‘O tempo voa quando não se está nocauteando adversários’. Essa máxima do esporte parece se aplicar perfeitamente a Francis Ngannou. Mil dias se passaram desde que o franco-camaronês pisou no octógono pela última vez, e a expectativa pela sua volta — mesmo que agora no decágono da PFL — é imensa.
Mas enquanto aguardamos o retorno do peso pesado, agora finalmente para estreia diante de Renan Problema na PFL deste sábado (19), que tal fazermos uma viagem no tempo e relembrarmos como era o mundo em janeiro de 2022, quando Ngannou reinava absoluto na divisão pelo UFC e superava Ciryl Gane na decisão unânime, em embate válido pela edição de número 270?
Mil dias de espera: O que mudou na vida de Ngannou desde sua última luta no UFC?
Logo após sua última defesa de título no UFC, Ngannou iniciou uma nova fase em sua carreira. Insatisfeito com as negociações para renovar seu contrato com a organização, o lutador decidiu explorar novas oportunidades. Uma delas foi o boxe, onde sonhava em enfrentar grandes nomes da modalidade.
Em outubro de 2023, o camaronês quase protagonizou uma das maiores zebras da história do esporte ao enfrentar o invicto campeão dos pesos pesados Tyson Fury. Em uma luta acirrada e equilibrada, Francis mostrou um grande coração e resistência, derrubou o rival, mas acabou sendo superado pelo britânico nos pontos. A performance do ex-campeão do UFC impressionou a todos e deixou claro que ele tinha talento para se destacar também no boxe.
No entanto, a trajetória no boxe não foi livre de obstáculos. Cinco meses depois, o ex-UFC foi nocauteado de forma brutal por Anthony Joshua em uma exibição de boxe. A derrota abalou a confiança do lutador, mas não o fez desistir de seus objetivos.
Além dos desafios na carreira, uma grande perda pessoal também aconteceu. Em abril deste ano, anunciou a morte de um de seus filhos, Kobe, de apenas 15 meses de vida, vítima de uma má formação no cérebro que não havia sido diagnosticada.
Campeões populares (e diferentes)
Dentro do octógono, o cenário também era de transformação. Com força bruta e nocautes devastadores, Ngannou era o rei indiscutível dos pesos pesados.
Ao seu lado, nomes como Kamaru Usman, Israel Adesanya e Alexander Volkanovski dominavam suas respectivas divisões.
Charles do Bronx só aumentava a base de fãs como campeão dos leves e ‘um tal’ de Islam Makhachev contava com desconfianças sobre o que poderia fazer.
No entanto, o UFC é um esporte dinâmico, e as mudanças são constantes. Em pouco mais de dois anos, o cenário mudou drasticamente. Ngannou deixou o UFC em busca de melhores oportunidades, e o cinturão dos pesos pesados foi para as mãos de Jon Jones, que sequer tinha subido.
Volkanovski, que parecia cada vez mais perto de se tornar o ‘GOAT’ dos pesos penas subiu de divisão, foi superado pelo agora líder absoluto dos leves, Islam Makhachev, em duas oportunidades.
O australiano ainda acabou brutalmente nocauteado pelo jovem Ilia Topuria e perdeu a posição no topo. O espanhol, por sinal, nem fazia parte do ranking oficial do UFC quando Francis ainda estava presente.
Adesanya, por sua vez, viu sua aura de invencibilidade ser quebrada por Alex Poatan no mesmo ano. O brasileiro, que também sequer estava no ranking, tornou-se a nova estrela e viveu aventuras. É, agora, campeão dos meio-pesados com três defesas de título.
Outros, como Alexandre Pantoja, Merab Dvalishvili, Belal Muhammad e Dricus du Plessis também tiveram suas chances e chegaram ao topo. Não eram, mas são campeões do UFC.
Pandemia da COVID-19, Lula eleito e Rússia x Ucrânia
Em janeiro de 2022, a pandemia da COVID-19 ainda era uma realidade presente, com vários países lutando para sair das restrições severas que moldaram a vida em 2020 e 2021.
O Brasil, por exemplo, caminhava para a transição do governo de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva, que seria eleito no final daquele ano.
Internacionalmente, o conflito entre Rússia e Ucrânia ainda não havia começado, com a invasão russa ocorrendo em 24 de fevereiro de 2022, para mudar drasticamente a geopolítica global e trazer consequências econômicas e humanitárias até hoje.
O mundo mudou. Bem-vindo de volta, Francis Ngannou!
Você precisa fazer login para comentar.