Falastrão, marrento, desrespeitoso? Muitos adotam tais adjetivos para descrever a personalidade de Colby Covington, estrela do UFC 272, que acontece neste sábado (5). As características apontadas, no entanto, não refletem a real maneira de ser do adversário de Jorge Masvidal neste fim de semana. A dias do confronto, um dos técnicos do ‘Caos’, Daniel Valverde, em conversa exclusiva com o SUPER LUTAS, fez questão de esclarecer sobre as polêmicas do pupilo. O treinador também sugeriu o desfecho da ‘luta entre ex-amigos’.
Ex-campeão interino dos meio-médios (até 77kg.) do Ultimate, Covington ganhou notoriedade no MMA após adotar uma postura provocadora com relação aos adversários. Afiado nas entrevistas e vitorioso no octógono, o atleta coleciona fãs e desafetos em sua trajetória na companhia.
Líder da MMA MASTERS, Daniel Valverde foi categórico ao responder sobre sua relação com Colby e o tratamento do atleta com os companheiros de academia. Segundo o técnico brasileiro, as atitudes do lutador não refletem ao que o combatente realmente é.
“É um cara muito humilde, muito calado. Respeitoso, que vinha falar conosco. Chega na academia, e fala com todo mundo. Do rapaz que cuida da limpeza ao atleta amador. (…) É uma pessoa ótima, fácil de trabalhar. Não sei se todo mundo sabe, mas o Colby ia ser cortado (desligado do UFC) antes da luta contra o Demian Maia (em 2017). Ele falava: ‘estou lutando, ganhando. O que tenho que fazer aqui?’. Ele vê o UFC como um show e ele acha que tinha que incorporar esse personagem. Para ele, está dando certo. Passou a fazer muito mais dinheiro e, hoje, é um dos caras que mais vendem no UFC. O que eu presto atenção é o dia a dia na academia, o respeito que ele tem por mim, pelo Cesar Carneiro, pelos parceiros de academia, a maneira com que ele trata os fãs. Ele tira foto com todo mundo, quer ajudar”, esclareceu.
Parte integrante da MMA MASTERS desde 2020, quando acabou desligado da consagrada American Top Team (ATT), Covington, hoje, é o número um no ranking dos meio-médios, atrás apenas do campeão Kamaru Usman. Com esperança no sucesso maior do aluno, Valverde apontou pontos explícitos em que o pupilo evoluiu.
“O Colby sempre foi uma máquina, mas, se você observar as lutas dele antes, quantos golpes ele soltava, 300, 400, aquela coisa louca, sem muita estratégia. Colby ganhava no volume e no cárdio dele, que é muito bom. Hoje em dia, tem mais estratégia. A gente trabalha para soltar menos golpes e com mais precisão. (…). Não é só sparring, sair na porrada. Hoje, Colby tem um controle no chão muito melhor. (…) Luta de destro, de canhoto, porque, na verdade, ele é destro. (…) Hoje, luta muito mais inteligente e tem muito mais armas”, afirmou.
Em 5 de março, Colby e Jorge colocarão suas diferenças em jogo dentro do octógono. Antigos melhores amigos, nos tempos de ATT, os atletas se tornaram rivais desde o desligamento do ‘Caos’ da antiga academia. Valverde, então, fala o que pensa sobre o ódio que será levado para a luta principal do UFC 272.
“São dois caras brigando pelo mesmo objetivo, de ser o campeão. Ele (Covington), era um cara que ajudava muito o Masvidal na parte do wrestling. (…) O Masvidal ajudou na parte de trocação. A gente sempre encontrava com os dois e pensava: ‘Colby está crescendo, mas só tem espaço para um campeão’. Todos têm ego. Alguns conseguem controlar, outros, não. O que o Covington me contou é que chegou o momento em que o sucesso do Covington começou a incomodar o Masvidal de uma maneira que não conseguiu se conter. O que Masvidal fala é que Colby não pagou os treinadores lá (na American Top Team). Eu nunca tive esse tipo de problema com o Colby. Ele paga, e paga muito bem. Cuida bem dos treinadores. (…) Ele aprecia tudo o que aprende com a gente. (…) Não acredito que o problema tenha sido pagamento, até porque, a American Top Team tem dono milionário que paga todo mundo”, disse.
Mesmo com Covington apresentando evolução na trocação em seus últimos compromissos, o embate no UFC 272 pode ser marcado por um confronto de estilos. De um lado, um especialista no wrestling e, do outro, um atleta agressivo, famoso por seus nocautes. Presente no dia a dia de Covington, Valverde, então, entende que há muitas possibilidades para um resultado positivo do pupilo.
“Quanto mais longa a luta for, pior para o Masvidal. Covington tem aquela ‘embolação’, aquele wrestling, que vai ser ótimo se ele conseguir se embolar. A gente sabe que Masvidal começa muito forte. (…) Não estamos subestimando o Masvidal de maneira alguma. Eu vejo essa luta se desenrolando de maneira natural. O Colby botar na grade, se puder derrubar, derrubar. (…) Pode nocautear, se Masvidal se preocupar muito com quedas. Pode ser nocaute técnico, finalização ou nocaute. Acredito 100% na vitória do Colby. É um atleta que está com mais fome, apesar de ser famoso, número um no ranking, ele ainda está com muita fome de ser campeão”, encerrou.
No UFC 272, Colby Covington atingirá a marca de 20 lutas como profissional no MMA. Aos 34 anos, o atleta busca seu 17º triunfo na modalidade.
Disposto a retomar um lugar no top 5 dos meio-médios, Jorge Masvidal chega ao show para seu 51º desafio nas artes marciais mistas. Hoje, o norte-americano de 37 anos soma 35 vitórias e 15 tropeços.