Amanda Serrano, uma das maiores estrelas do boxe feminino, decidiu abrir mão de um de seus quatro cinturões mundiais peso pena em protesto contra a desigualdade de gênero no esporte. A pugilista porto-riquenha anunciou em suas redes sociais que renunciou ao título do Conselho Mundial de Boxe (WBC), que não aceitou homologar uma luta de 12 rounds de três minutos entre mulheres, como é o padrão para os homens.
Serrano defendeu sua hegemonia na divisão dos penas em outubro, quando venceu a brasileira Danila Ramos por decisão unânime em Orlando, nos Estados Unidos. O combate foi histórico por ser o primeiro de unificação de cinturões femininos disputado em 12 assaltos de três minutos cada, a mesma regra adotada para os duelos masculinos.
Ela, na ocasião, manteve em sua posse os títulos da Federação Internacional de Boxe (IBF), da Associação Mundial de Boxe (WBA) e da Organização Mundial de Boxe (WBO), mas o da WBC não estava em jogo, pois a entidade se recusou a sancionar a luta nessas condições.
Em seu comunicado, publicado nas redes sociais, Amanda Serrano afirmou que ama o boxe e que doou sua vida ao esporte, mas que não vai aceitar lutar por uma entidade que não quer dar a ela e às suas colegas lutadoras a escolha de competir da mesma forma que os homens. Ela agradeceu às outras entidades que evoluíram em prol da igualdade e disse que quem quiser enfrentá-la no ringue terá que aceitar suas condições.
“Sou a primeira campeã entre as mulheres a lutar 12 rounds de três minutos. Se um órgão sancionador não quer dar a mim e outras lutadoras a escolha de lutar da mesma forma que os homens, eu não vou lutar. O WBC se recusou a evoluir o esporte por igualdade. Então estou renunciando ao título deles. Obrigado às entidades que evoluíram em prol da igualdade!”, comunicou Serrano.
O WBC ainda não se pronunciou oficialmente sobre a renúncia de Serrano, mas em entrevistas anteriores, o presidente da entidade, Mauricio Sulaiman, disse que a regra dos 10 rounds de dois minutos para as mulheres visa proteger a saúde das lutadoras, que segundo ele, têm uma fisiologia diferente dos homens e estão mais suscetíveis a lesões cerebrais.
Amanda Serrano, que tem 35 anos e um cartel de 46 vitórias, duas derrotas e um empate, com 30 nocautes, ainda não tem data para voltar ao ringue.