Aposentado oficialmente do MMA desde a última sexta-feira (19), Wanderlei Silva acabou punido pela Comissão Atlética de Nevada e banido para sempre de qualquer combate no estado norte-americano. A sanção imposta, no entanto, parece não incomodar o “Cachorro Louco”. Durante entrevista, Wand assegurou que não subirá mais aos ringues para lutar profissionalmente e fez questão de voltar a se opor ao Ultimate, dizendo que não deseja ter mais nenhum tipo de relação com a organização.
“Eu (ainda) tenho contrato. Eles quiseram renovar há pouco tempo, mas eu já disse que não quero. Quero rescindir. Não trabalho mais com essa organização e, pelo UFC, eu não luto nunca mais. Não sei, mas não quero mais. Para mim, não interessa mais isso. Não luto por eles e não luto por ninguém. Essa organização não me tratou como deveria. Não só eu, é que os atletas não podem falar”, disse Wand, em entrevista ao site do canal “Combate”. O lutador também disse que não aceitaria qualquer tipo de honraria vinda do evento. “Não tenho necessidade nenhuma. Acho que o Hall da Fama quem faz são os fãs. Dessa organização, não quero mais nada. Se me derem, eu não aceito. Meu Hall da Fama são meus fãs”, afirmou.
O fim da carreira parece também ter mudado um pouco Wanderlei, que mudou seu tom sempre crítico ao mencionar Chael Sonnen. Ao falar do ex-desafeto, o curitibano chegou a dizer que ele teria sido injustiçado pelo Ultimate e também não perdeu a chance de alfinetar outro rival: Vitor Belfort. Ao falar do compatriota, porém, Wand acabou se valendo de algumas informações imprecisas e chegou a comparar os resultados dos exames surpresa de Belfort e Sonnen – quando o primeiro apresentou níveis elevados de testosterona e o segundo foi flagrado por duas vezes com cinco substâncias proibidas diferentes.
“Essa punição dada ao Sonnen é uma baita injustiça. A gente não sabe o que está por trás desta comissão, porque, na mesma audiência que puniram o Sonnen, tinha outro atleta (Vitor) que testou níveis altíssimos de testosterona em fevereiro e foi liberado para disputar o cinturão em dezembro. Os dois tinham o mesmo número de incidências. O mesmo caso. Um é banido e outro liberado pra lutar. Temos que saber quem está regulando essa comissão, quem controla, porque parece um circo. Fazem o que querem e vamos reclamar com quem? Ninguém sabe quem controla a entidade. Eles não respeitam as próprias leis deles. É complicado. Ninguém sabe o que está acontecendo, quem gerencia, quem está por trás, afirmou.
Além disso, Wanderlei Silva também criticou o nível atual do MMA e apresentou suas próprias justificativas para o que considera um momento de declínio no esporte. “Infelizmente agora está tendo um retrocesso. Chegou no topo, cresceu, regularizou, mas agora a máquina está oprimindo o lutador e estamos em declínio. Declínio na qualidade das lutas, dos fãs que estão insatisfeitos. Termina o evento e o cara fala: ‘Mas que evento de mer**! Que lutinhas porcarias!’ Os mesmos fãs que vieram, são os mesmos que daqui a pouco estão indo embora. (…) Isso começou de um tempo pra cá. Quando o promotor quer aparecer mais que os atletas, é um grande perigo. Tem que dar luz para quem faz o show, não pode querer luz sem tomar um tapa. Tem que promover o evento, fazer o que tem que fazer, mas não pode aparecer mais que o atleta. Senão entra nesse declínio que está acontecendo agora.
Por fim, o “Cachorro Louco” rechaçou qualquer possibilidade de voltar aos ringues no futuro, mesmo que sua punição vitalicia por parte da Comissão Atlética de Nevada seja revogada. “Nesse momento, não tenho intenção nenhuma de voltar a lutar. Estou sem vontade nenhuma. Não consigo subir no tatame para treinar. Nem continuar treinando luta, estou conseguindo. Tudo que aconteceu me afetou muito e estou tentando passar por tudo isso para tentar ter uma vida normal. Isso não está acontecendo por punição nenhuma. Eu não tenho mais vontade”, concluiu.