Infelizmente, o caso de xenofobia protagonizado por Tony Kelley, peso galo (até 61,2 kg) do Ultimate, no UFC Las Vegas 54 não foi o primeiro envolvendo atletas da organização. O norte-americano, que servia como córner de Andrea Lee no duelo contra Viviane Araújo, afirmou, no intervalo para o segundo round, que a brasileira e sua equipe seriam “brasileiros imundos e trapaceiros”.
Vivi Araújo e sua equipe se juntam a nomes como José Aldo e Anderson Silva como brasileiros que já foram vítimas de comentários xenofóbicos por parte de seus adversários. A lista, no entanto, não se limita ao Brasil, tendo também atletas asiáticos e africanos como principais alvos das falas infelizes e preconceituosas.
É impossível falar de frases xenofóbicas e racistas e não pensar em Colby Covington, ex-campeão interino dos meio-médios (até 77 kg). Entre o apoio ferrenho ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e as críticas ao movimento “Black Lives Matter”, algumas falas de Colby se destacam entre várias.
Após derrotar Tyron Woodley, Colby Covington recebeu uma ligação de Donald Trump e passou dos limites ao provocar o nigeriano Kamaru Usman, campeão dos meio-médios.
“Alguém da sua pequena tribo lhe enviou uma mensagem? Algum sinal de fumaça”, provocou.
Kamaru Usman não foi o único alvo da xenofobia de Colby Covington. Antes e após enfrentar Demian maia, o norte-americano também fez diversos ataques direcionados ao povo brasileiro. No final de 2021, o lutador reforçou os comentários.
“Você sabe que essas pessoas são animais imundos. Chamei aquele lugar de lixão porque era um lixão. Não gostei da minha experiência. Lá, eles me trataram como m****. Eles gritaram coisas ruins para mim e disseram que eu ia morrer”, justificou.
Chael Sonnen é um clássico exemplo de lutador que ficou mais famoso pelo que falava do que por como lutava. Em meio a tantas frases de efeito e piadas necessárias para construir o personagem, o norte-americano passou do limite em algumas oportunidades.
“Presenciei quando os irmãos Nogueira chegaram pela primeira vez aos Estados Unidos. Minotouro quis alimentar um ônibus com uma cenoura e o outro o acariciava como se fosse um cavalo. Acho que nunca tinham visto algo parecido na vida”.
“Quando criança, falava sobre inovações tecnológicas com meus amigos, enquanto Anderson e outras crianças do Brasil brincavam na lama”.
“Anderson Silva vem sempre com aquela bobagem de se curvar para cumprimentar (à moda oriental). Isso não pode ser feito no Brasil. Já estive lá e sei que se você abaixar a cabeça te roubam a carteira na hora”.
Outro lutador especialista em provocar com um microfone na mão é Conor McGregor. No caminho para se tornar a maior estrela do MMA mundial, o irlandês também deixou o limite para trás por alguma vezes, como quando afirmou que, em outros tempos, “tomaria as favelas a cavalo”.
Recentemente, o “Notório” voltou a citar a favela pejorativamente ao ofender o ex-campeão dos leves (até 70,3 kg) Charles do Bronx.
“Cale a boca e volte para a favela, vagabundo”, escreveu McGregor em rede social.
Outro lutador que carrega a fama de “polêmico” e também já foi acusado de passar dos limites é Paulo Borrachinha. Antes do duelo pelo título dos médios (até 83,9 kg), o brasileiro chamou atenção ao se referir ao nigeriano Israel Adesanya como “africano de m****”.
Um dos casos mais recentes de xenofobia no UFC foi protagonizado por Cody Durden. Após derrotar o mongol Qileng Aori, em novembro de 2021, o norte-americano esbravejou que “teve que mandar Aori de volta a China, de onde ele veio”. A fala gerou revolta entre vários lutadores, entre eles a jovem promessa Muhammad Mokaev, que quatro meses depois finalizou Durden em menos de um minuto no UFC Londres.
Ex-campeã das palhas (até 52,1 kg) Weili Zhang também foi alvo de falas e atitudes controversas por parte de outras duas ex-campeãs da divisão: Joanna Jedrzejczyk e Rose Namajunas.
Em janeiro de 2020, quando a Covid-19 praticamente se limitava ao território chinês, Joanna Jedrzejczyk utilizou o coronavírus para provocar Weili Zhang. A polonesa publicou uma montagem na qual aparecia usando máscara ao lado da chinesa, fazendo clara alusão à doença, que àquela altura, havia deixado cerca de 130 mortos na China.
Rose Namajunas, por sua vez, declarou uma “guerra fria” a Zheng, afirmando que a chinesa representava o comunismo e que preferia “a morte ao vermelho”.