Campeã do ONE, Angela Lee faz confissão chocante, revela tragédia familiar e alerta sobre saúde mental no MMA. Foto: Reprodução/Instagram/@angelaleemma
Campeã peso átomo (até 52,2kg.) do ONE Championship, Angela Lee abriu o jogo sobre saúde mental, suicídio e tragédia familiar. Em artigo publicado no site The Players’ Tribune, a lutadora de 27 anos contou que sofria de problemas de saúde mental e que chegou a um ponto em que preferiu se matar a enfrentar a pressão de uma luta.
Lee disse que estava obcecada em bater o peso para sua última defesa de título daquele ano e que sentia vergonha de não conseguir. A campeã afirmou que tentou se machucar de várias formas para não ter que lutar, como quebrar o próprio braço ou se dar uma concussão. Quando nada disso funcionou, ela decidiu dirigir em alta velocidade em uma estrada perigosa no Havaí e bater seu carro contra a mureta.
“Eu simplesmente apertei meu pé até o fundo no pedal do acelerador. O mais fundo que ele podia ir. Eu não sei a que velocidade eu estava. Mas era tão rápido quanto meu carro podia se mover. Eu queria bater na mureta o mais forte que eu pudesse, e eu só lembro de virar o volante e desviar e depois bater em alguma coisa, e depois foi só rolar”, escreveu Lee.
A lutadora sobreviveu ao acidente, mas sofreu várias fraturas e teve que ficar afastada do esporte por um ano. Ela disse que bloqueou a realidade do que havia feito para se “proteger” e que só conseguiu se abrir sobre o assunto depois de muita terapia e apoio da família.
Lee também revelou que sua irmã mais nova, Victoria Lee, também tirou a própria vida em dezembro do ano passado. Victoria era uma promessa do MMA e tinha apenas 17 anos quando morreu. Angela disse que sua irmã era a pessoa mais altruísta que ela conhecia e que sente muito a sua falta.
“Eu sei que ela está em um lugar melhor agora, mas isso não torna as coisas mais fáceis. Eu ainda choro por ela todos os dias. Eu ainda me pergunto se eu poderia ter feito algo diferente para salvá-la”, desabafou Lee.
A campeã disse que decidiu compartilhar sua história para ajudar outras pessoas que possam estar passando por situações semelhantes e para incentivar o diálogo sobre a saúde mental no esporte. Angela afirmou que está em um momento melhor agora, mas que ainda luta contra seus demônios internos.
“Eu não estou curada. Eu ainda tenho meus altos e baixos. Mas eu estou aprendendo a lidar com eles. Eu estou aprendendo a ser mais gentil comigo mesma. Eu estou aprendendo a pedir ajuda quando preciso. E eu estou aprendendo a viver cada dia com gratidão e amor”, concluiu Lee.
Nascida no Canadá, mas com ascendência chinesa, coreana e singapurense, Angela Lee começou a treinar artes marciais aos 6 anos de idade e estreou no MMA profissional aos 18 anos, em 2015.
Ela se tornou a pessoa mais jovem a conquistar um título mundial de MMA ao derrotar Mei Yamaguchi em 2016, aos 19 anos. A lutadora é a campeã mais longeva da história do ONE, sendo considerada uma das melhores lutadoras da Ásia e uma especialista em finalizações, tendo vencido nove de suas 11 vitórias por submissão.
