Carlão Barreto destaca mudança de perfil no MMA, mas diz: ‘Não estamos no nível ideal’

Carlão Barreto (foto) é ex-lutador, árbitro, treinador e comentarista de MMA. Foto: Repdorução/Facebook

Carlão Barreto (foto) é ex-lutador, árbitro, treinador e comentarista de MMA. Foto: Repdorução/Facebook

Tendo atuado em praticamente todas as áreas no MMA, Carlão Barreto conhece o esporte como poucos. O ex-lutador, treinador, árbitro e comentarista viu de perto todas as mudanças realizadas nos últimos anos, quando a modalidade deixou de ser chamada de vale-tudo e passou a ser vista com mais profissionalismo pela sociedade.

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Em entrevista exclusiva como comemoração dos sete anos do SUPER LUTAS, Barreto mostrou um ponto de vista interessante sobre as mudanças no esporte recentemente. Para ele, as diferenças entre o MMA e o antigo vale-tudo é equivalente à comparação entre dois esportes diferentes. “Sem dúvida nenhuma o MMA nos últimos cinco anos teve um grande salto. As pessoas começaram a observar o MMA como um esporte, não só como luta, como rinha humana. Há pessoas que teoricamente não teriam o perfil para curtir o esporte, de diversos segmentos sociais, que conversam sobre MMA. Isso mostra o grau evolutivo do esporte no que tange o número de fãs. Um outro ponto importante é o número de portais, de sites que nesses sete anos que começaram a ter vontade de conhecer o esporte e noticiá-lo. Há também a questão atlética, já que hoje os lutadores são superatletas. A era mais romântica do MMA ficou para trás. Os atletas têm a rotina de treinamentos super-regrada, trabalhada em termos científicos. Sem dúvida nenhuma o MMA teve um salto muito grande nos últimos anos”, analisou Barreto.

Para o ex-atleta, o grande fator que alavancou a popularidade do MMA pelo Brasil a transmissão pela televisão aberta, a partir de 2011. “A grande mudança aconteceu quando a Globo abraçou o esporte. A gente não pode negar. E isso também foi visto na luta entre o Vitor Belfort e o Anderson Silva. Todo o Brasil parou para ver a luta. O Vitor já era conhecido e o Anderson estava surgindo e esse confronto causou uma grande comoção. Ali foi o ‘pulo do gato’”, apontou.

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Atleta profissional do esporte entre 1996 e 2005, Carlão considera que hoje em dia o caminho para o lutador que decide fazer carreira no MMA é muito mais bem aceito pela sociedade. “Na minha época, se você escolhia esse caminho para seguir carreira, você era marginalizado. Era algo underground, com regras abertas. Era uma época de pouco dinheiro e muita paixão. Era muito mais difícil ser lutador, já que você se expunha muito mais técnica e fisicamente. Hoje, o lutador tem muito mais eventos para lutar, mais oportunidades. Com a internet, você tem todas as informações possíveis e imagináveis sobre o que você quiser. Na nossa época não tinha isso. Hoje em dia, o lutador não evolui, não aprende porque não quer”, afirmou.

“Na época que era o vale-tudo ainda, existia a curiosidade. Havia mais pessoas curiosas em melhorar o condicionamento físico através de uma alimentação melhor, mas não havia educadores físicos preparados para o esporte. Eram pessoas que vinham de outras modalidades, como fisiculturismo e futebol, e tentavam trazer o seu conhecimento para o esporte. A preparação física não era tão levada a sério e a alimentação era algo mais intuitivo. A minha geração viveu um momento de descoberta de um novo esporte”, continuou o comentarista, hoje com 46 anos de idade.

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Apesar de destacar as evoluções do MMA nos últimos anos, Barreto acredita que ainda há um caminho pela frente rumo ao nível totalmente satisfatório. “Nós estamos no momento ideal? Não, ainda tem muita coisa para crescer. O MMA ainda tem muita maturidade a ganhar. Precisamos que os atletas tenham bolsas melhores, precisamos de mais investimento no esporte – não só do governo, mas das marcas que se beneficiam do esporte. Elas precisam investir na base, na formação de atletas e de centro de treinamentos”, comentou. “O MMA ainda vai evoluir muito, tanto na parte psicológica dos atletas quanto nos treinamentos. Acredito que haverá algumas adequações nas regras para que o esporte fique mais dinâmico, então ainda vejo um horizonte muito produtivo.”

Mesmo que considere que ainda seja necessário a melhoria em uma série de fatores, Carlão aponta um item específico que faria a diferença. “A base é amadora, é o MMA amador crescer. Com isso, a qualidade técnica dos profissionais vai ser muito melhor, porque ele vai ter uma bagagem competitiva, vai conseguir corrigir erros durante o percurso. Quando ele for para o profissional, ele vai estar muito melhor técnica, física e psicologicamente”, concluiu.

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Publicado por
Bruno Ferreira