A vitória dominante de Alex Poatan sobre Khalil Rountree no UFC 307, evento realizado no último sábado (5) reacendeu um debate que já vinha crescendo: o atual campeão meio-pesado (até 93kg.) está pronto para superar Anderson Silva como o maior lutador brasileiro da história do UFC?
A questão, levantada por Dana White após o evento, dividiu opiniões e gerou uma intensa discussão nos bastidores do MMA.
Para tentar responder a essa pergunta, o SUPER LUTAS consultou seus jornalistas sobre o assunto. As opiniões foram diversas, mas um consenso emergiu: Poatan possui um potencial imenso, mas ainda precisa de tempo e mais conquistas para alcançar o patamar de Anderson Silva.
Para Fernando Keller, o fator determinante é o tempo. Caso haja uma subida de divisão, por exemplo, Poatan pode ‘zerar o jogo’ e superar qualquer debate.
“Anderson Silva iniciou seu reinado no UFC em 2006, aos 31 anos de idade, tendo mais tempo para aproveitar o seu auge físico e técnico em comparação a Alex Poatan, que conquistou seu primeiro cinturão aos 35. Mesmo sendo muito ativo, é difícil imaginar que Poatan tenha tempo hábil para se aproximar das dez defesas de cinturão do Spider, mas uma subida para os pesados e um eventual e inédito terceiro cinturão pode ser um atalho interessante para Alex se tornar o maior brasileiro da história do MMA”, palpitou.
Gabriel Reis traz à discussão a comparação entre longevidade como campeão e a habilidade de ser campeão em diferentes categorias.
“Acho que, nessa discussão, é importante colocar na balança o que vale mais: ser um campeão dominante com muitas defesas ou ser campeão em categorias diferentes? Acredito que ser um campeão dominante, defendendo o título com frequência, é mais importante. Por isso, Anderson ainda é maior. Mas, com certeza, o Poatan está no caminho. Se continuar vencendo como vem fazendo, ou buscar o terceiro cinturão, aí acaba com a discussão”, disse.
Igor Ribeiro destaca o percurso distinto de Poatan no UFC, que superou adversidades e desconfianças para, além de uma ‘história de filme’ estar comparado em pouco tempo a um dos melhores lutadores da história do esporte.
“Poatan construiu sua carreira de forma incomum. Ele migrou tardiamente para o MMA após uma carreira consagrada no kickboxing, onde defendeu seu título oito vezes. No UFC, embora houvesse ceticismo inicial, rapidamente se destacou com uma série de nocautes brutais, que o colocaram como um dos lutadores mais empolgantes da atualidade. […] Se ele conseguir igualar ou superar esses números e, além disso, se tornar campeão dos pesos pesados – já tendo sido campeão nos médios e nos meio-pesados – é difícil imaginar que a discussão continue. Ele se consolidaria como o maior lutador brasileiro da história do UFC”, ressaltou.
Já Luís Antonio ressalta os aspectos intangíveis do legado de Anderson, como sua longevidade e influência no esporte.
“Anderson Silva é uma figura muito específica na história do MMA porque concentra em sua pessoa uma série de critérios que, na minha humilde opinião, credenciam os melhores da história do esporte. Tem a longevidade de um campeão. É muito difícil quando você fica anos sendo o principal lutador de uma categoria de peso. Todo mundo te olha, tenta buscar estratégias para vencer. É o cara a ser batido. Ele conseguiu a longevidade e quebrou recordes. […] Poatan mostra a cada luta que o céu é o limite, que nada é impossível pra ele. Não está no mesmo nível ainda, mas pode se tornar”, analisou.
Por fim, Tiago Campos acrescenta dois pontos cruciais: tempo e mídia.
“Creio que Poatan precisa de mais tempo no UFC. Óbvio que não estou desmerecendo os feitos dele em tão pouco tempo. Mas apesar de uma despedida melancólica do UFC, Anderson Silva construiu um legado. Foi um dos responsáveis em ‘popularizar’ o esporte no Brasil. Embora Poatan já tenha convencido o fã ‘hard’, o campeão ainda precisa de mais tempo para convencer a massa. […] Poatan já está avançado e tem tudo para construir um legado dentro do UFC. O tempo no topo atrai a mídia, que atrai o sucesso, que atrai o legado”, concluiu.
O caminho de Alex Poatan é claro: consolidar sua posição nos meio-pesados com mais defesas de título ou buscar a história ao se tornar o primeiro triplo campeão do UFC.
O tempo dirá se ele poderá alcançar ou até mesmo superar Anderson Silva, mas uma coisa é certa: o paulista já pavimentou um caminho próprio de grandeza no MMA, e a discussão sobre quem é o maior lutador brasileiro do UFC apenas começa.