OPINIÃO: Jake Paul, PFL e a ambição como ‘carro-chefe’ para o futuro

Ao fecharem parceria, a organização e o lutador mostram que não sentem medo de arriscar e prometem brigar com o UFC nos próximos anos

Jake Paul é agora atleta de MMA da PFL (Foto: Divulgação/ @pflmma)

O surpreendente anúncio do acordo de Jake Paul e a PFL (Professional Figthers League) pegou o mundo das artes marciais de surpresa na última quinta (05). Cercados de planos e expectativas para os próximos anos, a parceria entre o lutador e a organização de MMA mostram que ambos possuem grandes ambições para o futuro do esporte e que vão brigar com força contra o UFC pelo posto de maior organização de MMA do mundo.

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Jake Paul

J. Paul comemora uma de suas vitórias no boxe (Foto: Divulgação/ @showtime)

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Conhecido youtuber dos Estados Unidos, Jake Paul já era famoso e milionário quando resolveu migrar para o boxe profissional, em 2020. Bastante subestimado no início, o influenciador digital conquistou uma passagem bastante digna e venceu adversários de forma categórica na nobre arte. Jake enfrentou (e venceu) outro youtuber (An Eson Gib) e um ex-jogador de basquete (Nate Robinson) nas suas duas primeiras lutas.

No terceiro embate, Jake foi colocado diante do ex-campeão meio-médio (até 77,1kg) do Bellator e do ONE Championship, Ben Askren. Com o nocaute conquistado ainda no primeiro round, Paul atraiu os olhares do esporte ‘de forma verdadeira’ pela primeira vez, mas ainda foi menosprezado por Askren não ser considerado um lutador com uma trocação de alto nível.

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Em seguida, Jake teve dois duelos contra o ex-campeão meio-médio do UFC Tyron Woodley. A primeira vitória veio na decisão dividida dos juízes, o segundo triunfo veio com um nocaute brutal no sexto round. O desfecho pela via rápida chocou o mundo e fez Woodley se transformar em motivo de piada e perder parte do respeito conquistado de quando ostentava o cinturão do Ultimate.

Em 29 de outubro de 2022, o ‘Garoto Problema’ teve o seu maior desafio na nova modalidade. Diante do ex-campeão dos médios (até 83,9kg) do UFC e lenda do MMA Anderson Silva, Jake dominou o combate do início ao fim, anulou o seu rival e venceu de forma categórica com direito à knockdown sobre o ‘Spider’. O youtuber deixou de ser piada e mostrou que era um lutador de verdade.

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Entretanto, a vitória de Jake Paul sobre Anderson Silva colocou o youtuber em uma espécie de ‘limbo’. Jake provou que era bom demais para enfrentar celebridades e ex-lutadores e nenhuma outra proposta de luta interessante nesse formato aparecia em sua mesa. Por outro lado, apesar do retrospecto BASTANTE digno, o influenciador digital não tem condições de enfrentar os maiores nomes do boxe, como Canelo Alvarez, GGG, entre outros. O nível é outro. É outro patamar.

A mudança para o MMA se mostrou uma jogada inteligente de Jake. O norte-americano já mostrou que não é uma piada e que possui boas qualidades nas artes marciais. Se no boxe, não apareciam oportunidades interessantes, nas artes marciais mistas, Jake consegue aumentar o seu hype juntando o grande nome que já tem ao fator ‘novidade’ em um esporte que nunca praticou profissionalmente. O número de adversários dispostos a recepcionar o ‘Garoto Problema’ na Liga já é enorme.

Caso Nate Diaz aceite a proposta feita por Paul, as duas possíveis lutas entre os dois atletas tem um potencial gigante de vendas e de bolsa paga aos dois lutadores. Um evento dessa magnitude na estreia do influenciador digital ‘pararia o mundo’ do MMA.

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Defensor ferrenho de melhores pagamentos aos atletas de MMA (principalmente os do UFC), Jake será um dos rostos do novo modelo de lutas que a PFL irá implementar na temporada 2023: as ‘Super Lutas’. Nesse formado, os atletas terão direito a 50% da fatia de pay-per-view vendida pela organização, contra os 20% pagos pelo Ultimate. A guerra dos bastidores promete nos próximos anos.

PFL

Decágono montado pela PFL. (Foto: Reprodução/Twitter @pflmma)

A contratação de Jake Paul mostra que a PFL não quer ser conhecida apenas como a organização que usa formato de temporada regular e playoffs, como os esportes americanos. Com a criação das ‘Super Lutas’, a empresa acredita que pode ir além e faturar altos valores com pay-per-view e vendas de ingressos.

Por mais que o formato de temporada regular premie a ‘meritocracia’, nem sempre um lutador consegue fazer duas lutas em um intervalo curto de dois ou três meses, no máximo. E com todo respeito aos campeões da temporada 2022, mas, nomes como Sadibou Sy, Ante Delija e Rob Wilkinson possuem zero representatividade em possíveis vendas de pay-per-view.

Com a criação das ‘Super Lutas’, o fã da liga não precisará mais esperar uma possível final de torneio para ver um combate muito aguardado. A trilogia entre Larissa Pacheco e Kayla Harrison, ou o embate de uma das duas com a campeã do Bellator Cris Cyborg, provavelmente, irão encabeçar alguns desses eventos em 2023.

Agora tendo Jake Paul como um dos acionistas, a PFL mostra ambição e prova que, de fato, pretende brigar com o UFC pelo posto de maior organização de MMA do mundo.

“Como chefe de defesa de lutadores, vou usar minha plataforma para trazer lutadores para a PFL e apresentá-los aos meus fãs em todo o mundo. Eu, pessoalmente, estarei profundamente envolvido em garantir que o PFL seja o melhor lugar do mundo para os lutadores”, disse Jake Paul ao ‘MMA News’.

Com 50% das vendas destinados aos lutadores e Jake Paul engajado em proporcionar o melhor ambiente de trabalho possível aos atletas, não é exagero dizer que a PFL vem para brigar forte com o UFC nos próximos anos. Se vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Mas não dá pra negar que ambos não possuem nem um pouco de medo de arriscar.

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