No próximo sábado (31), o ex-campeão dos médios Anderson Silva fará o que muitos consideravam impensável há cerca de um ano e um mês: voltar ao esporte depois de ter sofrido uma grave fratura na perna esquerda durante a revanche contra Chris Weidman. O Spider, porém, não é o único nome que contrariou as expectativas e deu a volta por cima, retornando ao MMA depois de viver um drama relacionado a contusões e problemas físicos.
Por isso, até mesmo como inspiração para Anderson em seu regresso ao Ultimate, diante de Nick Diaz no UFC 183, o SUPER LUTAS relembra alguns exemplos de superação. Relembre histórias como a do brasileiro Rodrigo Minotauro, que já sofreu duas contusões graves no octógono e retornou após ambas, ou do ex-campeão Frank Mir, que chegou a perder seu título depois de sofrer um acidente de moto, mas voltou e lutou novamente pelo cinturão.
O primeiro atleta da nossa lista é o mineiro Gustavo Coelho. O motivo do peso pena encabeçar a relação é justamente a semelhança de sua lesão com a sofrida por Anderson Silva. Nove meses antes do incidente com o Spider, em março de 2013, Gustavo também fraturou a perna esquerda ao ter um chute baixo bloqueado em seu combate diante de Magno Alexandre, no evento nacional WOCS 24. A forte cena da contusão de Coelho é ainda mais impressionante do que a de Anderson, porque o atleta da CM System ainda tentou se apoiar no chão com a perna fraturada.
Durante um ano e dois meses, o atleta se manteve afastado dos ringues e passou por um intenso processo de recuperação. A volta de Gustavo aconteceu em casa e em grande estilo. Lutando em Belo Horizonte (MG), no evento Brasil Fight 8, ele venceu Leandro “Sete Bala” por nocaute técnico no segundo assalto, para delírio da torcida presente à sede Labareda do Clube Atlético Mineiro, palco da noite de lutas.
Amigo pessoal e mentor de Anderson Silva, Rodrigo Minotauro também tem história para contar ao Spider quando o assunto é sofrer uma lesão no octógono, dar a volta por cima e voltar a lutar. Em um intervalo de apenas um ano e meio, Minotauro sofreu duas graves lesões após ser finalizado, respectivamente, por Frank Mir e Fabrício Werdum.
Em dezembro de 2011, no Canadá, Minotauro teve sua revanche contra Frank Mir, para quem já havia sido nocauteado três anos antes. O brasileiro até teve um bom momento no combate, mas acabou pego em uma kimura, que rendeu ao norte-americano o prêmio de “Finalização do ano”. Após tentar sair da posição e demorar para bater, Rodrigo acabou com uma fratura no úmero direito (osso que liga o braço ao ombro).
Após passar por uma cirurgia, na qual colocou 16 pinos na região afetada, Minotauro voltou ao octógono diante de Dave Herman no UFC Rio 3, dez meses depois da contusão. O retorno do lendário peso pesado foi marcante, com uma finalização sobre o norte-americano, que o havia provocado e criticado o jiu-jitsu durante toda a preparação para a luta.
Em julho de 2013, no entanto, Minotauro voltaria a viver um drama dentro do octógono. No duelo dos técnicos do TUF Brasil 2 contra Fabrício Werdum, em evento realizado em Fortaleza (CE), o ex-campeão do extinto PRIDE voltou a ser finalizado, desta vez com uma chave de braço, que acabou rompendo o ligamento de seu cotovelo. Resultado: novamente Rodrigo teve que passar por uma cirurgia e ficar longe do octógono por um bom tempo.
Na volta após a segunda lesão, no entanto, Minotauro não teve tanta sorte e sofreu uma dura derrota por nocaute para o “gordinho” Roy Nelson no UFC Abu Dhabi, em abril de 2014. Esta foi, inclusive, a luta mais recente do irmão Nogueira, que já anunciou que deve encerrar sua carreira ainda em 2015.
