ESPECIAL: Eras chegaram ao fim e UFC se consolidou nos primeiros anos do SUPER LUTAS

Sete anos se passaram desde o dia 21 de novembro de 2007, data em que o SUPER LUTAS foi criado. Este período pode ser considerado curto por alguns, mas em um esporte em crescimento como o MMA, parece se tratar de uma eternidade.

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Afinal, estes sete anos foram suficientes para vermos a ascensão meteórica do UFC pelo planeta, o surgimento e fim de eventos promissores, a consolidação de algumas lendas e as quedas de outras. O MMA, que ainda buscava seu lugar ao sol ao fim da década passada, hoje é considerado um dos esportes populares em mercados como Estados Unidos e Brasil – e vamos relembrar esta trajetória com o especial de aniversário do SUPER LUTAS.

Nesta primeira parte, você vai relembrar os acontecimentos mais marcantes do mundo das artes marciais mistas entre 2007 e 2010, os primeiros de existência do SUPER LUTAS. Entre os principais destaques estão o fim do evento japonês PRIDE e a queda de algumas de suas principais lendas. Mas não falaremos só de declínio, afinal de contas foi este o período que assentou as bases para a explosão global do UFC vivida nos dias atuais.

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2007 – O fim de uma era e o início de outra

Nossa viagem no tempo começa alguns meses antes da criação do SUPER LUTAS. O ano de 2007 marcou o fim de uma das era mais nostálgicas do MMA com a extinção do evento japonês PRIDE, lembrado até hoje com saudade pelos fãs de todo o planeta.

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Ainda no fim de 2006, o PRIDE passava por um momento de crise. Cercado de rumores sobre uma possível conexão com a organização criminosa Yakuza, o evento perdeu o contrato de transmissão na televisão e entrou em um momento de dificuldades, o que culminou em sua compra por parte da Zuffa, a empresa dona do UFC, no início de 2007.

PRIDE FC foi promovido entre 1997 e 2007. Foto: Divulgação/DSE

Em um primeiro momento, a intenção da Zuffa seria em continuar realizando os eventos do PRIDE normalmente – inclusive, um GP dos leves havia sido anunciado para 2007, com direito a participações de Matt Hughes e Diego Sanchez. Porém, a ideia foi deixada de lado pouco depois e o último evento, o PRIDE 34, aconteceu no dia 8 de abril.

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Depois disso, houve uma debandada de atletas rumo aos Estados Unidos, incluindo Maurício Shogun, Rodrigo Minotauro, Wanderlei Silva e Dan Henderson, que se juntaram aos antigos colegas Quinton Jackson e Mirko Cro Cop no UFC. O Ultimate se consolidava cada vez mais como a potência indiscutível do esporte.

E logo as primeiras lutas dos ex-PRIDE no UFC já foram suficientes para indicar que uma nova era do MMA estava prestes a começar. A guerra protagonizada por Chuck Liddell e Wanderlei Silva, as derrotas surpreendentes de Maurício Shogun e Mirko Cro Cop para Forrest Griffin e Gabriel Napão, respectivamente, além de outros combates épicos, davam indícios de que o futuro seria brilhante para o UFC. E foi.

2008 – O surgimento de novas estrelas

Anderson (dir.) e Franklin (esq.), sua primeira vítíma em lutas pelo cinturão. Foto: Divulgação

Mesmo com a chegada dos grandes nomes do PRIDE ou até mesmo com o bom momentos de nomes lendários como Randy Couture, o ano de 2008 começou promissor para duas “pratas da casa”. O então campeão dos médios do UFC, Anderson Silva, entrou de vez na lista dos grandes ao finalizar Dan Henderson no combate que marcou a unificação dos cinturões do Ultimate e PRIDE; já Georges St. Pierre caiu nas graças do povo ao recuperar o título dos meio-médios ao bater seu antigo algoz Matt Serra diante da torcida canadense.

Anderson, aliás, se tornou personagem chave no UFC ao assumir papel fundamental em uma manobra da organização para responder ao crescimento de um evento concorrente. O Affliction, evento recém-criado pela marca de roupas homônima e apoiado pelo milionário Donald Trump, havia preparado uma super atração para o dia 19 de julho, com Fedor Emelianenko (um dos grandes do PRIDE que não migrou para o UFC), Tim Sylvia, Andrei Arlovski, Josh Barnett, Pedro Rizzo, Rogério Minotouro e Vitor Belfort. Para não deixar barato, o Ultimate, então, organizou uma luta de Anderson na categoria de cima, quando detonou James Irvin logo no início do primeiro round.

O fracasso das negociações entre Emelianenko e o UFC também afetou o destino de uma estrela do octógono. O então campeão dos pesados do Ultimate, Randy Couture, abriu mão de seu título para tentar desafiar o russo, que, na época, era considerado o melhor atleta do peso em atividade. Isso abriu caminho para a criação do cinturão interino, conquistado por Rodrigo Minotauro.

A luta entre Couture e Emelianenko acabou não acontecendo, e o norte-americano teve de voltar ao UFC. Na luta que marcou seu retorno, Couture acabou sendo derrotado pelo gigante Brock Lesnar, que, vindo do pro-wrestling, conquistou o cinturão linear dos pesados logo em sua quarta luta de MMA.

