Retrospectiva 2014: maio a agosto – problemas, brigas, o calvário de Barão e mais problemas

Briga Jones x Cormier, confusão Sonnen x Wand e queda de Barão marcaram segundo quadrimestre. Foto: Produção SUPER LUTAS

Briga Jones x Cormier, confusão Sonnen x Wand e queda de Barão marcaram segundo quadrimestre. Foto: Produção SUPER LUTAS

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Na primeira parte da Retrospectiva 2014 do SUPER LUTAS, você acompanhou o início turbulento de ano da principal organização de MMA do planeta, o UFC. Relembrou as disputas de cinturão, as brigas e os problemas. Nesta segunda parte, que compreende os meses entre maio e agosto, você verá que as coisas não mudaram tanto assim.

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Novamente, uma briga entre dois dos principais atletas do planeta tomou conta dos noticiários esportivos, os testes antidoping e as lesões também provocaram um verdadeiro estrago nas programações e novos campeões foram coroados, tanto no Ultimate quanto nas organizações rivais.

Confira os principais destaques do ano mês a mês:

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Maio: a zebra passeia nos ringues

Barão (esq.) é golpeado por Dillashaw (dir.) no UFC 173. Foto: Josh Hedges/UFC

Com a saída de Chris Weidman e Lyoto Machida, cuja luta foi adiada para julho, o card do UFC 173 recebeu de última hora a adição da luta entre o campeão dos galos Renan Barão e o desafiante norte-americano TJ Dillashaw. Invicto há quase uma década e com um histórico recente impecável contra os principais rivais de sua categoria, o brasileiro era amplo favorito a manter o título contra Dillashaw.

Porém, o que se viu na noite de 24 de maio foi uma das maiores zebras da história do UFC. TJ Dillashaw não só quebrou a banca ao vencer Renan Barão, como o fez de maneira absoluta e incontestável, dominando o adversário ao longo de cinco assaltos até nocauteá-lo na última parcial.

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A derrota de Barão deixou o Brasil apenas com um cinturão, o do seu companheiro de Nova União José Aldo no penas, e apresentou ao público brasileiro pela primeira vez em anos a chance do país ficar sem nenhum representante entre os campeões da maior organização de MMA do planeta. Posteriormente, uma revanche entre Renan e Dillashaw foi anunciada para o UFC 177, no fim de agosto.

Pôster do Bellator 120 após as mudanças de última hora. Foto: Divulgação

Mas não foi só o UFC que viveu dias difíceis no quinto mês do ano. O grande rival Bellator tentou pela segunda vez promover seu primeiro card em pay-per-view e novamente experimentou problemas de última hora que puseram a realização do evento em risco. Porém, desta vez, ao contrário do que havia acontecido em 2013, quando a organização decidiu cancelar o PPV que seria encabeçado por Quinton Rampage e Tito Ortiz, a comercialização do card foi mantida e houve apenas uma alteração na luta principal.

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O Bellator 120 aconteceu no dia 17 de maio, no Mississipi (EUA), e, ao invés da disputa do cinturão dos leves entre Michael Chandler e Eddie Alvarez como luta principal, teve o duelo pelo título interino da divisão até 70 kg entre Michael Chandler e Will Brooks como evento co-principal. Com isso, o acerto de contas entre Quinton Rampage Jackson e “King Mo” Lawal foi promovido para combate principal.

E as zebras também tomaram conta do cage circular. Sem lutar há quase dois anos e vindo de uma lesão que atrasou sua estreia no Bellator, o membro do Hall da Fama do UFC Tito Ortiz finalizou o então campeão dos médios da organização Alexander Shmelenko, em combate válido pela categoria de meio-pesados. Na disputa do título interino, o favorito Chandler foi surpreendido por Will Brooks, que venceu em decisão dividida dos juízes. Sob o ponto de vista comercial, o pay-per-view atingiu a marca de 100 mil unidades comercializadas.

Wand (dir.) foi cortado da luta contra Sonnen (esq.) no fim de maio. Foto: Reprodução

Mas maio ainda reservava grandes surpresas em sua reta final. Enquanto a maioria da imprensa brasileira se encontrava em São Paulo (SP) para a cobertura do TUF Brasil 3 Final, uma grande bomba veio dos Estados Unidos no dia 30: Wanderlei Silva havia fugido de um exame antidoping surpresa em Las Vegas e estava fora da luta contra Chael Sonnen, programada para o UFC 175, em julho. Para o lugar do “Cachorro Louco”, o Ultimate anunciou a entrada de Vitor Belfort, que primeiramente precisaria ter sua licença para lutar concedida pela Comissão Atlética de Nevada.

A anunciada entrevista de Wanderlei Silva e Chael Sonnen durante o evento em São Paulo foi bastante aguardada, mas o brasileiro não apareceu no Ginásio do Ibirapuera. Somente Sonnen deu as caras e, sozinho, teve espaço para brilhar em bate-papo com a imprensa. O falastrão abraçou de vez seu novo status de “bom moço” e a fama positiva adquirida junto ao público brasileiro durante o TUF Brasil 3 e falou com bom humor por quase 30 minutos sobre Wand, o TUF, a luta contra Vitor e vários outros assuntos.

