O UFC Las Vegas 41, que acontece neste sábado (23), conta com sete representantes brasileiros no card. Uma delas é Livinha Souza, ex-campeã do Invicta FC, que chama atenção dentro e fora do octógono.
Quem acompanha Livinha Souza através das redes sociais pode ficar por dentro não apenas da rotina da lutadora no esporte, mas também de seus pensamentos e posicionamentos a respeito de diversos assuntos, inclusive alguns considerados “tabus” entre muitos atletas. Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, Livinha mostrou que não tem medo de se posicionar e que lutadores e atletas em geral podem e devem ter pensamento crítico.
“É muita Barbie e muito bonequinho de plástico tatuado trocando porrada e falando m****, né? Não interessa quem você é, se você ganha ou perde. Interessa o seu legado. Muitos campeões do UFC já foram esquecidos. Acho que nós temos a voz, temos a oportunidade de passar uma mensagem para diversas pessoas. Eu jamais vou me calar. Na situação que estamos vivendo, de fome, doença, calamidade no país inteiro. Vem gente ainda defender essa p*** aí? Não posso corroborar com isso”, disparou a lutadora.
Um dos posicionamentos que Livinha Souza deixa claro em suas redes sociais é em relação à política. A lutadora não mediu palavras para falar o que pensa a respeito do governo Bolsonaro e questionou as motivações dos colegas de profissão que defendem o atual presidente da República.
“As pessoas têm que aprender que ídolos do esporte podem não ser estudados, podem não ter nível intelectual para falar sobre. São pessoas famosas apenas na luta e às vezes nem de luta entendem. Eu luto e não entendo de luta. Faço a minha. Agora, você exaltar um cara que nem o presidente da República, que está fazendo o que está fazendo? São números. Contra números não há argumentos. Não estou nem falando da personalidade, que também é um idiota que não deve nem ter estudado. Em 200 anos de parlamento passou um projeto? Trabalho é resultado. Se eu chegar no UFC e tomar dez porradas em dez lutas, sou mandada embora. O cara está acumulando uma pilha de m**** e tem gente aplaudindo. Só que vocês esquecem um detalhe: são pessoas bem de vida. Pessoas que chegam aqui no UFC e ganham 400, 500 mil reais. Quem de vocês ganha isso? Eu não ganho. Aí é fácil falar que tudo está maravilhoso, não sair da porta do loftzinho, piscininha, treininho, suplementinho, patrocininho, roupinha bonita, mãe e pai de família. E a rapaziada que está dando a cara na rua? Que querendo ou não dá seu emprego porque assiste essa p**** aí? Por isso que eu não estou nem aí. Pode ser a maior estrela do UFC, eu quero que se f***. Estamos falando de política, não de UFC. Se é pra botar a história no UFC, parabéns, você é um zero como cidadão e um grande atleta, parabéns. Esse é o seu legado”
Livinha Souza revelou que, assim como a maioria dos atletas, recebe orientação para evitar assuntos considerados polêmicos. Para ela, no entanto, defender seus ideais, princípios e convicções deveria ser mais importante do que “colocar mais dinheiro no bolso já recheado”. A “Gângster Brasileira”, apelido que usa nas lutas, opinou que é a falta de posicionamento que faz o Brasil ter menos ídolos do que antigamente.
“Hoje em dia a gente tem muita orientação para não se posicionar. Até quem me ajuda nas redes sociais, um beijo para a Vanessa, sempre me pede para não entrar nessas brigas. Mas é verdade, às vezes as pessoas preferem manter um patrocínio, colocar mais dinheiro no bolso já recheado do que realmente mostrar sua indignação e fazer as pessoas se identificarem com o que você diz. Cada um escolhe seu caminho. Cada um tem um preço, um valor. Tenho meus princípios e minhas convicções, independente de dinheiro. Dinheiro nunca me fez. Nunca tive. Agora que tenho um pouquinho, não faz minha cabeça, sei que é passageiro. Mas isso tudo vai perdurar. Muita gente morreu, e aí? Sua carreirinha de m**** no UFC é maior do que uma vida? Legal, parabéns se você pensa assim. Isso nos diz quem são os ídolos brasileiros e por que não temos tantos ídolos hoje. Cada um pensa o que quer. O que não podemos deixar de pensar é na condição financeira que essas pessoas têm. Aí não preciso falar mais nada”
Outra pauta abertamente defendida por Livinha Souza nas redes sociais é a da legalização da maconha para uso medicinal e recreativo. A atleta, no entanto, afirma que pautas de interesse coletivo como saúde, educação e infraestrutura pública precisam sempre ser prioridade e lamentou o individualismo presente na sociedade.
“O coletivo é maior que nós, não adianta. Eu prezo pela legalização da maconha, mas entre legalizar a maconha e melhorar hospital, a condição pública, infraestrutura, vou querer fumar maconha? Vocês são loucos? Infraestrutura, comida, educação são prioridades. Só que a gente vive em um mundo muito individual, cada um pega o seu celular, vive sua vida, fica dentro de sua casa e é isso. Cada um, cada um”, finalizou a lutadora.
Livinha Souza entra em ação neste sábado (23), quando enfrenta Randa Markos no card preliminar do UFC Las Vegas 41, em duelo válido pela divisão peso palha (até 52, 1 kg).