Com Minotauro x Nelson e um card enxuto, UFC tenta pela segunda vez conquistar Abu Dhabi

Maior organização de MMA do planeta tenta entrar de vez em um mercado desafiador no Oriente Médio

UFC tentará pela segunda vez conquistar Abu Dhabi. Foto: Reprodução/YouTube

UFC tentará pela segunda vez conquistar Abu Dhabi. Foto: Reprodução/YouTube

Nesta sexta-feira (11), o UFC dará um passo importante em seu plano de expansão internacional. Pela segunda vez, a organização realizará um evento em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, com o discurso de que o Oriente Médio é um mercado alvo para o futuro próximo.

Há exatos quatro anos, no dia 10 de abril de 2010, o UFC desembarcou pela primeira vez na cidade com intenções ambiciosas. Duas disputas de cinturão, incluindo Anderson Silva, um dos maiores astros da história da organização, além de uma luta entre Matt Hughes, ex-campeão dos meio-médios, e Renzo Gracie, um dos atletas de MMA mais conhecidos em Abu Dhabi. Esses eram os indícios de um evento que tinha tudo para ser um marco para o Ultimate. Porém, o tiro acabou saindo pela culatra.

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Na luta principal da noite, Anderson Silva exagerou nas brincadeiras e provocações para com seu desafiante, Demian Maia. Se nos primeiros rounds o campeão tinha o apoio da torcida, no fim, ouvia-se vaias e gritos que exaltavam Georges St. Pierre, então dono do cinturão dos meio-médios. Dana White, presidente do UFC, admitiu que aquele foi seu pior momento diante da organização até então. Contudo, demorou, mas o UFC enfim voltará a Abu Dhabi.

Postura de Anderson na luta contra Demian não agradou ao público de Abu Dhabi. Foto: Divulgação/UFC

Postura de Anderson na luta contra Demian não agradou ao público de Abu Dhabi. Foto: Divulgação/UFC

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Mas por que é importante para o UFC prosperar no Oriente Médio? Abu Dhabi, bem como sua vizinha luxuosa, Dubai, há anos investe pesado para se tornar relevante para o mundo ocidental, através de eventos como o GP de Abu Dhabi de Fórmula 1, o Mundial de Clubes da FIFA (2009 e 2010) e a feira Mundial Expo 2020. Isso fortalecerá ainda mais o país como ponto atrativo para turistas de Europa e Ásia Oriental, que também são mercados-chave para o UFC.

Além disso, desde 2010, o UFC, tem como sócia minoritária a Flash Entertainment, de propriedade do sheik Tahnoon Bin Zayed Al-Nay Nan. Mais do que investir milhões de petrodólares no UFC, o herdeiro do monarca de Abu Dhabi é um grande aficionado por lutas. Ele é o criador do ADCC (Abu Dhabi Combat Club, um dos maiores eventos de submission do mundo) e um dos grandes entusiastas do jiu-jitsu no Oriente Médio, que frequentemente “importa” diversos professores da arte suave do Brasil, além de ter colocado a modalidade como atividade obrigatória no currículo escolar do país. Portanto, há um mercado que cada vez mais está se familiarizando com lutas, e o UFC está fazendo de tudo para conquistar uma nova e fiel base de fãs.

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Ilha artificial de ginásio é o maior ponto de modernidade de Abu Dhabi

Por mais que Dubai e Abu Dhabi sejam separadas por apenas cerca de 150 km e tenham planos semelhantes em ganhar notoriedade no mundo ocidental, as duas são cidades com características distintas.

A primeira é mais conhecida por sua infraestrutura que esbanja luxo e sofisticação, com construções como o Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, e o Burj Al Arab, hotel luxuoso de sete estrelas. Abu Dhabi, por sua vez, é mais discreta. A cidade não dispõe dos mesmos pontos turísticos de sua vizinha, tendo como destaque monumentos mais tradicionais, como a Mesquita do Sheik Zayed, a maior mesquita dos Emirados e a oitava maior do planeta.

