75 de Sean Strickland.
Basta esperar agora pelo confronto deste sábado para ver se o ‘Patinho Feio’ do UFC vai defender mais uma vez o cinturão com sucesso e mostrar ao mundo que não precisa ser bonito, e sim, eficiente.
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