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Entenda os principais pontos que envolvem o polêmico doping de Anderson Silva antes do UFC 183

Laboratório nega erro em doping de A. Silva. Foto: Josh Hedges

A. Silva (foto) foi flagrado em exame antidoping realizado antes do UFC 183. Foto: Josh Hedges

Por Bruno Ferreira e Lucas Carrano

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O mundo do MMA entrou em choque na última semana, desde que foi anunciado que Anderson Silva havia falhado em um exame antidoping surpresa realizado antes de sua luta contra Nick Diaz, no UFC 183. O brasileiro, ex-campeão dos médios do UFC e amplamente considerado como um dos maiores lutadores de MMA de todos os tempos, foi flagrado com substâncias anabolizantes proibidas e deverá ser julgado em breve.

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O caso de “Spider” ainda não foi julgado, mas desde já, justamente pela grandeza do caso, muitas informações desencontradas surgiram, o que provocou uma série de dúvidas e mal-entendidos por parte do público. Para esclarecer o caso, o SUPER LUTAS criou a seção “FAQ SUPER LUTAS”, no qual listaremos os principais aspectos envolvendo o polêmico episódio envolvendo Anderson Silva e suas explicações.

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Explicações sobre o doping de Anderson Silva:

Quais as substancias foram encontradas no organismo de Anderson Silva e em que contexto isso aconteceu?

Anderson Silva foi flagrado pelo uso de drostanolona e androsterona em exame antidoping surpresa realizado no dia 9 de janeiro, como preparativo para sua luta contra Nick Diaz no UFC 183, que seria no dia 31 do mesmo mês.

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O que estas substâncias fazem?

A drostanolona é um anabolizante que atua na musculatura, fazendo com que ela cresça e se torne mais rígida. Em geral, a substância é usada por fisiculturistas e apresenta melhores resultados se associada a outros esteróides. Já a androsterona é um derivado da testosterona, hormônio natural masculino, cuja ação é ativa no aumento do vigor e na otimização artificial do rendimento físico.

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Como funcionam os testes surpresas, como o que flagrou Anderson?

Nos últimos tempos a modalidade de testes antidoping surpresa tem se intensificado por parte especialmente da Comissão Atlética de Nevada (principal órgão regulamentador do MMA mundial). Mesmo fora do período de competição, que compreende as últimas 12 horas até a realização da luta, os atletas têm sido testados para substâncias proibidas, as Performance Enhancing Drugs (“Drogas para aumento de desempenho”, ou PEDs). Em geral, os testes acontecem durantes os treinamentos dos lutadores, em qualquer momento a partir do anúncio oficial ou da assinatura do contrato para um combate.

Se o exame foi feito no dia 9 de janeiro, ou seja, 22 dias antes do UFC 183, por que a luta contra Diaz não foi cancelada?

Esse foi o grande aspecto que inclusive irritou o diretor da Comissão Atlética de Nevada. No entanto, a explicação é simples: segundo o laboratório responsável pelos exames, não houve tempo hábil para que os resultados saíssem antes da luta. De acordo com a explicação oficial, a análise das amostras é lenta e minuciosa, sendo que, a fim de evitar erros, há o que se chama de “processo de confirmação”. Assim, neste caso, os resultados só saíram no dia 3 de fevereiro, três dias após a luta de Anderson contra Diaz.

Mas, devido à importância da luta de Anderson, o laboratório não poderia ter “acelerado” o processo e divulgado o resultado antes?

Não. O laboratório não possui conhecimento algum sobre a identidade dos atletas, já que as amostras são enviadas por correio somente com números de identificação. Assim, não é possível priorizar determinado exame com base em sua importância.

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Como é possível um lutador testar positivo em um exame e, 22 dias depois, estar limpo?

Isso depende, na verdade, do período em que a substância permanece no organismo. Em algumas competições com testes antidoping, é comum os atletas tentarem burlar o sistema através de “ciclos”, ou seja, usando substâncias proibidas de forma calculada para que, no dia da competição, o corpo já esteja totalmente limpo.

Por que ainda não há uma decisão definitiva para o caso?

Porque Anderson Silva e a Comissão Atlética de Nevada ainda aguardam o resultado da contraprova do exame. O julgamento do lutador será realizado em audiência no dia 17 de fevereiro.

O que é uma contraprova e quando sai o seu resultado?

Uma contraprova é um segundo exame, feito com material colhido no mesmo dia do teste original. Este procedimento existe justamente para eliminar quaisquer dúvidas com relação ao resultado dos testes antidoping e minimizar as chances de erro, por qualquer motivo que seja. A contraprova de Anderson Silva deve sair em breve, mas a data exata depende do andamento da análise no laboratório responsável.

Este foi o único exame feito por Anderson?

Além do fatídico teste do dia 9/1, “Spider” também passou por outros dois exames: um no dia 19/1, de sangue, e outro no dia da luta, de urina. Ambos vieram limpos.

Mas se o exame de 19 de janeiro veio limpo, isso significa que Anderson será inocentado?