Se 2008 começou promissor para os atletas do Brasil, o sentimento no fim do ano era de tristeza. No último evento da temporada, o UFC 98, dois dos nomes mais queridos da torcida brasileira acabaram caindo de maneira brutal. Rodrigo Minotauro perdeu o cinturão interino para Frank Mir ao sofrer o primeiro nocaute da carreira, e Wanderlei Silva sucumbiu de forma assustadora na trilogia com seu arquirrival Quinton Rampage Jackson.

2009 – Com UFC em alta, principal ameaça entra em colapso

A temporada de eventos em 2009 começou já mostrando aquela que seria uma nova tendência do UFC para os anos seguintes. Logo no primeiro evento, em janeiro, um novo mercado estava sendo desbravado, com o evento de número 93 sendo realizado em Dublin, capital da Irlanda. Meses mais tarde, a organização fincaria sua bandeira em outra praça europeia, a Alemanha, com a realização do UFC 99.

Evento UFC 100 marcou história. Divulgação/UFC

Mas nada chegava perto do evento que é até hoje considerado referência de qualidade e sucesso no UFC. No dia 11 de julho foi realizado o UFC 100, encabeçado por dois dos maiores vendedores de pay-per-view da história, Brock Lesnar e Georges St. Pierre. Os dois astros defenderam com sucesso seus cinturões, sendo que a noite também contou com o nocautaço de Dan Henderson sobre Michael Bisping. Não à toa, a atração é até hoje a maior vendedora de pacotes na história do UFC, com 1,6 milhão de compradores.

A temporada de 2009 para o UFC foi além do sucesso do evento de número 100. Algumas outras lutas marcantes foram realizadas, como a vitória de GSP sobre BJ Penn na revanche, a conquista do título de Lyoto Machida ao nocautear Rashad Evans, a luta polêmica do mesmo Machida em sua primeira defesa contra Maurício Shogun, e a atuação histórica de Anderson Silva contra o ex-campeão dos meio-pesados Forrest Griffin.

O ano de 2009 também viu a derrocada daquele que pintava ser o grande rival do UFC. O Affliction fez um evento de sucesso no mês de janeiro, com Fedor Emelianenko botando Andrei Arlovski para dormir, mas acabou encerrando suas atividades com apenas duas atrações realizadas.

Um terceiro show estava agendado para agosto, com a atração principal sendo o combate entre Fedor e Josh Barnett. Contudo, a poucos dias de sua realização, Barnett foi flagrado em um exame antidoping surpresa e foi retirado do card. Vitor Belfort, que vinha lutando entre os médios nas edições anteriores, chegou a ser anunciado como substituto do norte-americano, mas o evento acabou cancelado e o Affliction nunca mais aconteceu.

Isso acabou fortalecendo o UFC em dois aspectos: a maior ameaça havia deixado de existir, e o plantel de lutadores foi reforçado com a chegada de vários “órfãos” do Affliction, como Vitor Belfort, Ben Rothwell e Paul Daley.

2010 – A queda dos pesados e a chegada dos levinhos

Werdum pega Fedor no triângulo que lhe garantiu a vitória. Foto: Divulgação/Strikeforce

 

Em 2010, os fãs de MMA sonhavam com uma luta entre os dois maiores pesos pesados em atividade: Fedor Emelianenko, ex-campeão do PRIDE e invicto há quase dez anos, Brock Lesnar, o campeão do UFC. Porém, aquele ano marcou a queda de ambos, curiosamente para atletas que hoje em dia são os grandes destaques da categoria.

O primeiro a sucumbir foi Emelianenko, naquela que é considerada uma das maiores zebras da história do MMA. Em julho, em sua segunda luta pelo Strikeforce, o russo caiu em uma armadilha de Fabrício Werdum e foi finalizado com um justo triângulo com pouco mais de um minuto de luta. O resultado serviu para alçar Werdum ao posto de estrela dos pesados e iniciou uma fase ruim de Emelianenko, que, após 29 lutas sem perder, sofria a primeira de três derrotas em sequência.

Uma semana depois, no UFC 116, Lesnar flertou com a derrota após levar uma verdadeira surra de Shane Carwin no primeiro round. Ele conseguiu a virada no período seguinte, com uma finalização, mas não resistiu à defesa de cinturão seguinte, quando foi atropelado por Cain Velasquez e perdeu seu título.

Lesnar (deitado) sofreu contra Carwin antes de perder para Velasquez. Foto: Divulgação/UFC

Se a situação ficou tenebrosa para os maiores nomes dos pesados, os atletas de categorias mais leves tiveram o empurrão que faltava rumo ao estrelato. O WEC, evento irmão do UFC, teria encerradas as suas atividades ao fim 2010, o que significava que seus atletas seriam absorvidos pela maior organização de MMA do planeta. Isso provocou a chegada de pesos leves como Benson Henderson, Anthony Pettis e Donald Cerrone, além da criação das categorias dos penas e galos no Ultimate. José Aldo, campeão dominante do WEC, chegou ao UFC já como dono do cinturão na divisão até 66 kg, posição que mantém até hoje.

2010 também foi marcado por capítulos importantes na expansão internacional do UFC. Em fevereiro, o octógono foi recebido com sucesso na Austrália, em evento que bateu recordes de público e aceitação. Em abril, no entanto, um grande tropeço foi dado em Abu Dhabi, com uma atração que deixou a desejar graças à luta pouco atrativa entre Anderson Silva e Demian Maia.

CONFIRA TAMBÉM A SEGUNDA PARTE DESTE ESPECIAL.

Publicado por
Bruno Ferreira
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