Das baladas excessivas ao estrelato no kickboxing, Alex Poatan se prepara para um dos grandes desafios em sua carreira vitoriosa nas artes marciais. Neste sábado (6), a lenda do GLORY fará sua aguardada estreia no Ultimate e tentará repetir os grandes feitos dentro do MMA. Antes do compromisso no UFC 268, quando enfrenta Andreas Michailidis, o brasileiro falou com exclusividade ao SUPER LUTAS.
Até atingir o patamar de referência no kickboxing, Poatan desabafou sobre um período de excessos em sua juventude e abriu o jogo. O combatente também analisou seu compromisso deste fim de semana e falou sobre o futuro na nova fase na carreira.
Dono de punhos precisos e afiados, Poatan foi sincero ao revelar o motivo pelo qual optou por buscar as artes marciais. A razão, o combatente explica.
“Quando comecei (a treinar), ia fazer 22 anos. Não levava uma vida saudável. Muita bebida, zoeira. Eu queria largar isso tudo e ter uma vida melhor. A gente escuta: ‘o esporte salva’. Brasil é futebol, mas, como não sei jogar bola, pensei: ‘brigar, eu já briguei muitas vezes, quando era moleque. Acho que a luta vai ser meu esporte’. Conheci o kickboxing e, de lá para cá, eu não parei. Meu intuito era parar de beber. Eu bebia muito mesmo. Um alcoólatra, talvez. Já tinha tentado parar algumas vezes e não conseguia. Dentro do esporte, depois de quatro anos, consegui. De lá para cá, não bebi mais. Parei 100%, próximo de nove anos”, contou.
Surpreendentemente, o sonho de se tornar um lutador profissional não passava pela cabeça de Poatan, quando ele chegou ao kickboxing. O combatente, então, contou sobre o processo que o levou às competições e, consequentemente, ao estrelato.
“Eu não queria ser lutador. Minha intenção não era viver da luta. Só queria uma melhor qualidade de vida. Depois, eu comecei a treinar e gosto do boxe. Nunca acompanhei nada. Eu não gostava de luta. Queria somente sair daquela vida”, garantiu.
Para quem não sabe, o desafio deste sábado não marcará a estreia de Alex como profissional no MMA. Em 2015, o combatente teve seu primeiro teste na modalidade, atuando pelo Jungle Fight. Poatan, então, explica por que decidiu se testar, mesmo com uma carreira de sucesso no kickboxing.
“Em 2015, fiz a minha estreia. Como eu já estava dentro da luta, já tinha todo esse desgaste físico, pensei: por que não me incluir mais na parte de MMA?’. Eu já estava na chuva, então molhei o corpo todo. Foi aí que comecei a pegar mais gosto. Na época, eu estava meio desanimado com o kickboxing e o MMA em alta. Estreei, fiz mais duas lutas no Brasil. Em 2017, tive a oportunidade de disputar o título do GLORY, ganhei. O negócio começou a andar. No MMA, eu estaria começando, mas, no kickboxing, já estava dentro. Cheguei no topo, campeão de duas categorias e até para arranjar adversário estava difícil. Pensei: deu! Vou para o MMA agora. Eu tinha o MMA em mente, mas, quando vim treinar com o Glover (Teixeira), tudo mudou”, afirmou.
Desde que optou por deixar o kickboxing para se dedicar às artes marciais mistas, Poatan precisa frequentemente adaptar seu estilo para uma modalidade diferente. O combatente, então, falou sobre o processo que tem passado nos últimos meses e sobre a ajuda que recebe de ícones do esporte.
“Existe experiência de luta e experiência de treino. Em treino, estou indo muito bem. Treino com o Glover, que acabou de ser campeão. É um cara que coloca a galera com facilidade para baixo e eu seguro. Ele mesmo fala que é difícil me colocar para baixo. Estou muito confiante. Fui treinar com o Lyoto (Machida), Rodolfo Vieira, (Ronaldo) Jacaré e todos me elogiando. Dia 6, vou mostrar. Depois dessa luta, ainda tenho muita coisa para aprender.
Dono de um currículo invejável, com títulos mundiais em duas categorias, o cartel de Alex fala por si. Disposto a fazer história em outra modalidade, o combatente analisa o passado e revela qual lugar ocupa dentro do kickboxing.
“Desde que estreei no GLORY, em 2014, acho que um brasileiro apenas, Thiago Michel, lutou. Depois que eu entrei também, demos visibilidade para o Brasil. Hoje, o Brasil tem muitos atletas brasileiros e eu ajudei a abrir as portas. O Brasil tem muito atleta talentoso, não só para o MMA, mas para o kickboxing também. Eu fui campeão de duas categorias. Eu tenho um pouco de culpa”, admitiu.
Veloz, preciso e contundente, Poatan chega ao MMA com a fama de às na luta em pé. O combatente, porém, evita se vangloriar pelas conquistas. Para apontar possível realidade, Alex usa os feitos.
“É difícil a gente falar da gente. Vamos falar por números. Campeão dos médios com cinco defesas de cinturão. Depois, ganhei o cinturão interino dos meio-pesados, ganhei o linear, defendi. Os números falam que eu sou o melhor e fico muito feliz com o que alcancei”, disse.
Depois de confirmar sua migração do GLORY para o UFC, Poatan agitou os ânimos de diversos fãs de artes marciais pelo mundo. Para seu debute, Andreas Michailidis será o responsável por tentar estragar a festa do tupiniquim. Mostrando conhecimento do rival, o brasileiro analisou o confronto.
“Luta é luta. A gente não sabe o que vai acontecer. Eu posso falar pelos treinos, ainda não pela luta. Tem o Caio Magalhães, faixa preta que treina com o Glover e os dois treinam forte. Os caras me elogiam e eu fico ali dificultando para eles. Estou muito confiante”, garantiu.
Um dos melhores exemplos de sucesso na transição do kickboxing para o MMA, Israel Adesanya conhece bem o poder dos punhos de Alex Poatan. O nigeriano, que, hoje, é campeão dos médios, já foi derrotado duas vezes pelo tupiniquim e, em uma delas, de forma brutal. Segundo o brasileiro, sua antiga vítima deve estar preocupado com sua chegada ao Ultimate.
“Ele sabe do meu potencial. Muitas pessoas falam que venci com um golpe de sorte. Se você analisar, na mesma luta em que eu o nocauteei, esse direto-cruzando, eu tentei várias vezes. Nem todos os golpes a gente acerta. Não tem esse lance de golpe de sorte. Acho que ele ficou um pouco preocupado (com sua chegada no UFC). Se eu chegar (no topo da categoria), é uma preocupação a mais”, afirmou.
A poucos dias de um dos maiores desafios de sua carreira nas artes marciais, Poatan tem um recado aos fãs que acompanharão sua estreia neste fim de semana.
“Quero agradecer a toda a torcida. Dia 6, quero fazer uma bela estreia. Estou muito confiante, muito feliz. O show é garantido”, encerrou.
Aos 34 anos, Poatan se encaminha para seu quinto compromisso como profissional no MMA. O atleta, hoje, soma três vitórias e uma derrota. Sua última apresentação nas artes marciais mistas aconteceu em 2020, quando atropelou Thomas Powell atuando pelo LFA.
Representante da Grécia, Michailidis, 33, quer confirmar o bom momento no Ultimate. Com uma vitória e um tropeço desde seu debute, o atleta fará seu 18º desafio na modalidade. Ao todo, o grego tem 13 triunfos e quatro derrotas.