Não, uma coisa não tem relação com a outra. Anderson será inocentado caso a contraprova do exame de 9 de janeiro vier limpa. Os resultados ainda não saíram.

Qual laboratório faz a análise do teste do lutador? Como ele é escolhido?

O teste de Anderson Silva foi feito pelo Sports Medicine Research & Testing Laboratory (SMRTL), situado na cidade de Salt Lake City, no estado de Utah (EUA). O laboratório ligado à Universidade de Utah foi escolhido pela Comissão Atlética de Nevada para avaliar as amostras por ser um órgão independente e atender entidades esportivas há mais de uma década. Se trata de um dos únicos 32 laboratórios de todo o mundo que são credenciados pela WADA, a Agência Mundial Antidoping.

Anderson requisitou que a contraprova fosse feita em outro laboratório, mas seu pedido foi negado. Por quê?

Porque esta situação desobedeceria os procedimentos regulamentares da WADA. O exame deve ser refeito no mesmo local onde a primeira amostra foi analisada.

Quais são as chances de ter havido um erro e Anderson ser inocente? 

Sempre essa possibilidade é considerada – justamente por isso é protocolar a realização da contraprova. Porém, especialistas garantem que, devido ao padrão de excelência do SMRTL e o cuidado em verificar e confirmar os resultados antes e qualquer divulgação, a chance de ter havido um erro é mínima.

Mas o UFC recentemente não voltou atrás em uma punição a Cung Le após um exame antidoping inconclusivo? O mesmo não pode acontecer com Anderson?

Se tratam de situações diferentes. Anderson foi flagrado com uma substância proibida (drostanolona), o que por si só já caracteriza uma infração. Já Le estava com uma substância natural, o hormônio de crescimento (GH), porém em proporções não permitidas. No caso do vietnamita, não pôde-se provar que a desproporção de GH foi causada por uma substância proibida, e, assim, a punição foi retirada. Além disso, há uma diferença importante: o exame do brasileiro foi feito em um laboratório de alta confiabilidade, que segue as normas da WADA. Le teve suas amostras analisadas por um laboratório escolhido pelo UFC em Hong Kong, já que a China, local onde o vietnamita lutou, não possui Comissão Atlética própria. Assim, no caso de Anderson, pode-se dizer que o rigor é maior.

Qual a provável punição para Anderson Silva?

Em casos como o de Anderson, nos quais o atleta não possui histórico de doping, caso ele confesse o uso das substâncias a punição padrão é provável que ele receba uma suspensão de aproximadamente nove meses e uma multa em dinheiro, correspondente a parte do valor de sua bolsa de luta. Além disso, a vitória contra Nick Diaz deverá ser transformada em no-contest, ou seja, luta sem resultado.

Por que Jon Jones não foi punido pelo uso de cocaína e Anderson corre o risco de ser suspenso?

Jon Jones também foi flagrado em um exame antidoping surpresa, mas pelo uso de cocaína – uma droga recreativa, cujo potencial de aumento de desempenho não é comprovado cientificamente. Por ter testado positivo para uma substância que não é considerada ilegal fora do período de competição, Jones não recebeu nenhum tipo de sanção legal dos órgãos regulamentadores. Na verdade, um teste que denotasse o uso deste tipo de substâncias, no caso a cocaína, sequer deveria ter sido feito no atleta, conforme admitiu posteriormente o responsável pela Comissão Atlética de Nevada. O caso de Anderson é diferente, já que as substâncias com as quais ele foi flagrado são proibidas também fora do período de competição.

Por que cocaína não é proibida fora do período de competição e anabolizantes são?

Porque, segundo diversos estudos, o uso de cocaína, maconha ou qualquer droga recreativa não traz benefícios de performance ao atleta. No caso de anabolizantes, é diferente: o atleta pode ter ganhos com a substância ilegal ainda no período de treinos, ficando mais forte, se recuperando mais rapidamente de lesões ou até mesmo conseguindo treinar com mais disposição. Justamente por isso, o uso de anabolizantes é passível de punição mesmo caso o atleta esteja limpo no dia da luta.

Mas e Nick Diaz? Ele também foi flagrado pelo uso de uma droga recreativa (maconha) e também deve ser punido.

O caso de Nick Diaz é diferente tanto do de Anderson Silva quanto de Jon Jones. Nick Diaz foi flagrado pelo uso de maconha durante o período de competição. Mesmo se tratando de uma droga recreativa, cujos benefícios no desempenho atlético não são comprovados, a substância é proibida em tais condições. Por ser reincidente, esta é a terceira vez que Diaz testa positivo para maconha em sua carreira, o atleta deve sofrer uma suspensão mais longa do que os tradicionais nove meses.

Com a polêmica, Anderson continuará como treinador do TUF Brasil 4?

O UFC chegou a anunciar a permanência de Anderson Silva diante do programa, mas foi obrigado a mudar os planos a pedido da Comissão de Nevada. Assim, “Spider” deixou a atração e foi substituído por Rodrigo Minotauro.

Publicado por
Bruno Ferreira
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