Injustiçado. É esse o sentimento do brasileiro Carlos Felipe ‘Boi’ após ser demitido pelo UFC no início do mês de março. Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, o baiano peso pesado (até 120,2kg) se defendeu das acusações de uso de substância ilegal, disse de forma clara que é inocente e prometeu retornar ao Ultimate, após o fim da suspensão por doping.
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“Cara, sinceramente, nem eu sei o que aconteceu. Porque 20 dias antes da luta (contra Andrei Arlovski), no aeroporto ainda, a USADA me testou e deu 100% limpo. Aí, no dia da luta, a Comissão Atlética de Nevada fez outro teste e deu positivo. Então, 20 dias depois, a USADA me testou novamente e o teste deu 100% limpo de novo. Cerca de três semanas depois, a USADA me testou de novo e deu limpo também, então, eu realmente não sei o que aconteceu. Porque, se realmente eu tivesse tomado alguma coisa, teria acusado nos exames da USADA. Certeza que ainda teria alguns resquícios pois (a substância) não iria sair do corpo com mais ou menos 20 dias”.
Apelação na Comissão Atlética de Nevada
“Com o Bruno Blindado aconteceu a mesma coisa (suspensão por doping). Ele chegou a falar com a gente, nós trocamos algumas mensagens. Foi a mesma substância, tudo do mesmo jeito. Ele conseguiu provar que não tinha tomado nada e mesmo assim, os caras mantiveram a suspensão. A gente não viu muito sentido (na punição), mas os caras da Comissão Atlética só enxergam o que eles querem, né? Nós ainda argumentamos com os testes da USADA, mas mesmo assim, não deu em nada. Então… é f***”
Teste negativo feito na USADA deveria ter sido considerado?
“Com certeza. Eu acho que deveria ter sido levado em consideração (os testes da USADA), até porque a USADA é o principal orgão antidoping do mundo, né? Deveria até servir como prova isso aí, até porque, não faz sentido, se eu tivesse tomado alguma coisa, eu fiz um teste 20 dias antes e o outro teste, que foi 20 e poucos dias depois acusou para ‘Boldenona’, que demora um tempão para sair do corpo, então…como é que vai sumir assim do nada?”
Sentimento após punição
“O sentimento é de injustiça, com certeza. É exatamente isso. É muito ruim você ser punido por uma coisa que você sabe que você não fez. Se eu estivesse sendo punido por alguma coisa que eu usei ou que eu fiz, tá beleza. Eu sou homem e eu vou assumir os meus erros e aceitar as consequências. Mas agora, p**, é por uma parada que eu não fiz e que está atrasando a minha vida. Basicamente dois anos (sem lutar)”.
Esperava a demissão do UFC?
“Não, para a gente foi totalmente uma surpresa, porque, nós imaginamos que se fosse para eles rescindirem o contrato, seria em um período próximo do doping, né? Mas foi, basicamente, cinco meses depois. Eu achei que eles não iriam suspender o contrato, mas, não tem muito o que fazer também, né? Mas é uma situação que a gente está de mãos atadas. Mas o Nick (Maynard, responsável pelo casamento das lutas no UFC), disse que fazendo umas duas lutinhas boas, depois que acabar a suspensão, provavelmente, eu volte”.
Pretende retornar ao Ultimate?
“Com certeza, o meu lugar é lá e eu não deveria nem ter saído, né? A demissão foi meio que injusta também, porque eu sou um cara que sempre faço lutas boas, sempre tento dar meus show e tal, levanto a torcida, então, não fez muito sentido a demissão. Eu não sou aquele cara que tá vindo de três derrotas seguidas, eu tava vindo de uma sequência boa de três vitórias, peguei o (Andrei) Arlovski, fiz uma luta dura e perdi. Então, não é o caso do cara que já tava perdendo, que já era um ‘peso morto’ na categoria e vão me demitir. Não, é totalmente diferente”.
Reação do público com a sua demissão
“Por eu ser um cara que falo muito o que eu penso, muita gente não gosta, eu tenho muito hater, eles adoram quando acontece essas coisas, mas eu nem ligo. Eu já aprendi a ver e ‘deixar lá’. Mas, para a minha surpresa, teve muita gente me apoiando também, até mais do que eu tava esperando, então, me deu até um ânimo, um ‘gás a mais’, a galera me apoiando no instagram, dando força também”.
Sentimento após o fim da primeira passagem pelo UFC?
“Eu diria que, eu não fui ‘mais um’ nesse tempo que eu estive lá, né? Nessas cinco lutas, eu diria que deu para fazer um ‘barulhinho’. Mas, vou fazer muito mais, com certeza. Sei que tenho capacidade para isso, mas deu para fazer um ‘barulhinho’. E foi mais ou menos como eu estava planejando já bem antes, lá no início da minha carreira, eu já planejava isso tudo”.
Já teve propostas de outras organizações?
“Já teve alguns eventos bons aí que entraram em contato com o Léo (Leonardo Pateira, um dos empresários do lutador). Não sei se eu posso revelar os nomes, então é melhor não falar. Isso é bom, né? Eu fico feliz porque mostra que o meu trabalho está sendo reconhecido, mas, a gente está esperando acabar a punição, fazer essas duas lutinhas e voltar para onde eu não deveria ter saído. O Léo mandou até uma mensagem para o advogado da Comissão Atlética perguntando se eu já poderia fazer essas duas lutas durante a punição e ele respondeu que ‘na teoria sim, mas a comissão não vê com bons olhos’, então, os caras já são meio malucos, então é melhor nem dar sopa para o azar”.
Onde pretende lutar antes do retorno ao Ultimate?
“Cara, ainda nem passou isso pela minha cabeça. Agora, eu estou focando mais em fazer umas competições amadoras, né? Jiu-jítsu amador, Boxe amador, K-1 amador, para não deixar a ‘máquina’ parar, estar sempre em movimento, dando aquela adrenalina e não perder o ritmo”.
Como irá se manter durante esse tempo de suspensão?
“Cara, graças a deus a galera sempre pegou no meu pé com essa questão de eu ter consciência (com dinheiro) e graças a Deus eu tenho uma reserva que dá para me manter até eu voltar a lutar”
Sobre Carlos Boi
Em pouco mais de um ano no UFC, Boi subiu ao octógono em cinco oportunidades e conquistou três vitórias e duas derrotas. O atleta tupiniquim recebeu uma punição de 18 meses da Comissão Atlética de Nevada pelo uso da substância ‘boldenona’ e só poderá voltar a lutar profissionalmente em abril de 2023. O brasileiro possui um cartel de 11 triunfos e dois reveses no esporte.