Conheça a história de Poatan e entenda por que Adesanya ajudou a criar o ‘monstro’ que o engoliu

Do passado de excessos ao cinturão do UFC. No último sábado (12), Alex Poatan fez história no MMA ao superar o então campeão dos médios (até 83,9kg.) Israel Adesanya. Com o Brasil novamente no topo da categoria que, por anos foi o império de Anderson Silva, conheça a história do paulista que ganhou o mundo e entenda por que o nigeriano é diretamente responsável por criar o ‘monstro que o engoliu’.

Quem vê Poatan, hoje, no topo do MMA mundial, pode não saber do passado de excessos do lutador. O brasileiro, que adotou as artes marciais de forma tardia, revelou ter passado por problemas com álcool, há cerca de 10 anos.

Dos excessos ao estrelato

Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, no fim de 2021, o lutador desabafou sobre o período em que não seguia a rotina de atleta. O combatente também destacou a importância da prática de esportes para colocar fim no hábito que tratou como uma possível situação de alcoolismo.

“Quando comecei (a treinar), ia fazer 22 anos. Não levava uma vida saudável. Muita bebida, zoeira. Eu queria largar isso tudo e ter uma vida melhor. A gente escuta: ‘o esporte salva’. Brasil é futebol, mas, como não sei jogar bola, pensei: ‘brigar, eu já briguei muitas vezes, quando era moleque. Acho que a luta vai ser meu esporte’. Conheci o kickboxing e, de lá para cá, eu não parei. Meu intuito era parar de beber. Eu bebia muito mesmo. Um alcoólatra, talvez. Já tinha tentado parar algumas vezes e não conseguia. Dentro do esporte, depois de quatro anos, consegui. De lá para cá, não bebi mais. Parei 100%, próximo de nove anos”, contou.

Na mesma entrevista, Poatan também revelou que a busca pelas artes marciais não passava pelo sonho de se profissionalizar. A dedicação e consequente resultado dos treinos fizeram com que o atleta mudasse sua opinião.

“Eu não queria ser lutador. Minha intenção não era viver da luta. Só queria uma melhor qualidade de vida. Depois, eu comecei a treinar e gosto do boxe. Nunca acompanhei nada. Eu não gostava de luta. Queria somente sair daquela vida”, garantiu.

No confronto contra Adesanya, Poatan superou momentos de desvantagens ao longo do embate, mas provou, diante de milhões de espectadores, o quanto o MMA é imprevisível. Com uma reviravolta épica, o brasileiro conquistou o título com um duro nocaute diante do nigeriano.

Adesanya criou seu próprio carrasco

O compromisso no UFC 281 marcou o terceiro encontro entre Adesanya e Poatan. Os atletas haviam se enfrentado em duas oportunidades nas regras do kickboxing. Nas oportunidades, em 2016 e 2017, o brasileiro levou a melhor.

Com passado de glória no kickboxing, Adesanya decidiu se testar nas artes marciais mistas, e teve sucesso. Ele conquistou o cinturão do UFC, em 2019, e se manteve invicto na categoria dos médios até o encontro com Poatan.

O desafio contra Poatan marcaria uma tentativa de ‘vingar’ os tropeços do passado. O nigeriano, porém, provavelmente não sabia é que acabaria por criar o ‘monstro’ que o engoliria no octógono montado no Madson Square Garden, em Nova York, no último sábado (13).

Em março de 2020, Adesanya polemizou em uma entrevista concedida à ‘Sporting News’ da Austrália. Na ocasião, nas vésperas de seu confronto contra Yoel Romero, o nigeriano citou Poatan, que estava afastado do MMA há quatro anos.

Na fala, o então campeão dos médios desdenhou das qualidades do antigo carrasco e sugeriu que o brasileiro teria sua fama sustentada pelas duas vitórias do passado.

“Eu nunca assisti uma das lutas dele. No final, ninguém sabe quem diabos é ele. Ele será aquele cara que, quando eu  for uma lenda, ele estará em algum bar falando m*rda sobre ‘eu ganhei daquele cara uma vez’”

Ainda de acordo com a matéria, a declaração de Adesanya incomodou Poatan, mas, por outro lado, serviu de motivação para sua futura ida ao UFC. Segundo a publicação, o vídeo da entrevista teve diversos acessos por parte do brasileiro.

“Nunca vou esquecer uma palavra do que ele disse. Eu usei aquilo como motivação para fazer tudo que fiz e chegar até esse momento. Eu sou uma pedra no sapato dele”, falou o brasileiro à ‘ESPN’.