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Mesquita do sheik Zayed é uma das grandes atrações turísticas de Abu Dhabi. Foto: Bruno Ferreira/SUPER LUTAS

Mesquita do sheik Zayed é uma das grandes atrações turísticas de Abu Dhabi. Foto: Bruno Ferreira/SUPER LUTAS

O grande atrativo de modernidade de Abu Dhabi é a ilha artificial de Yas. No local, estão algumas das instalações de destaque da cidade, incluindo o Ferrari World (único parque temático da Ferrari do mundo), o autódromo de Yas Marina (que recebe o GP de Abu Dhabi de F1), o parque aquático Yas Waterworld e, claro, a Du Arena, único palco do UFC a céu aberto até hoje.

Em tese, o caráter luxuoso e cosmopolita de Dubai representaria um cenário mais propício para o UFC. Porém, o planejamento visa ao longo prazo. Com o estouro da crise financeira mundial no final da década passada, a economia de Dubai sofreu sérias ameaças, o que permitirá a Abu Dhabi se consolidar cada vez mais nos próximos anos como a sede do poder e da riqueza dos Emirados Árabes, consequentemente servindo de terreno fértil para as ambições do UFC.

Barreiras culturais podem ser empecilho do UFC no Oriente Médio

Se em mercados como Brasil e Inglaterra a chegada foi fácil e natural para o UFC, não se pode dizer que o mesmo acontecerá em Abu Dhabi. Mesmo havendo muitos pontos positivos em termos comerciais na cidade, a barreira cultural existente pode ser um empecilho.

Abu Dhabi não é tão intolerante com costumes cotidianos como acontece em outros locais muçulmanos, como, por exemplo, a Arábia Saudita. Porém, a capital dos Emirados apresenta uma rigidez maior do que se vê em Dubai, o que pode espantar potenciais turistas que se sentem intimidados com a cultura local.

Por exemplo, Abu Dhabi apresenta uma característica mais conservadora no que diz respeito a bebidas alcoólicas e ao vestuário, sobretudo com relação às mulheres. Em Dubai, mesmo que também seja proibido o consumo de álcool em locais públicos, não há restrições em ambientes privados, como bares e hotéis. Além disso, os turistas ocidentais que vão a Abu Dhabi têm de lidar com uma cultura que não tolera demonstrações de afeto em público.

Cartaz em shopping de Abu Dhabi diz: são proibidas demonstrações públicas de afeto. Foto: Bruno Ferreira/SUPER LUTAS

Cartaz em shopping de Abu Dhabi diz: são proibidas demonstrações públicas de afeto. Foto: Bruno Ferreira/SUPER LUTAS

Esportivamente falando, o UFC se viu em uma encruzilhada nos eventos que já planejou em Abu Dhabi. No UFC 112, em 2010, o evento foi agendado para um sábado, seguindo a tradição das atrações pay-per-view. Porém, desta vez, o dia escolhido foi uma sexta-feira – que, para países muçulmanos, seria o dia sagrado, como o domingo para países católicos. Isso indica que o UFC terá dificuldades para conciliar os interesses dos árabes sem prejudicar o impacto que o evento terá nos Estados Unidos.

A experiência malsucedida de 2010 ensinou uma lição ao UFC, que, desta vez, tentará ingressar a Abu Dhabi com um evento mais modesto – basta comparar as duas disputas de cinturão do UFC 112 contra o main-event do UFC Fight Night 39, que terá dois lutadores populares, mas que vêm de derrotas. Resta saber se, com Rodrigo Minotauro e Roy Nelson e um card enxuto, o UFC finalmente cairá nas graças do Oriente Médio.

UFC Fight Night 39 – Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos
Dia: 11 de abril
Horário: a partir das 13h (horário de Brasília)

CARD PRINCIPAL:

Pesos pesados (até 120 kg): Rodrigo Minotauro x Roy Nelson;

Pesos penas (até 66 kg): Clay Guida x Tatsuya Kawajiri;

Pesos meio-médios (até 77 kg): John Howard x Ryan LaFlare;

Pesos leves (até 70 kg): Ramsey Nijem x Beneil Dariush;

CARD PRELIMINAR:

Pesos pesados (até 120 kg): Jared Rosholt x Daniel Omielanczuk;

Pesos galos (até 61 kg): Rani Yahya x Johnny Bedford;

Pesos médios (até 84 kg): Thales Leites x Trevor Smith;

Pesos penas (até 66 kg): Alan Omer x Jim Alers

CONFIRA OS RESULTADOS DA PESAGEM DO UFC FIGHT NIGHT 39

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