Em retorno empolgante ao octógono após um período turbulento de lesões e mudanças de adversários, Charles do Bronx não perdeu tempo para mostrar a que veio no UFC 300. Em entrevista exclusiva ao canal do SUPER LUTAS no YouTube, o brasileiro rebateu as provocações de Arman Tsarukyan, comentou o “medo” de ser ultrapassado em corrida pelo cinturão dos leves (até 70,3kg.) e mandou uma indireta ao rival Islam Makhachev.
Com a serenidade de um veterano de guerra, Charles do Bronx relativizou a montanha-russa de eventos que o levou ao confronto com Tsarukyan, que envolveu corte no supercílio, lesão e Ramadã de Makhachev e provocações do armênio.
“Já aprendi que as coisas não acontecem no nosso tempo, mas no tempo de Deus. Só temos que nos manter focado, com a cabeça no lugar, respirando fundo, esperando meu momento e, no dia 13, fazer acontecer”, disse Do Bronx.
Com um olhar analítico, Charles analisou o estilo de luta de Tsarukyan e traçou sua estratégia.
“Ele vem forte e vai caindo. Eu começo lento e vou crescendo. Respeito o wrestling, jiu-jitsu e a trocação, mas não estou preocupado com o que meu adversário vai trazer pra mim, mas o que eu posso levar. Lógico que temos estratégias, assistimos lutas, só quero estar feliz, ousado, com a mente tranquila, sem problema, sem nada. Vocês sabem o que acontece”, disse o brasileiro, reconhecendo a vantagem de envergadura e apostando em um ritmo crescente.
Questionado sobre as declarações de Tsarukyan, que prometeu nocauteá-lo no primeiro round e lutar contra Makhachev em seguida, Charles do Bronx não se intimidou.
“Será que já aprendi lá dentro?! Já cresci e evoluí gigantescamente. O que eles falam ou deixam de falar, pra mim, não faz diferença nenhuma. Só quero estar perto das pessoas que eu amo, continuar focado, treinando, me dedicando e, dia 13, a gente separa os homens das crianças”.
Na inversão de papéis, Charles do Bronx se viu na posição que antes ocupava Tony Ferguson, há mais de três anos, quando os dois se enfrentaram. Agora, fica frente a frente com um adversário mais novo e pronto para chegar na ‘bolha’ entre os melhores da divisão.
“Não tem responsabilidade. Tenho que fazer meu papel como qualquer outra luta. A diferença é que, naquela época, eu era mais novo contra o Tony que era um (membro) do top 5. Hoje, sou o número um do ranking. Tenho que continuar trabalhando e me dedicando para fazer história”, analisou.
Sobre o “cinturão BMF” e a disputa pelo título dos leves, o brasileiro se mostrou tranquilo e confiante de que, com a vitória, ele consiga a revanche contra Makhachev. Ele não teme que Justin Gaethje x Max Holloway, que se enfrentam no mesmo UFC 300, furem a fila.
“Não existe esse negócio de ‘ah, você ser ultrapassado'”, disse o brasileiro, enfatizando a importância de se manter em movimento e buscar oportunidades. “Nós somos empregados do UFC. Temos nossa palavra para negociar, falar sobre valores, só que não existe falar ‘não vou lutar pelo título’. O cara responde: ‘tá bom, vai pro final da fila’. Eu não acho nada, não estou preocupado com nada. Eu só quero fazer o que tenho que fazer, que é vencer o Arman e esperar ser o próximo da fila”.
Com relação à atitude de Islam Makhachev, que desafiou diversos lutadores, exceto Charles do Bronx, o ex-campeão se mostrou cauteloso e mandou indireta para o campeão russo.
“Não tem o que falar. Só tenho que observar. O cara desafia todos os caras. Se ganhou uma bolinha de gude ele diz: ‘estou aqui, sou o próximo’. Mas quem todo mundo sabe, que o Dana White já falou, que é o próximo da fila, ele não fala. Então, deixa eu ficar quieto na minha, fazendo meu trabalho”, concluiu.