Cerca de um ano depois, o brasileiro estrearia no UFC após encerrar sua trajetória gloriosa no kickboxing. Na ‘caça’ a Adesanya, o paulista precisou de três vitórias convincente até conquistar a condição de desafiante ao cinturão.

Lenda do Glory

Antes de carimbar seu nome como promessa do MMA mundial, Alex Poatan desfilou seu talento com as luvas do Glory, consagrada organização de kickboxing. Por lá, o brasileiro fez história.

Afiado, assustador, preciso e contundente, o atleta se apresentou na empresa entre 2014 e 2021, traçando uma trajetória de sucesso e colecionando vítimas ao longo de sua participação na empresa.

No Glory, Poatan se tornou o primeiro atleta a ostentar dois títulos em divisões distintas. No fim de sua passagem pela companhia, o paulista chegou a vestir os cinturões dos médios e meio-pesados.

O sucesso na modalidade chamou a atenção do UFC, que o contratou no fim de 2021, mesmo com a pouca experiência de Poatan no MMA. À época, o atleta somava quatro compromissos nas artes marciais mistas, tendo três resultados positivos e um negativo.

A chegada ao UFC

Dia 6 de novembro de 2021, UFC 268. Madison Square Garden, Nova York (EUA). Sem saber, Alex Poatan começava sua caminhada no UFC no mesmo local onde seria coroado campeão pouco mais de um ano depois. O seu debute no evento já era cercado de expectativas, tanto que, a organização o colocou na última luta do card preliminar, contra o experiente atleta grego Andreas Michailidis.

Ciente da dificuldade que encontraria na trocação, Michailidis tentou usar a luta agarrada a todo tempo contra o brasileiro, mas só teve conseguiu contê-lo por apenas um round. Logo nos primeiros segundos da parcial seguinte, o grego tentou entrar nas pernas do brasileiro e rapidamente recebeu uma joelhada de encontro que o levou à nocaute de forma imediata. O árbitro teve que ser ainda mais rápido do que Poatan para evitar mais golpes desnecessários.

Pouco mais de quatro meses após sua estreia, Poatan foi colocado frente a frente com outro prospecto brasileiro: o paraibano Bruno Blindado. Os dois lutadores protagonizaram uma incrível ‘guerra’ durante 15 minutos e Alex saiu vitorioso na decisão unânime dos juízes. O caminho até Adesanya seguia sem interrupção.

O ‘primeiro encontro’

No último mês de julho, Israel Adesanya e Alex Poatan tiveram o ‘primeiro encontro’ como atletas do UFC lutando no mesmo evento. No UFC 276, que aconteceu em Las Vegas (EUA), o nigeriano defenderia o seu título contra Jared Cannonier, enquanto o brasileiro enfrentaria o perigoso Sean Strickland.

Disposto a mostrar que era de fato possuía condições de ser um desafiante ao cinturão, Poatan não deu chances a Strickland e conquistou mais um nocaute brutal para o seu cartel, dessa vez, ainda no primeiro round. O brasileiro foi ao vestiário, tomou banho e se trocou rapidamente e, minutos depois, fez questão de sentar-se na primeira fileira para acompanhar atentamente mais uma defesa de título pouco emocionante de Adesanya.

O grande momento

371 dias após sua estreia no UFC, Alex Poatan finalmente pôde reencontrar Adesanya, dessa vez, no octógono mais famoso do mundo. A rivalidade entre o brasileiro e o campeão dos médios, somado à falta de novos desafiantes, proporcionou a rápida ascensão do atleta tupiniquim a disputa do cinturão da divisã até 83,9kg.

O combate foi tenso e dramático, como já era esperado. Mas nem a mente dos maiores escritores da atualidade, poderiam prever um desfecho tão apoteótico.  Faltando cerca de dois minutos para o fim do duelo, Poatan pressionou o campeão e um potente cruzado de esquerda balançou o nigeriano e deu início a uma sequência pesada e intensa de golpes que só terminaram com a interrupção do árbitro Mike Goddard.

Com apenas um ano como atleta do UFC, Alex Poatan se tornou campeão dos médios. Derrotando mais uma vez o seu ‘eterno freguês’ Israel Adesanya. O nigeriano foi ‘engolido’ pelo monstro que ele mesmo ajudou a criar. Poatan se levantou da mesa do bar, foi atrás do seu rival no MMA e mostrou mais uma vez quem é que manda.

Roobet patrocina a cobertura do UFC 281

A Roobet patrocina a cobertura do UFC 281 direto de Nova York, com destaque para a luta Alex Poatan x Israel Adesanya na disputa do cinturão dos médios.

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