No octógono, no dia 31, Warlley Alves venceu Márcio Lyoto para sagrar-se campeão do TUF Brasil 3 na categoria peso médio. Nos pesados, Antônio Cara de Sapato passou por Vitor Miranda e ficou com o título. Na luta principal do terceiro evento brasileiro de 2014, o substituto de última hora Fábio Maldonado foi nocauteado rapidamente por Stipe Miocic.

Junho: mudança no Bellator e vexame de vendas no UFC

S. Coker (foto) se tornou o novo CEO do Bellator. Foto: Divulgação

O mês de junho começou com uma notícia que agitou os bastidores do MMA: a saída do presidente e fundador do Bellator Bjorn Rebney da organização e sua posterior substituição pelo ex-diretor do extinto Strikeforce Scott Coker. Por razões não divulgadas, Rebney foi preterido pela direção da Viacom, grupo que tem participação no evento e comanda a rede de televisão parceria da organização.

A chegada de Scott Coker já promoveu algumas mudanças drásticas no maior rival do UFC. De cara, Coker anunciou o fim dos tradicionais torneio do Bellator por temporadas e sua nova programação baseada em eventos distribuídos ao longo do ano. Além disso, a postura agressiva do novo diretor fez com que a organização entrasse em diversas disputas por atletas com o UFC, como no caso do ex-campeão do Strikeforce Gilbert Melendez.

Sonnen, durante entrevista concedida no Brasil. Foto: Lucas Carrano/SUPER LUTAS

Iniciada no fim de maio, a novela Chael Sonnen e Wanderlei Silva chegou ao fim de maneira melancólica com o norte-americano sendo pego duas vezes em exames antidoping surpresa e também sendo retirado do UFC 175, o que também ocasionou a retirada de Vitor Belfort do card. Após a série de polêmicas, Sonnen foi suspenso pela Comissão Atlética de Nevada e anunciou sua aposentadoria do MMA profissional.

UFC 174 teve baixo retorno de audiência em PPV. Foto: Divulgação

Com a forte concorrência da Copa do Mundo, realizada no Brasil entre meados de julho e julho, o UFC diminuiu o ritmo de eventos, mas ainda teve tempo de protagonizar um de seus maiores vexames de venda da história. Pela primeira vez, um card foi encabeçado pela disputa do cinturão peso mosca (até 57 kg) e o resultado não poderia ser mais desapontador. Embora a organização não divulgue números oficiais, dados de veículos especializados dão conta de que o evento encabeçado pela luta entre o campeão Demetrious Johnson e o desafiante russo Ali Bagautinov em Vancouver (Canadá) vendeu apenas 115 mil unidades de pay-per-view, pior marca da organização desde o UFC 53, no longínquo 2005.

Julho: Volta do Spider, evento cancelado e derrota de Machida

Lyoto (esq.) não foi páreo para Weidman (dir.) no UFC 175. Foto: Josh Hedges/UFC

A primeira semana de julho trouxe aos fãs de MMA um alento: a realização da International Fight Week – semana de eventos especiais promovida pelo UFC -, o UFC 175 e o TUF 19 Finale. Na luta mais importante do período, Lyoto Machida tentou lavar a alma brasileira, vingar a derrota do amigo Anderson Silva e conquistar o cinturão dos médios contra o norte-americano Chris Weidman.

O “Dragão”, porém, não foi bem sucedido em sua tentativa e aumentou para dois o número de brasileiros derrotados por Weidman em lutas válidas pelo cinturão. Em um duelo bastante movimentado, e considerado por muitos como um dos melhores do ano no esporte, Lyoto teve dificuldades diante da maior envergadura do campeão e, além do wrestling de altíssimo nível do rival, passou por maus momentos também na trocação. Apesar disso, Lyoto deixou uma boa impressão no fim, com uma sequência avassaladora pra cima do rival nos segundos finais, que levantou o público em Las Vegas (EUA).

No evento co-principal do UFC 175, Ronda Rousey já havia dado outro show. A loira nocauteou a especialista em jiu-jitsu Alexis Davis em poucos segundos, estendendo sua série invicta para dez triunfos consecutivos. No mesmo fim de semana, porém no domingo, aconteceu a aguardada volta de BJ Penn ao octógono, na trilogia contra Frankie Edgar no TUF 19 Finale. O desempenho do “Prodígio”, no entanto, foi decepcionante. A derrota avassaladora para Edgar fez com que ele repensasse sua condição e anunciasse o fim definitivo de sua carreira no MMA.

O pôster do jamais realizado UFC 176. Foto: Divulgação

Porém, o Ultimate não teve tempo sequer para comemorar os bons resultados no fim de semana da Independência dos EUA. Logo na segunda-feira que sucedeu a agenda cheia, dia 8 de julho, a organização anunciou oficialmente pela segunda vez em sua história que estava cancelando a realização de um evento em pay-per-view, desta vez o UFC 176.

