Assim como o meio-campo Gerson do Flamengo, Jéssica Bate-Estaca chamou a responsabilidade e assumiu a função de ‘Coringa’ dentro do Ultimate. Transitando entre a divisão dos palhas (até 52,2kg) e o peso mosca (até 56,7kg), a brasileira aceitou a missão de substituir Taila Santos e encarar a norte-americana Erin Blanchfield no UFC Las Vegas 69.
Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, a ex-campeã falou sobre a ‘surra’ aplicada em Lauren Murphy, a possibilidade de conquistar um segundo cinturão, o seu legado dentro do MMA e fez uma previsão ousada para o embate do próximo sábado (11).
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“Ela (Lauren Murphy) me surpreendeu bastante. Eu já sabia que ela tinha um queixo duro, que ela era bem resistente, mas não sabia que era tanto assim. Foi uma luta muito boa, eu fiquei muito feliz com o meu desempenho, eu venho melhorando muito dentro da arte marcial, dentro do MMA, dentro do UFC e eu falo para a galera que cada luta é uma Jéssica diferente. Meu mestre falou para mim: ‘Jéssica, agora você está pronta para estrear no UFC’. Então, quando eu entrei no UFC eu era faixa azul de jiu-jítsu, não tinha graduação nenhuma no muay-thai, não treinava boxe, não treinava nada. Eu vejo que eu venho evoluindo muito, que eu venho fazendo um bom trabalho dentro do UFC e eu estou muito feliz pela minha performance no Rio e se deus quiser vou conseguir mostrar isso de novo neste final de semana”.
O ‘ar’ do Rio de Janeiro é diferente?
“Não sei explicar o que tem no ar daqui, mas, te digo, que lutar em casa não tem preço. Lutar em casa não tem preço, é você estar com o seu povo, é sentir a energia, é o ar, é a comida, é tudo. É o sentimento de você chegar lá e pensar: ‘Cara, eu estou em casa, não posso deixar o adversário chegar na minha casa e roubar o que é meu”. Então, isso é o principal de tudo, é o que dá mais energia. Quando você está lá dentro e escuta o ‘Uh, vai morrer’, o octógono chega treme. É sensacional”.
Convite para substituir Taila Santos
“Então, a gente ficou sabendo sobre a (saída) da Taila na sexta-feira, que, provavelmente, ela não conseguiria ir por causa do visto. E aí, o meu empresário (Ali Abdelaziz) conversou com o meu mestre (Gilliard Paraná) sobre a possibilidade de eu lutar no lugar dela. O meu mestre aceitou, disse que eu lutaria. Ele me ligou por volta de 1hrs da manhã (de sexta pra sábado), eu estava na casa da minha mãe. Eu só perguntei qual era o peso, quando ele respondeu que era 57kg e eu topei. Eu passei a madrugada arrumando as malas, embarquei no sábado de manhã e no domingo, eu já embarquei para Las Vegas”.
Estava treinando?
“Sim, eu tava com uma previsão de luta para maio. E como eu lutei faz pouco tempo (dia 21 de janeiro, no UFC 283), o meu camp ainda está todo na minha cabeça e só chegar lá e executar. Nesses últimos dias, que eu estudei mais o jogo da Erin Blanchfield. Não acho que seja um jogo muito diferente do que eu fiz com a Lauren Murphy. É só manter a mesma estratégia, me manter em pé, ou se eu cair, levantar o mais rápido possível. E, consequentemente, manter a luta na trocação, porque nisso aí, eu estou bem”.
Previsão para a luta
“Ela não tem boas entradas de quedas, mas, quando ela tá por cima no chão, ela costuma ter vantagem. Então, mesmo eu acreditando que a minha força e a técnica que eu tenho possa superá-la, a gente nunca pode subestimar nenhum adversário porque eu sei que a luta é difícil, mas eu acredito que se ficar em pé, eu nocauteio no segundo round”.
Duelo arriscado?
“Eu acredito que não. Eu não acho que isso vá influenciar muito, até porque, eu quero voltar para a categoria das pesos palhas, então, provavelmente, a luta que eu teria em Maio seria nos pesos palhas. Então, eu acho que vai muito do seu desempenho, do quanto você quer ganhar, a parte do ranking pra mim não importa muito, até porque eu quero voltar para os 52kg e sei que lá ainda tem gente na minha frente (na corrida pelo cinturão)”.
‘Coringa’ do UFC?
“Exatamente. Eu acho que dentro da categoria até 56kg, eu sou muito boa, eu acho que eu luto muito bem. Mas, nos 52kg, eu acho que eu consigo ser melhor do que todas as outras categorias. Tem a questão da perda de peso, que costuma ser mais sofrida, porém, a parte boa é que eu chego muito forte na hora da luta. Então, eu acho que é a melhor opção e a forma mais rápida de eu chegar no cinturão. Apesar de, se eu ganhar nesse sábado, posso ficar próxima também de uma revanche com a Valentina (Shevchenko). No que o UFC precisar, o ‘Coringa’ está aqui”.
Legado no MMA
“Eu acho que ainda não tenho noção do quão grandioso é, o que eu faço dentro do UFC. E eu realmente não faço ideia de quem eu sou, eu acho que esse é o grande diferencial da minha vida e da minha carreira, eu não consigo me enxergar como as pessoas me enxergam, então, eu sempre estou buscando mais, eu sempre estou buscando melhorar mais e chegar nesse patamar que as pessoas me veem, mas eu fico muito feliz em saber que eu estou deixando uma história incrível dentro do mundo do MMA, dentro do UFC e o meu legado ainda será lembrado pelo resto da vida: Sou a primeira brasileira que lutou no UFC, a primeira mulher a ganhar em três categorias de peso diferentes, finalização histórica, nocaute histórico e por aí vai… então, tem muita coisa ainda para eu mostrar, mas eu espero ainda conquistar outras coisas. Quero ser conquistar dois cinturões de categorias diferentes igual a Amanda, quem sabe três. E, se Deus quiser, vamos fazer muita história ainda”
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