A investida de Vladimir Putin, presidente da Rússia, que autorizou o ataque de seu exército nas regiões de Kiev e Kharkiv, na Ucrânia, no último dia 24, ligou o sinal de alerta e terror para o mundo. A invasão foi o estopim para um conflito que, até o momento, já deixou, segundo reportagem da UOL de 28 de fevereiro, 64 mortos, mais 2040 feridos.
Com situação de guerra, pânico nos noticiários e o medo estampado no rosto das populações locais, analisamos como o fato histórico pode interferir nos esportes de combate ao redor do mundo. Com menos de uma semana de confronto entre as potências, é possível perceber como o momento pode atingir entidades esportivas.
O drama na geopolítica que envolve Rússia e Ucrânia não começou na última semana. O estopim, no entanto, aconteceu depois que Vladimir Putin reconheceu a independência de duas províncias separatistas em território vizinho e, na sequência, ordenou a invasão da região.
Além do terror da guerra em si, que expõe inocentes em risco total de extermínio, fãs de esportes temem ao notar ídolos se alistando no exército para defender sua bandeira. Nomes do MMA e do boxe já manifestam o desejo de lutarem por seus povos.
Lendas do boxe ucraniano, os irmãos Vitali e Wladimir Klitschko foram notícias no mundo dos esportes nesta semana. Dispostos a defenderem seu país e população, os ex-pugilistas confirmaram que se juntarão às suas tropas para a guerra.
Hoje, Vitali é prefeito da cidade de Kiev, capital da Ucrânia. Em entrevista ao ‘Good Morning Britain’, o ex-campeão mundial na ‘nobre arte’ foi sincero ao afirmar que tudo será feito para manter ao máximo a vida da população.
“É uma situação muito difícil. Estamos diante de um dos maiores e mais fortes exércitos do mundo. Temos que defender nossas famílias, nosso país e nossas cidades. Não temos outra escolha. A Ucrânia sempre foi um país pacífico, de pessoas pacíficas, mas, neste momento, teremos que pegar em armas e lutar”, disse Vitali.
Vivendo um de seus maiores momentos como profissional de boxe, Oleksandr Usyk é mais um a deixar as luvas de lado para se dedicar a tentar manter a segurança de sua população. Algoz de Anthony Joshua e atual campeão dos pesados pela WBA, IBF, WBO e IBO, o ucraniano se colocou à disposição para defender sua bandeira e já está na Ucrânia.
Bicampeão olímpico e ex-campeão em três divisões de peso na WBO, Vasyl Lomachenko também está servindo em um batalhão de defesa de sua cidade natal Bilhorod-Dnistrovsky, no sul do país.
Dentro do MMA, a quantidade de atletas que representam a Rússia segue crescendo consideravelmente. O país já apresentou aos fãs talentos como Fedor Emelianenko, Khabib Nurmagomedov, Petr Yan, Vadim Nemkov, e também conta com prospectos, como Islam Makhachev, Umar Nurmagomedov, entre outros.
Do lado ucraniano, destaque para Yaroslav Amosov, campeão meio-médio (até 77kg.) do Bellator, que já deixou claro seu desejo de defender seu país na luta armada. Em longo desabafo nas redes sociais, o atleta afirmou que se ausentou do conflito para levar a família para um local seguro, mas confirmou que não abandonará o país no momento de dificuldade.
“Muitos vão achar que eu fugi, que estou escondido ou algo do tipo, mas isso não é verdade. Eu levei minha família para uma zona de segurança. Agora, retornei e vou defender este país da melhor maneira que eu puder. (…) A Rússia veio à nossa casa e começou uma guerra aqui. Muitas pessoas estão morrendo (…)”, disse o lutador.
Também representante da Ucrânia, Maryna Moroz não se calou. Lutadora do peso mosca (até 56,7kg.) do Ultimate, a atleta mandou um recado direto a Vladimir Putin.
“Vá se f*** (Vladimir). Eu amo meu país. Não toque na Ucrânia. (…) É um momento difícil para a Ucrânia. Quero apoiar meu país, meu presidente, todo o exército ucraniano e quero dizer que nós não queremos guerra. Estou preocupada com a minha família no momento”, afirmou.
Vladimir Putin sempre teve forte conexão com as artes marciais. Faixa-preta de judô desde os 18 anos de idade, o presidente foi honrado, em 2012, com a faixa vermelha e branca de oitavo dan e com o título de presidente honorário e embaixador da modalidade pela Federação Internacional de Judô (IJF), mas teve as honrarias suspensas após os recentes acontecimentos.
Além do judô, Putin perdeu condecorações no taekwondo. Seguindo recomendação do Comitê Olímpico Internacional, a World Taekwondo retirou a faixa preta honorífica de nono dan do presidente, concedida em 2013. A instituição informou também que vai suspender o hasteamento da bandeira e a execução do hino da Rússia e da Bielorrússia em todas as competições.
O conflito entre Rússia e Ucrânia já reflete diretamente em outras modalidades. A Federação Ucraniana de Futebol já suspendeu o campeonato. As rodadas deveriam ter se iniciado em 25 de fevereiro. Alguns brasileiros que atuam no país, inclusive, desembarcaram em solo brasileiro na manhã de 1º de março.
Ainda no futebol, houve alteração no local da final da tradicional UEFA Champions League. A partida decisiva, que, antes, aconteceria na Rússia, precisamente em São Petersburgo, agora, será realizada em Paris, em 28 de maio.
Uma decisão de peso marcou o último dia de fevereiro. A FIFA, organização maior do futebol, decidiu suspender a Rússia de todas as competições internacionais. Com isso, a seleção está cortada da Copa do Mundo, que acontece no fim de 2022.
Na Fórmula 1, também houve mudança. O Grande Prêmio da cidade russa de Sochi, marcado para 25 de setembro, não vai mais ser realizado no local. Após demonstração de incômodo por parte de alguns pilotos, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) decidiu retirar o GP do cronograma inicial.
O torneio mundial de Vôlei masculino também sofreu alterações drásticas. Marcado para acontecer na Rússia, nos meses de agosto e setembro, o torneio não terá mais o território como sede. O anúncio foi feito pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) nesta terça-feira (1). Ainda não há informações sobre o novo país que receberá as seleções para o campeonato.