A madrugada de domingo (7) foi um dia triste para os amantes do jiu-jitsu. Foi neste dia que a comunidade perdeu Leandro Lo, ícone e um dos maiores nomes da história da modalidade, brutalmente assassinado após confusão no Clube Sírio, na Zona Sul de São Paulo.
Lo levou um tiro na cabeça depois de um princípio de confusão. Segundo testemunhas, o policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo teria feito um disparo e está preso temporariamente. O lutador foi levado ao Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, mas não resistiu e teve morte cerebral confirmada.
Com grande técnica e talento especial, Leandro Lo colecionava conquistas no jiu-jitsu. Foi um craque em seu estilo próprio e cravou seu nome na história ao se tornar oito vezes campeão mundial na ‘arte suave’. Ele também faturou cinco Copas do Mundo e oito Pan-Americanos. Com isso, o SUPER LUTAS, agora, relembra os principais momentos de sua grande trajetória de sucesso no esporte.
Engana-se quem pensa que Leandro já entrou focado no jiu-jitsu. Antes mesmo de ter sua origem na modalidade, a lenda começou a praticar Capoeira. Lo começou para aprender a se defender de ‘moleques maiores’ em sua infância. A experiência, no entanto, acabou não durando por muito tempo, já que ele priorizou competições e optou por não dar seguimento no esporte.
Ele, então, passou a treinar a ‘arte suave’ em 2004, aos 14 anos, por meio do Projeto Social ‘Lutando pelo Bem’, liderado por Cícero Costha. Sua motivação era o antigo Vale-Tudo, mas já se identificou com a modalidade assim que começou a se dedicar aos treinos. Com apenas um ano de esporte, Lo conquistou o mundial da IBJJF (Federação Internacional de Jiu-Jitsu Brasileiro), na faixa-azul juvenil e, na outra edição, também chegou à final.
Tido como um dos maiores nomes da história e dono de uma das mais bonitas técnicas do jiu-jitsu, Leandro Lo esteve perto de abandonar sua paixão ao completar 18 anos. Na ocasião, ele não trabalhava em outra área e, por isso, chegou a pensar em parar. Porém, em Mogi das Cruzes, São Paulo, o profissional recebeu uma proposta para dar aulas em uma academia e, com o salário recebido, continuou em contato com o esporte.
Embora outros nomes relevantes do jiu-jitsu, como Gilbert Durinho, Ronaldo Jacaré e Rodolfo Vieira já tenham feito a transição ao MMA, Leandro Lo sequer cogitava a mudança. Apesar de já ter flertado com a possibilidade no passado, o atleta enxergava o jiu-jitsu como sua grande realização pessoal e profissional e, por isso, não gostaria de ter que deixar patrocínios e ‘começar do zero’ para novas competições.
“Por enquanto, zero chance, eu nem penso em entrar no MMA. Prefiro ficar no jiu-jítsu, porque senão teria que voltar do zero, treinar tudo de novo, buscar patrocínio. Para mim está bom o jiu-jítsu, eu gosto muito de lutar de quimono, então prefiro continuar porque está bom, né”, declarou Lo em entrevista ao site “Lance!”, em 2020.
A construção da carreira de Leandro não foi fácil. À medida que ele subia de faixa e se destacava na modalidade, seu nome chegava ainda mais longe, mas uma contusão quase colocou tudo a perder. Lo ficou fora de vários campeonatos e, apesar de se falar em uma desistência, ele se superou para adaptar seu jogo.
Com isso, em 2011, o lutador conseguiu títulos do Brasileiro da CBJJ (Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu) e World Pro, além da Copa Pódio, onde também faturou quatro torneios nos leves, dois nos médios e um no pesado em anos seguintes.
As conquistas não paravam de chegar e Lo, de fato, vivia seu auge na carreira. No período entre 2015 e 2016, após já ter se testado em categorias mais leves, ele competiu nos meio-pesados (até 88,3kg.) e venceu os principais campeonatos, tendo como destaque as oito vezes em que se tornou campeão mundial em cinco categorias diferentes.
Leandro se desligou da equipe do professor Cicero Costha em 2015, quando fundou com seus amigos a ‘NS Brotherhood’, onde formou novos faixas-pretas. Sua última conquista aconteceu em 2022, nos mundiais, quando bateu Isague Bahiense por 2 x 0 nos pontos.