No próximo dia 13 de dezembro, o ex-campeão dos pesados Junior Cigano volta ao octógono após mais de um ano afastado, por um misto de problemas físicos e de calendário. Na data, o brasileiro enfrenta o norte-americano de ascendência croata Stipe Miocic na luta principal do UFC on FOX 13. Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, Cigano fez uma avaliação do duelo em Phoenix e previu uma luta empolgante, que vai agradar ao público.
“Com certeza, se o duelo ficar em pé, vai ser uma luta bonita de se ver. Dois pesos pesados bons de boxe trocando ali… Isso vai agradar muito ao público presente e quem vai assistir na TV”, assegurou o catarinense, que também elogiou bastante a qualidade do boxe do adversário. “O Miocic é um cara que tem um boxe muito bom. Aquele boxe amador, boxe olímpico, que é muito eficaz. Ele tem os golpes retos excelentes, é um cara bastante rápido e tem uma envergadura muito boa”, analisou.
Ainda no bate-papo com o SUPER LUTAS, Cigano, como os demais atletas entrevistados nesta série especial pelo aniversário de do site, também foi questionado sobre suas mudanças e as transformações do MMA nos últimos sete anos. Neste caso, o peso pesado não teve dúvidas, e apontou o crescimento da notoriedade do esporte como a principal evolução. “Eu acho que a maior mudança é a popularidade, que acabou alcançado o mundo todo. Na verdade, se espalhou de uma forma muito boa (…) e por consequência as oportunidades que acabaram se abrindo para muitos atletas”, afirmou.
Confira abaixo a entrevista completa com Junior Cigano:
Você nunca ficou parado por mais de um ano e está vivendo o maior hiato de sua carreira. Como lidou com esta situação ao longo dos últimos meses?
Obviamente, todo esse tempo aí, eu não estava lidando muito bem com esse tempo parado, é a primeira vez que me acontece isso, e é frustrante, a gente ficar todo esse tempo dependendo de melhorar para poder treinar e melhorar para buscar as vitórias. Então, é muito difícil. Mas a partir do momento que eu voltei a treinar e ter essa situação de ter o ritmo da competição de volta, as coisas melhoraram.
E depois de todo esse tempo parado, você vai voltar contra o Miocic, que você enfrentaria em maio e a luta acabou remarcada. Como você avalia seu adversário e qual seu prognóstico para essa luta?
O Miocic é um cara que tem um boxe muito bom. Aquele boxe amador, boxe olímpico, que é muito eficaz. Ele tem os golpes retos excelentes, é um cara bastante rápido e tem uma envergadura muito boa. Mas, apesar do boxe, ele vem do wrestling também. Ele tem boas quedas e tudo mais, mas eu acho que quanto a mim, minha principal arte hoje é o boxe, e eu estou muito confiante em minhas habilidades, independentemente de quem seja meu adversário. Na luta de MMA a gente nunca sabe o que vai acontecer e eu estou buscando me tornar um lutador mais completo, mas caso essa luta se desenvolva em cima eu vou com certeza buscar usar meu boxe. E com certeza, se o duelo ficar em pé, vai ser uma luta bonita de se ver. Dois pesos pesados bons de boxe trocando ali… Isso vai agradar muito ao público presente e quem vai assistir na TV.
Você mudou recentemente seu camp de treinamentos e tem se preparado na Nova União. Como têm sido esses treinos e o que vocês têm feito por lá visando a luta contra o Miocic?
O Miocic é um cara perigoso. A gente pesquisou bastante os pontos fortes e pontos fracos dele pra montar nossa estratégia e buscar a vitória de forma inteligente. Eu acho que é um pouco isso que está rolando, a gente tem que vir com uma estratégia muito boa. A diferença dos grandes campeões tem sido essa: uma estratégia boa, uma tática boa de luta e impor isso na hora do combate, porque propor uma estratégia é uma coisa, mas impor é outra coisa bem diferente. Então, esse treinamento aqui na Nova União está ajudando bastante e estou tendo a chance de aprender com grandes atletas, como no caso do cara que eu considero o melhor peso por peso do mundo: o José Aldo. Além dele, o Renan Barão, o Formiga, o Hacran Dias e tantos outros atletas que treinam e eu posso observar todos os dias. Além disso, o professor Dedé (Pederneiras) também é um cara bem inteligente e uma pessoa muito boa. Não é a toa que eles dizem que ele é um paizão, porque é assim mesmo. Eu tenho vivido um pouco disso e tenho gostado realmente. Acho que agora tenho visto o mundo da luta de uma forma diferente e com isso me tornei um lutador diferente.
Como você vê as mudanças no MMA do lançamento do SUPER LUTAS, há sete anos, pra cá?
Eu acho que a maior mudança foi a popularidade, que acabou alcançado o mundo todo. Na verdade, se espalhou de uma forma muito boa. Hoje em dia as pessoas acompanham, até aquelas que criticavam e não acompanhavam passaram a gostar. Essa pessoas tinham preconceito mesmo, mas conheceram um pouco mais do esporte e acabaram gostando. Acho que a maior mudança foi a popularidade que o esporte alcançou e por consequência as oportunidades que acabaram se abrindo para muitos atletas, porque hoje em dia a demanda está muito alta – todos estão treinando bastante e sonham em se tornar um grande atleta que pode chegar ao UFC. Isso já era um sonho antigamente, mas para uma minoria, hoje em dia está mais abrangente.
E no seu caso? O que mudou no Junior Cigano nos últimos sete anos?
Eu mudei muito nesses sete anos, e para melhor. Eu acho que aprendi mais e me tornei um atlteta mais profissional e também uma pessoa melhor, mais experiente e envolvida com o que eu amo fazer. E pude alcançar coisas importantes, como o ponto alto da minha carreira que foi conquistar o cinturão, ser campeão mundial, e poder defender esse cinturão uma vez também. Acho que tudo aconteceu de uma forma muito boa para mim e espero que continue assim, com cada vez mais oportunidades.
Já que falamos do passado, agora é a vez do futuro. Como você imagina o MMA daqui a sete anos?
Eu acredito que o MMA vai continuar mudando. O esporte está em uma crescente, as pessoas estão se apaixonando cada vez mais e acho que vai acabar mudandoainda mais, se tornando um esporte cada vez mais acompanhado pelas pessoas – o que vai trazer também novas oportunidades para os atletas. Eu acredito também que temos que estar nos preparando para sermos bons atleta no futuro, porque eu acho que vem por aí atletas muito melhores do que a gente tem hoje, com um nível de aprendizagem diferente do que temos e um suporte melhor. Acredito que teremos outros eventos além do UFC, e tão grandes quanto o UFC, e acho que isso pode ser uma parte importante também para difundir o esporte no mundo todo.
Por último, e o seu futuro? Como você se imagina daqui a sete anos?
Eu amo fazer o que eu faço e me sinto muito bem. Na verdade é um estilo de vida, a gente não consegue ficar sem. Tanto que você vê vários atletas que se aposentam e acabam voltando, porque não conseguem ficar sem a competição e sem se testar. Então a minha intenção é continuar sim lutando até onde eu conseguir de maneira saudável, não quero forçar nada e não quero que as coisas cheguem a um momento que não seja prazeroso pra mim, mas se eu puder quero chegar até os 40.