Consagrado no UFC 293, realizado no último fim de semana, Sean Strickland é o assunto do momento. Novo líder dos médios, depois de destronar Israel Adesanya, o ‘bad boy’, mesmo com vitória incontestável, acabou se inserindo na lista de ‘campeões mais improváveis’ na história do Ultimate. No grupo, figuram nomes como Michael Bisping e Chris Weidman, que também lideraram a categoria até 83,9kg. da empresa em algum momento.
Azarão nas casas de apostas, Strickland fez o que parecia ser impossível no maior desafio de sua carreira como profissional no MMA. Diante daquele que, para muitos, é visto como o ‘sucessor de Anderson Silva’, o norte-americano teve performance dominante e se tornou o 12º atleta a deter o título da categoria.
O feito improvável de Sean ao desbancar um dos melhores na história do grupo não é inédito. Por anos, as artes marciais mistas se mostra ‘uma caixinha’ de surpresa e já alçou nomes subestimados ao estrelato na companhia.
Abaixo, o SUPER LUTAS aponta a lista de atletas que ignoraram as probabilidades e vestiram título do UFC. Confira:
Detentor do cinturão dos meio-médios no UFC entre 2007 e 2008, Matt Serra segue como uma das grandes zebras na história do MMA. Há mais de 16 anos, o norte-americano subia no octógono para seu maior desafio da carreira.
Com prestígio de ter vencido o ‘The Ultimate Fighter’ (TUF) 4, o lutador conquistou o direito de desafiar Georges St-Pierre, que já despontava como lenda da categoria. No confronto, uma performance agressiva de Serra chocou o mundo e fez de GSP uma vítima emblemática no fatídico 7 de abril de 2007. O atleta, no entanto, acabou superado pelo próprio canadense em sua primeira defesa de título, ocorrida na temporada seguinte.
Em novembro de 2021, os astros se alinharam para novo desfecho improvável no Ultimate. Após conquistar ‘no grito’ uma disputa de título nos galos (até 61,2kg.) contra a lendária Amanda Nunes, Julianna Peña teve sua oportunidade, e não desperdiçou.
No UFC 269, em que os protagonistas eram Charles do Bronx e Dustin Poirier, a venezuelana teve seu momento de sucesso e brilho. Após ser dominada no primeiro round contra a ‘Leoa’, Peña ‘virou a chave’ e iniciou uma sessão de castigo diante do ícone do MMA feminino. Com performance atípica, a brasileira sucumbiu, sendo finalizada no segundo round e tendo encerrado um reinado de cinco anos.
A baiana, no entanto, deu a volta por cima. Em revanche imediata, a lenda devolveu o massacre e castigou Peña por ‘intermináveis’ 25 minutos, reassumindo o trono da divisão.
Dono de uma trajetória longa e instável por grande parte de sua carreira no MMA, Michael Bisping pode se orgulhar de figurar na lista de campeões do UFC. Vítima de nomes como Rashad Evans, Wanderlei Silva, Dan Hendersson e Vitor Belfort, o inglês teve caminho árduo até chegar à improvável disputa de cinturão na companhia.
Quando o fez, o líder do peso médio era Luke Rockhold, que esbanjava talento em seu auge. O confronto aconteceu no UFC 199, e marcava uma revanche entre os protagonistas. Anos antes, Michael havia sido finalizado sem maiores problemas para o norte-americano.
No segundo encontro, Bisping provou a imprevisibilidade do MMA ao mundo. Com nocaute avassalador no primeiro round, o lutador assumiria o posto que, por anos, foi de Anderson Silva. O sonho, porém, durou cerca de uma temporada. Em sua primeira defesa de título, o inglês acabou facilmente batido por Georges St-Pierre, que deixou a aposentadoria para se testar no peso médio do Ultimate.
Campeã do ‘TUF’ 26, Nicco Montaño detém história curiosa dentro da companhia. Em compromisso na final do ‘reality show’ do UFC, a lutadora conquistou o título inaugural do peso mosca (até 56,7kg.) no confronto diante de Roxanne Modafferi, em 2017.
Detentora do primeiro cinturão da categoria, engana-se quem possa acreditar que a atleta tenha perdido o trono na primeira ou segunda defesa de título. Nicco acabou perdendo o posto após conviver com série de lesões que a impediam sua frequência nas competições.
Longe do topo absoluto dos moscas e com histórico de contusões, Montaño acabou desligada do UFC em 2021. Após a conquista do título em 2017, a combatente realizou apenas um desafio, em 2019, quando foi superada por Julianna Peña.
Conhecida como ‘a Filha do Pastor’, Holly Holm, para muitos, é a maior zebra na história do Ultimate, considerando disputas de cinturão. Em 2015, no fatídico UFC 193, a norte-americana conquistou a oportunidade de medir forças contra Ronda Rousey, grande estrela da companhia, que liderava, com sobras, o peso galo feminino.
Azarão nas casas de apostas, Holm teve performance apoteótica. Sem dar chances ao judô e jiu-jitsu de elite da então campeã, Holly deu show de estratégia e castigou a lenda por dois rounds. Após um chute alto que entrou para os livros do UFC, a desafiante apagou a adversária e levou o público à loucura pelo desfecho e conquista inéditos.
