Ele sobe ao ringue em busca da 51ª vitória da carreira nesta sexta-feira (15), no AT&T Stadium, nos Estados Unidos. Depois de já ter sido campeão peso pesado de todas as principais organizações de boxe, ter batido recordes de bolsa, nocauteado quase todos os adversários e ter se tornado ‘Mike Tyson’. Um nome que dispensa grandes apresentações.
O SUPER LUTAS preparou uma matéria especial com 10 momentos marcantes do astro que ajudam a fazer o nome dele falar por si.
A gestação profissional de um boxeador que marcou gerações começou em um reformatório. Internado aos 11 anos, viu na instituição que se propunha a regenerar delinquentes a oportunidade – ou a necessidade – de aprender boxe. Se destacou e logo aos 18 anos deixou o esporte amador. Com uma musculatura fora do comum, tinha mais de 90 kg. e já era um peso pesado. O ano era 1985 e, de março a dezembro daquele ano, o jovem Mike venceu incríveis 15 adversários. Todos pela via rápida. Nascia ali um perito em nocautes.
A fama de um jovem negro de Nova York se espalhou rápido pelo país. Grandes lutas foram agendadas para a promessa da modalidade. Uma delas marcou a carreira do aspirante à disputa de cinturão para sempre. Com 20 anos recém completados, Tyson alcançou o nocaute mais rápido da sua trajetória. O adversário? o filho do ex-campeão Joe Frazier. No dia 26 de julho de 1986, Mike mandou Marvis Frazier para a lona com apenas 30 segundos de luta.
Um momento marcante a ser mencionado sempre que o tema for Mike Tyson é o fato de ele ter sido o campeão mais jovem da divisão mais pesada do boxe. Não demorou um ano de atuação profissional e lá estava o outrora delinquente em reforma disputando o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (WBC).
Mike Tyson desafiou Trevor Berbick e o duelo ocorreu quatro meses depois do nocaute em tempo recorde. Mas esta luta também não demorou muito. Com um gancho de esquerda, o desafiante levou o oponente a nocaute no segundo round.
De jovem promessa à uma estrela foi um pulo. Ou uns golpes, como queira. Dois anos depois de se tornar profissional, em 1987, Tyson defendeu seu cinturão contra James Smith. A vitória, conquistada no mês de março, não só garantiu a manutenção da cinta como adicionou o título da Associação Mundial de Boxe (WBA) ao currículo do moço.
No dia 1º de agosto, mais um cinturão, senhoras e senhores! Ao derrotar Tony Tucker, absorve o título da Federação Internacional de Boxe (IBF). Neste dia, Mike Tyson tornou-se o primeiro homem do planeta a ter três cinturões da divisão peso pesado. O mundo falava em ‘Tyson-Mania’. Ele devorava tudo.
Bastidor agitado, espetáculo incrível. Há muitas versões para o que ocorreu nos vestiários do Convencional Hall, em Atlantic City, antes da proclamada “luta o século”. Fato é que o empresário de Michael Spinks foi encontrar Mike Tyson. Há quem diga que para exigir recolocação das luvas por causa de uma possível trapaça. Outros dizem que Butch Lewis só queria se aproveitar do mau momento pessoal do adversário e fazer um jogo psicológico.
Tyson vivia na época um relacionamento conturbado com a atriz Robin Givens e estava em processo de troca de empresários. Deixava Bell Cayton para dar as mãos ao folclórico Don King.
A presença de Lewis – que assistiu o Iron Man socar a parede de mãos limpas com uma força brutal – incomodou Mike Tyson. Ele atrasou a subida ao ringue e fez seu treinador ouvir um ‘Você já sabe! Vou machucar esse cara’, se referindo ao empresariado, Michael Spinks. Bom… Tyson o nocauteou em apenas 91 segundos. O resto é história.
Um homem de ferro é forjado sob calor e pressão. Das vitórias e principalmente derrotas, palavra rara na carreira deste atleta. Mike Tyson só foi conhecer o sabor amargo de ser batido depois de cinco anos de carreira. No início de 1990, Tyson enfrentou o norte-americano Buster Douglas, em Tóquio, depois de arrasadores 37 triunfos consecutivos. O franco favorito da noite – com bolsas de 42 para 1 – foi derrotado no décimo round por nocaute.
As derrotas na vida eram mais íntimas ao esportista do que as derrotas no ringue. Depois de chocar o mundo perdendo no Japão, Mike Tyson ‘voltou algumas casas’ e tentou pavimentar o caminho de volta à disputa de cinturão. Venceu quatro lutas seguidas e perdeu uma batalha moral e judicial. Foi preso em julho de 1991 condenado pelo estupro de Desiree Washington, de 18 anos.
Só voltou a pôr luvas em público quatro anos depois. Venceu Peter McNeeley e Buster Mathis Jr.. No ano seguinte, em 1996, conquistou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe ao vencer Frank Bruno.
O episódio da luta contra Evander Holyfield, em 1997, marcou a carreira de Tyson. Depois de ser nocauteado oito meses antes, Mike teve a revanche marcada para 28 de junho. Estimativas apontam que US$ 100 milhões foram movimentados com o reencontro. Mas no ringue, uma atitude de baixo valor. Tyson foi desqualificado após morder as duas orelhas do oponente, deixando o pedaço de uma delas na lona.
Há realidades que tornam-se simbólicas. Talvez por isso usamos tanto o termo “fantástico”. Analisar os números de Mike Tyson, puro e simples, já seria o suficiente para saber quem ele se tornou no mundo do boxe. Embora tenha deixado os ringues com uma derrota (para o irlandês Kevin McBride), ‘Iron Mike’ construiu um cartel glorioso. São seis revezes frente a 50 vitórias. Foram 44 por nocaute. Mas os números estão abertos. Mike não deixou o ringue em 2005 para sempre.
Por que não elencar o feito desta sexta (15) como um momento marcante na carreira de Mike Tyson? Aos 58 anos, ele voltará a se exibir em uma luta de boxe. Contra um oponente de apenas 27 primaveras. Oito rounds. Dois minutos cada. E a prova que uma lenda se faz muito além dos números.