Neste final de semana, uma das maiores rivalidades do esporte na atualidade será, enfim, resolvida no octógono. Ex-companheiros de treinos na ‘American Top Team’ e melhores amigos no passado, Colby Covington e Jorge Masvidal resolvem suas diferenças na luta principal do UFC 272, que acontece no próximo sábado (5).
Covington e Masvidal tiveram grande vínculo de amizade no passado, além de auxiliarem em preparações de lutas no Ultimate. Mas, afinal, em qual momento houve uma quebra? E por que eles se odeiam tanto? Agora, a equipe do SUPER LUTAS conta a história por trás da rivalidade e as discussões públicas entre os atletas para explicar a aflorada rivalidade.
O vínculo de Colby-Jorge não era igual a qualquer outro companheiro de equipe, visto que os lutadores eram melhores amigos e, em 2013, ainda no início de suas trajetórias no Ultimate, eles chegaram a ser parceiros de quarto e não só se limitaram às artes marciais, como também assistiam filmes, séries e dividiam alimentações.
Inclusive, os dois atletas se ajudavam no período de treinamentos para se apresentarem na organização. Curiosamente, Covington chegou a fazer parte do corner de Jorge Masvidal para a luta contra Al Iaquinta, em 2015. A parceria não deu certo, já que o ‘Jesus das Ruas’ foi derrotado na decisão dividida dos juízes. E isso era uma pequena amostra do rompimento que aconteceria no futuro.
Quando dois melhores amigos chegam ao topo, é normal de que se haja uma cordialidade para que não se enfrentem. Na própria divisão dos meio-médios (até 77kg.), por exemplo, existe o caso entre Gilbert Durinho e Vicente Luque. Os brasileiros destacaram que têm relação de ‘irmandade’ e um combate, portanto, está fora de cogitação.
Esperava-se, então, que o mesmo acontecesse com Colby e Jorge. Porém, logo após conquistar o cinturão interino no embate contra Rafael dos Anjos, que aconteceu em junho de 2018, Covington decidiu por romper relações com o então treinador Paulino Hernandez, que pediu por um acordo de 5% da bolsa recebida como uma forma de reconhecimento pelos serviços prestados, mas teria sido refutado pelo norte-americano, confirme versão declarada por Masvidal.
Em entrevista recente, Masvidal afirmou que havia cortado as relações justamente por ter sentido uma ingratidão do antigo amigo, já que, segundo ele, Colby não valorizou Paulino Hernandez. No entanto, Covington deu seu lado da versão sobre o caso e alegou que Jorge teria ficado com ‘ciúme’ do expressivo triunfo diante de Demian Maia no UFC São Paulo de outubro de 2017, já que o ‘Jesus das Ruas’ sequer havia conseguido vencê-lo quando os dois se enfrentaram.
O ‘Caos’ chegou a declarar que, antes mesmo de deter o cinturão interino, Masvidal também falava mal dele pelas costas para outros parceiros de treinos. Covington ainda considera o fato como um dos fatores em sua saída da ‘American Top Team’ sob acusação de que teria relacionamentos ruins com outros companheiros da equipe.
Apesar das acusações de bastidores, os dois competidores ainda não haviam trocado grandes farpas públicas. A primeira grande ‘rusga’ aconteceu no UFC 241, em agosto de 2019, que teve a revanche entre Daniel Cormier e Stipe Miocic no duelo principal. Covington e Masvidal apareceram na arena do Honda Center, em Anaheim, Califórnia, como convidados e se ofenderam assertivamente, precisando ser contidos por seguranças locais.
A briga, então, passou a ser importante marco na rivalidade. Desde então, eles passaram a trocar acusações no ‘Twitter’ e em entrevistas, inclusive quando Jorge Masvidal mediu forças contra Nate Diaz pelo cinturão do ‘BMF’ – que vem da abreviação em inglês de ‘Baddest Motherf**ker’, ou o ‘Filho da P*** mais durão’. -, que foi ironizado por Colby Covington por, segundo ele, ser um título falso. Coincidentemente, agora, o presidente do UFC, Dana White, abriu possibilidade de os dois disputarem o mesmo título simbólico no UFC 272.
Dois dos principais nomes da divisão até 77kg., hoje liderada por Kamaru Usman, Jorge Masvidal e Colby Covington tentaram, ambos em duas oportunidades, o título linear da organização. No entanto, eles pararam na força do nigeriano de formas semelhantes – com um nocaute sofrido e outra derrota na decisão dos juízes.
Paralelamente, Covington já não tinha um ambiente saudável para seguir na ‘American Top Team’. Além de Masvidal, o norte-americano também ofendeu, publicamente, Dustin Poirier e Joanna Jedrzejczyk. Outro grande estopim foi o comentário de Colby sobre o Brasil, em que cita os nativos de ‘animais imundos’. Com atletas tupiniquins na academia e as frequentes provocações contra colegas da equipe, o clima ficou insustentável e o ‘Caos’ teve que seguir seu próprio caminho.
Depois de longo tempo de espera e período intenso de provocações, as diferenças serão resolvidas no UFC 272 do próximo sábado (5). O clima de tensão deve seguir no octógono e os dois atletas não dão indícios de que a rivalidade acabará quando a luta se encerrar.
Atual número um no ranking do grupo liderado por Kamaru Usman, Covington busca retomar o caminho das vitórias. Último desafiante ao título da divisão, o ‘Caos’ já havia manifestado o interesse de encarar Jorge depois de perder para o campeão no UFC 268. Em sua carreira, são 16 vitórias e três derrotas.
Fenômeno de audiência em suas lutas, Masvidal também tenta se recuperar do atropelo sofrido para Kamaru. Hoje, o ‘Jesus das Ruas’ é o sexto da categoria, com um retrospecto de 35 resultados positivos e 15 negativos.