O card, que aconteceria em Las Vegas (EUA) e teria a revanche entre José Aldo e Chad Mendes como luta principal foi suspenso após a lesão do brasileiro e diante da falta de substitutos de última hora. Com isso, criou-se uma “folga forçada” de três semanas no calendário da organização, que permaneceu sem eventos entre 26 de julho e 16 de agosto.

A. Silva (foto) volta ao octógono contra N. Diaz. Foto: Josh Hedges/UFC

O mês de julho, no entanto, não foi marcado apenas por notícias ruins para o esporte, especialmente para o torcedor brasileiro. No dia 29, a organização do Ultimate confirmou a tão aguardada volta de Anderson Silva ao octógono. Após sofrer uma grave fratura na perna esquerda na revanche contra Chris Weidman, o Spider teve seu retorno anunciado para o UFC 183, no dia 31 de janeiro de 2015, quando enfrentará o polêmico Nick Diaz.

Gustafsson (esq.) x Jones (dir.) 2 foi outra luta adiada em 2014. Foto: Josh Hedges/UFC

No fim do mês, ainda houve tempo para mais uma bomba agitar os bastidores da maior organização de MMA do planeta. Com a revanche da “Luta do ano de 2013” confirmada contra Jon Jones, o sueco Alexander Gustafsson sofreu uma lesão durante seus treinamentos e acabou cortado do combate. Para o seu lugar, o UFC promoveu para o posto de desafiante o invicto Daniel Cormier, que havia descido recentemente dos pesos pesados. A dupla Jones e DC ainda daria o que falar…

Agosto: a briga Jones x Cormier e o calvário de Barão

Dave Sholler tenta evitar briga entre Jones e Cormier. Foto: Josh Hedges/UFC

Com o hiato nos eventos do Ultimate era de se esperar que as primeiras semanas de agosto fossem tranquilas, mas quem apostou nisso errou feio. Logo no dia 4, Jon Jones e Daniel Cormier atraíram a atenção de toda a comunidade esportiva, extrapolando inclusive a barreira da própria modalidade MMA, com a briga durante um evento promocional no saguão do MGM Grand, em Las Vegas (EUA).

O embate se tornou logo um clássico instantâneo, com direito a vários memes envolvendo o diretor de relações públicas do UFC Dave Sholler (responsável por tentar separar a dupla durante a encarada que iniciou a briga, já que o presidente Dana White estava de férias). Além disso, outros momentos bem mais baixos e menos engraçados marcaram a confusão, como os gritos de guerra de Jones após o ocorrido e o fatídico arremesso de sapato de Cormier, que acabou acidentalmente atingindo uma repórter brasileira que cobria o evento.

A baixaria entre a dupla não parou por aí e se estendeu até a participação de Jones e Cormier no programa Sportscenter, do canal norte-americano ESPN. Sem saber que estavam sendo gravados, os atletas trocaram ameaças, inclusive de morte, e acirraram ainda mais a rivalidade entre eles.

Toda a expectativa gerada, no entanto, culminou em um verdadeiro anticlímax pouco mais de uma semana depois, quando Jones sofreu uma lesão durante seus treinamentos na Jackson’s MMA e o aguardado duelo com Cormier foi adiado para janeiro de 2015.

Com a saída de Barão, Dillashaw (esq.) teve que enfrentar Soto (dir.). Foto: Josh Hedges/UFC

Mas se as coisas já pareciam ruins, elas foram coisas foram ainda piores para Renan Barão. Depois de perder sua invencibilidade de quase uma década e, de quebra, o cinturão dos galos em maio, o brasileiro se viu em uma situação ainda pior na última semana do mês. Escalado para enfrentar TJ Dillashaw novamente no UFC 177, em Sacramento (EUA), Barão sentiu-se mal durante o corte de peso, desmaiou, teve que ser levado às pressas para o hospital e foi retirado do evento a apenas 24 horas de sua realização.

Para o lugar do brasileiro, o UFC escalou às pressas o estreante Joe Soto, que lutaria no card preliminar da noite e tornou-se o desafiante a entrar mais tarde em uma luta pelo cinturão na história da organização. Barão sofreu as consequências do incidente, teve retirada a nova chance pelo título, não recebeu o pagamento por sua participação no evento e perdeu prestígio junto à direção do Ultimate.

Com a saída de Barão, o UFC 177 foi mal nas vendas, tendo somente 125 mil pacotes PPV comercializados. Na luta principal da noite, TJ Dillashaw venceu Joe Soto em uma luta mais dura do que se poderia imaginar. O triunfo do campeão em sua primeira defesa de cinturão veio por nocaute no quinto assalto.

Confira nos próximos dias as outras partes da retrospectiva 2014 do SUPER LUTAS, com as principais histórias do mundo do MMA de maio a dezembro.

Publicado por
Lucas Carrano
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