Entre 2009 e 2010, Maurício Shogun e Lyoto Machida protagonizaram uma das rivalidades mais intensas do Ultimate e colocaram o Brasil no topo da categoria peso meio-pesado, com duas lutas seguidas pelo cinturão da divisão até 93 kg. Após ser derrotado por Lyoto em decisão polêmica dos juízes no primeiro duelo, Shogun teve nova chance em uma revanche e não desperdiçou a oportunidade, nocauteando o adversário para faturar o título. O que veio à tona após a conquista, no entanto, era que o curitibano lutou com uma grave lesão em seu joelho e precisaria de uma cirurgia imediatamente após o confronto.
Com problemas desde 2007, quando rompeu o ligamento, Shogun já havia passado por duas operações, mas voltou a sentir a articulação e chegou a agravar a lesão na época da revanche contra Lyoto. Após nocautear o rival, foi anunciado que o brasileiro faria sua terceira cirurgia e atrasaria sua primeira defesa de título.
O tempo fora de atividade cobrou seu preço e Shogun retornou somente dez meses após o triunfo sobre Lyoto. O adversário na volta foi o norte-americano Jon Jones, que não deu chances ao brasileiro e o nocauteou para se tornar o novo campeão dos meio-pesados, posto que ocupa até os dias de hoje.
Em 2004, Frank Mir era o campeão dos pesos pesados do UFC e reinava soberano na categoria até 120 kg. Porém, em setembro daquele ano, o norte-americano sofreu um grave acidente de moto ao ser atingido por um carro. Mir fraturou o fêmur em dois lugares na queda e rompeu todos os ligamentos de seu joelho. Uma grande cirurgia de reconstituição foi necessária e o Ultimate optou por criar um cinturão interino dos pesados, conquistado por Tim Sylvia.
A unificação dos títulos foi marcada para agosto de 2005, mas Frank Mir não teria condições de atuar. Por isso, o norte-americano foi deposto da condição de campeão e viu seu título cair no colo de Tim Sylvia. Ele ainda ficou fora de ação até fevereiro de 2006, quando finalmente voltou ao octógono contra o brasileiro Márcio Cruz. O resultado, porém, não poderia ser mais surpreendente, negativamente, e Mir acabou nocauteado por Cruz.
A trajetória de Frank Mir, contudo, ainda voltaria a ter grandes momentos. Após três vitórias seguidas, a última delas sobre Rodrigo Minotauro, ele conquistou o cinturão interino dos pesados em 2008, o que lhe deu o direito de enfrentar Brock Lesnar na luta principal do histórico UFC 100 – quando acabou derrotado pelo rival, que batera anos antes. Após nova sequência de três triunfos, desta vez em 2012, Mir voltou a disputar o título linear dos pesados, mas desta vez parou no brasileiro Junior Cigano.
Do alto de seus 2,13 m, o holandês Stefan Struve, literalmente, possui um coração gigante. Diagnosticado com uma condição rara que provoca o vazamento de sua válvula aórtica, devido a um coração aumentado, o lutador mostrou força de vontade para se dedicar intensamente ao tratamento e voltar a lutar, mesmo quando todas os prognósticos apontavam para o contrário.
Em março de 2013, Struve já havia sofrido um duro golpe ao fraturar a mandíbula na derrota para Mark Hunt, mas a situação do holandês ficou ainda pior quando ele se afastou do esporte por problemas cardíacos meses depois. A evolução do quadro do “Arranha-céus”, como é conhecido, foi muito rápida e sua volta ao octógono foi marcada para julho do ano passado, no UFC 175.
Apesar da grande expectativa para o retorno do peso pesado, a cautela diante de seu histórico recente falou mais alto e após ele ter desmaiado nos vestiários do evento minutos antes de entrar no octógono, seu combate com Matt Mitrione acabou cancelado de última hora.
O incidente traumático, todavia, não abalou a força de vontade de Stefan Struve que reagendou seu retorno para dezembro de 2014, diante de seu compatriota Alistair Overeem. Apesar da história de superação e da volta por cima ao pisar no octógono, Struve acabou derrotado por nocaute técnico ainda no primeiro assalto.