Único representante brasileiro no UFC Las Vegas 32, Raulian Paiva terá um dos desafios mais importantes de sua carreira neste fim de semana. Adversário de Kyler Phillips neste sábado (24), o atleta fará sua estreia no peso galo (até 61,2kg.) e pode assumir uma posição no top 15, caso saia vitorioso. Empolgado com a oportunidade, o amapaense falou com exclusividade ao SUPER LUTAS sobre a expectativa para o confronto.
Disposto a fazer história na categoria, hoje, liderada por Aljamain Sterling, Raulian não esconde a motivação dentro de um grupo perigoso. Além do debute, o lutador também falou sobre o futuro e o drama vivido nesta temporada, quando acabou hospitalizado durante o corte de peso, ainda nos moscas (até 56,7kg.).
Em maio, quando realizava o corte de peso para sua luta contra David Dvorak, Paiva acabou se sentindo mal, desmaiando por cinco vezes e foi hospitalizado, deixando o duelo. Meses após o susto, o amapaense narrou o momento de tensão, determinante para sua migração para a divisão de cima.
“Eu tomei um grande susto, porque, quando eu ‘apaguei’, só acordei no hospital. É aquilo: sua cabeça parece estar boa, mas o corpo, não. (…) Quem me conhece, sabe que eu sofria para bater 56,7kg. Eu só fiquei bem quando acordei no hospital. Tomei bastante soro, medicamento. Minha cabeça estava um pouco perturbada, porque eu sabia que a luta ia cair. Quando cheguei no hospital, pensei: ‘não tem mais jeito’. Foi difícil aceitar, porque batalhei muito. Estava muito empolgado em voltar”, afirmou.
O drama vivido em maio acabou determinando a migração de Raulian para os galos. Disposto a voltar a ativa, o brasileiro topou o desafio de substituir Raphael Assunção no confronto contra Kyler Phillips e falou sobre a oportunidade de poder, em seu primeiro compromisso, chegar ao top 15 da divisão, já que o rival, hoje, é o 14º do grupo.
“É uma categoria bem disputada. Fico feliz de estar no meio dos leões, fazer parte da categoria. (…) Ganhando essa luta – e eu vou ganhar -, vou ficar no meio dos leões. Estou grato por o UFC ter me dado a oportunidade de subir e lutar com um cara ranqueado. Estou empolgado de chegar no peso galo ‘com o pé direito’ e já no ranking”, contou.
Cortado de seu último desfaio, Paiva teve cerca de dois meses para voltar ao octógono. O brasileiro, então, falou sobre o processo de treinos que será colocado à prova neste fim de semana.
“Eu tive mais tempo para consertar meus erros e evoluir mais. A gente nunca para de aprender, sempre vai conhecendo mais coisas. Eu sou meio ‘perturbado’. Sempre quero buscar mais e mais. Com certeza, de maio para cá, aprendi muita coisa e estou me sentindo bem mais preparado do que quando ia lutar nos moscas. Com certeza, o maior desafio é a balança”, descreveu o amapaense.
Mesmo com a chance de se testar em um novo grupo, Raulian, hoje, ainda figura na 12ª segunda posição na divisão liderada por Brandon Moreno. O lutador, então, avaliou a possibilidade de, em algum momento, voltar ao grupo em que iniciou sua trajetória no UFC.
“No começo, foi difícil, porque eu estava bem no ranking (dos moscas). Eu era uma promessa. Eu via que tinha chance de conquistar o título um dia. A gente tem que pensar na saúde. Eu tentei, fiz o meu melhor. (…) Meu corpo mudou muito. Ganhei mais massa. (…) Meu foco está maior ainda. Já que é uma categoria que é muito disputada, meu foco é maior, de continuar meu objetivo de disputar o título e mostrar para os brasileiros que eu sou uma promessa, mas, agora, em uma categoria diferente. (…) Não sei do futuro. No momento, vamos ficar (nos galos). É muito difícil voltar para os 56,7kg., mas o mundo é ‘louco’. A vida é uma caixinha de surpresa”, admitiu.
Substituto de Raphael Assunção, lesionado, Paiva terá o grande desafio de encarar o 14º no grupo, que está invicto no Ultimate. Sem rodeios, o brasileiro deixou claro qual é seu objetivo neste sábado, além de analisar o rival.
“Os dois lutadores têm um objetivo só, que é a vitória. Estou indo para ‘arrancar a cabeça dele’. Não importa como eu vou ganhar. Quero mostrar quem é o Raulian Paiva. A gente já se ‘esbarrou’ aqui no hotel, não teve nenhuma rivalidade. Vou chegar bem mais forte, com ‘sangue nos olhos’. Sei que ele está vindo com vontade, não sei se é a mesma de quando ele ia lutar com o Raphael, que estava ali em cima dele no ranking. (…) Eu estou aqui para a porrada. Se fosse hoje a luta, eu já estava ‘animadão’. Quando eu o vi no lobby, fiquei mais pilhado. (Kyler) É um lutador completo, mas quando dá pressão, ele ‘abaixa a bola’ e tenta se embolar contigo. Meu objetivo é dar pressão o tempo todo, seja em cima ou no chão. Não tem cansaço”, descreveu.
Em novo momento na carreira, Raulian não esconde que o objetivo maior é o resultado positivo, independente da forma. O brasileiro, no entanto, falou sobre qual seria o desfecho dos seus sonhos em uma eventual vitória.
“Um nocaute, mostrar que estou mais forte. O objetivo mesmo é ganhar bonito e participar do bônus. Já bati na trave algumas vezes e, agora, chegou”, encerrou.
Aos 25 anos, Raulian Paiva se encaminha para seu 24º compromisso como profissional nas artes marciais mistas. Hoje, o brasileiro soma 20 vitórias e três derrotas no esporte. Pelo Ultimate, são dois resultados positivos e dois negativos.
Menos experiente no esporte, Kyler Phillips faz seu 11º desafio na modalidade. O norte-americano, atualmente, tem nove triunfos e um revés. O combatente está invicto no UFC, com três tentos consecutivos.