Como campeã, Holm não teve um reinado longo. Cerca de quatro meses depois, a lutadora topou o desafio de encarar Miesha Tate e acabou finalizada pela rival em sua primeira defesa de título.
Alguns podem não se lembrar, mas a veterana Germaine de Randamie já ostentou um cinturão no UFC. Em 2017, a companhia promoveu desafio pelo cinturão inaugural do peso pena (até 65,7kg.), e escalou a holandesa com adversária de Holly Holm pelo título do grupo.
Na luta, Germaine teve performance sólida e controlou a adversária por grande parte dos 25 minutos disputados. Após cinco rounds, a combatente foi declarada vencedora na decisão unânime e levou para casa o objeto dos sonhos de qualquer atleta da companhia.
Algo incomum, no entanto, marcou a trajetória de Randamie como campeã. A lutadora se recusou a defender o trono contra Cris Cyborg, que havia sido contratada pela organização em 2016. Com a decisão, o UFC optou por retirar o título da veterana.
Vencedora do ‘The Ultimate Fighter’ 20 no duelo contra Rose Namajunas, em 2014, Carla Esparza se tornou a primeira campeã dos palhas (até 52,1kg.) na história do UFC. No entanto, esta não foi a conquista improvável da norte-americana em sua trajetória no MMA.
Destronada em sua primeira defesa de título, ocorrida em 2015, quando foi nocauteada por Joanna Jedrzejczyk, a norte-americana teve longo caminho até conseguir nova oportunidade de lutar pelo trono do grupo.
Apenas em 2022, depois de somar seis resultados positivos em sequência, Esparza foi agraciada com a condição de desafiante, e a adversária era Rose Namajunas, vítima de sua conquista oito anos antes. Azarão nas casas de apostas e contrariando o as boas apresentações da antiga rival, que reinava pela segunda vez na categoria, Carla voltou a vestir o cinturão após cinco rounds de performance apática da então campeã.
Ainda com desconfiança, Esparza voltou a perder o título na primeira defesa. Desta vez, a responsável pelo tropeço foi Weili Zhang, que vestiu a cinta após finalizar a veterana no segundo round.
Campeã dos moscas (até 56,7kg.) do UFC desde março de 2023, Alexa Grasso também faz parte desta lista. A mexicana, que defende o cinturão da categoria em 16 de setembro entrou para a história da companhia ao destronar a, então, imbatível na divisão, Valentina Shevchenko.
O feito da lutadora repercutiu. No Noche UFC, a combatente subirá no octógono para revanche imediata contra a quirguistanesa, que, para muitos, é uma das melhores atletas do MMA em todos os tempos.
A nova luta contra Shevchenko marca a primeira defesa de título de Grasso.
Embora tenha conquistado fama no UFC como um dos melhores representantes dos galos na história, TJ Dillashaw não era favorito em sua primeira disputa de cinturão na companhia. A desconfiança fazia sentido quando se analisava o campeão da época: Renan Barão, considerado por Dana White como o maior peso por peso da organização.
O ano era 2014 e o brasileiro, que havia conquistado o título interino duas temporadas antes, era recém efetivado como campeão linear, pelas recorrentes lesões de Dominick Cruz. Antes da luta, Renan acumulava sete apresentações no Ultimate, e não conhecia o sabor da derrota na organização.
Contra Barão, Dillashaw chocou o mundo com atuação irretocável. Grande azarão nas casas de apostas, o norte-americano brutalizou a estrela tupiniquim com nocaute no quinto round, assumindo o topo da divisão.
Como campeão, Dillashaw acabou perdendo o trono na primeira tentativa de defesa. O responsável por destronar TJ foi Dominick Cruz, que, recuperado das contusões, faturou o cinturão em confronto equilibrado ocorrido em 2016.
Referência no MMA, Frankie Edgar é considerado uma lenda do esporte, mas nem sempre deteve a fama. No UFC 112, o lutador foi escalado para enfrentar BJ Penn, que, para muitos, é o melhor peso leve (até 70,3kg.) na história da companhia.
No embate, Edgar surpreendeu os espectadores ao bater o oponente, que colecionava vítimas no grupo naquela época. Depois de vestir o cinturão, Frankie concedeu revanche imediata a Penn e, no segundo encontro, voltou a vencer na decisão dos juízes.
O norte-americano teve êxito em duas defesas de título, no empate diante de Gray Maynard e no atropelo diante do mesmo rival na temporada 2011. A queda de Edgar viria a acontecer na temporada seguinte, quando sucumbiu por duas vezes diante de Ben Hendersson.
Desafeto de grande parte da torcida brasileira, Chris Weidman protagonizou uma das conquistas mais emblemáticas dentro do UFC. Em 2013, o norte-americano conquistou a condição de desafiante contra o lendário Anderson Silva.
Mesmo invicto naquele momento, o norte-americano subia no octógono cercado de desconfiança por medir forças contra um dos melhores de todos os tempos. Na luta, porém, Chris surpreendeu e não caiu nas armadilhas jogadas por ‘Spider’. O triunfo do desafiante aconteceu no segundo round, ao emplacar nocaute épico no então ‘rei’ da categoria.
Por se tratar de Anderson Silva, que liderava o peso médio desde 2006, uma revanche imediata foi concedida pela organização. Promovida também em 2013, a luta teve desfecho anticlimático, com a dramática lesão sofrida pelo brasileiro no segundo round, que determinou o fim do embate.