Representante brasileiro no UFC Las Vegas 31, que acontece neste sábado (17), Rodolfo Vieira está pronto para sua segunda luta no ano. Depois de perder a primeira na carreira, o atleta enfrenta Dustin Stoltzfus no fim de semana e busca se recuperar na organização. Preparado, o atleta falou com exclusividade ao SUPER LUTAS sobre o revés sofrido em fevereiro, analisou o próximo rival e comentou sobre o futuro no MMA.
Considerado uma das promessas tupiniquins no peso médio (até 83,9kg.), Vieira se apresentará no card principal do show. O confronto marcará sua nova apresentação como profissional nas artes marciais mistas.
Em fevereiro de 2021, Anthony Hernandez chocou o mundo ao finalizar Vieira, um dos maiores nomes na história do jiu-jitsu. No confronto, Rodolfo, que começou bem, acabou se cansando e permitiu a virada do oponente. Meses depois, o brasileiro falou sobre o revés e confirmou ter encontrado o erro crucial.
“Eu poderia ter treinado mais, mas eu treinei muito. Estava muito bem. Cansei mais pela ansiedade em querer acabar a luta rápido. Em um momento, fui muito displicente, que eu montei e desisti do katagatame. Eu tentei umas três vezes e ele (Hernandez) defendeu. Naquele momento, eu fui muito inexperiente. Era para eu ter parado, descansado, respirado. (…) Ele deu o ‘upa’ (movimento para sair da montada), e eu fui para o ‘armlock’. Ali, foi o começo do fim. O negócio desandou. (…) Consegui ‘raspar’, ficar ‘grudado’ com ele na grade e desgastando muito. Comecei a pensar: ‘estou cansando’. (…) Quando desgrudei, ele me acertou um soco, aí minha próxima queda foi fora de tempo e, aí, foi o que vocês viram. Ansiedade e displicência que tive naquela luta”, narrou Vieira.
A derrota para Anthony marcou o primeiro resultado negativo de Rodolfo como profissional no MMA. O ‘tropeço’ do brasileiro, no entanto, não é encarado como algo 100% ruim. Para o peso médio, o deslize pode ser entendido como uma oportunidade de superar os erros e evoluir na nova modalidade.
“Eu tento aceitar tudo o que acontece na minha vida do melhor jeito possível. Sei que tudo tem um motivo, só precisamos entender e aceitar. Só ganhar é fácil, muito gostoso. A vida não é feita disso. Você tem que passar pelos momentos difíceis para se testar, sua vontade, seu caráter e saber quem você é e onde quer chegar. Aconteceu isso comigo, não achei que ia acontecer tão cedo, mas hoje vejo que foi o melhor que me aconteceu. Se não tivesse acontecido aquilo, duvido que estaria como estou hoje. Ter feito as mudanças que eu fiz, ter a dedicação que tive durante esse tempo que treinei. Quando você está ganhando, é difícil ver onde pode melhorar”, afirmou Rodolfo.
Profissional no esporte desde 2017, Vieira tem uma característica que difere de muitos outros representantes das artes marciais. O brasileiro não esconde que sente insegurança antes de todos os seus compromissos, inclusive nos tempos de jiu-jitsu. O peso médio, então, falou sobre como tem administrado a situação, conforme evolui no MMA.
“Estava conversando isso com meu psicólogo e ele estava falando que não era ‘medo’ que eu tinha. O que eu tinha era ansiedade, e realmente era. Porque eu não queria estar ali, eu queria acabar logo, desde a minha primeira luta. Às vezes penso que, com esse sentimento, de ‘não querer estar ali’, acho que fui longe até demais na minha carreira (risos). (…) É difícil querer estar ali. Sou um cara muito dedicado, trabalho duro. Eu vivo para isso. (…) Só que eu chegava lá e não sentia esse conforto. Ficava: ‘caramba, quando vou aprender a curtir aqui?’. Chegava na luta e eu ficava: ‘o quanto antes eu finalizar esse cara, vai ser melhor para mim’. Não tem como você estar em um trabalho não querendo estar. Então, fiz um trabalho legal com meu psicólogo e, todo dia, venho colocando na minha cabeça para eu aprender a estar ali, porque não quero parar. (…) Outro motivo de eu ter continuado é saber do meu potencial. Saber que eu posso chegar longe e me tornar muito bom nesse esporte”, revelou.
Disposto a voltar a vencer na modalidade, neste fim de semana, Vieira enfrentará um oponente que busca o primeiro resultado positivo no Ultimate. O atleta, então, analisou o adversário, apontando as qualidades de Dustin Stoltzfus.
“É um cara perigoso, chuta bem, troca um pouco. Vou continuar fazendo meu jogo, só que, uma coisa que vou mudar é ter mais calma. Não esperar que eu vá acabar a luta no primeiro round. Minha estratégia é lutar calmo, tranquilo. É o mais importante para mim. Tenho comigo que, se eu lutar dessa maneira, dificilmente eu vou perder essa luta”, disse.
No Ultimate desde agosto de 2019, Rodolfo adota cautela quando o assunto é a ‘escalada’ à elite da categoria liderada por Israel Adesanya. Com pés no chão, o brasileiro afirma não ter pressa para chegar ao top 15, mas estipulou um prazo para chegar lá.
“Depois da minha (última) luta, não tem como voltar falando em top 15, top 10. Não dá. Eu tenho que estar com meus pés no chão. Acredito que com mais um ano e meio eu esteja pronto. A minha estreia no MMA foi em 2017. Tem quatro anos que eu fiz a primeira luta. Então, tenho muita coisa a melhorar. Sou muito novo no esporte. Não tive a oportunidade de fazer muitas lutas no UFC. Aqui nos Estados Unidos eles fazem muita luta amadora. (…) Aí, você chega no profissional já ‘cascudo’, com bastante experiência. Eu já fui direto para o profissional, fiz cinco lutas e, quando pisquei, já estava no UFC. Sei que cheguei lá por causa da carreira que eu conquistei com o jiu-jitsu, não dá para reclamar. O que eu posso fazer é continuar me dedicando, treinando, para evoluir e aumentando meu nível o mais rápido possível, porque não tenho muito tempo”, admitiu.
Tranquilo em relação à sua situação no MMA, Rodolfo garante que não sente pressão para impressionar no esporte. Segundo o brasileiro, o importante de sua imersão na modalidade está em provar a si mesmo sua capacidade no ‘novo universo’.
“Eu não vou lutar nunca para mostrar nada para ninguém. Eu entro ali para lutar por mim, para vencer esse ‘medo’, para me desafiar. Não é para mostrar nada, para tentar apagar minha última luta. (…) Quero dar o meu melhor, isso é o mais importante”, disse o tupiniquim.
Para o fim de semana, Vieira não esconde que seu desejo é vencer. O atleta, porém, revelou que o ‘desfecho dos sonhos’ seria um triunfo na via rápida. O combatente, porém, assegura estar pronto para atuar por três rounds completos, caso seja necessário.
“A melhor maneira (de vencer) é sempre finalizando, usando meu jiu-jitsu, o que eu tenho de melhor. Estou tentando me visualizar ganhando ou nocauteando, finalizando ou decisão. Esse é meu objetivo: ganhar essa luta. Estou bem preparado para ganhar em qualquer área”, encerrou.
Com 31 anos, Rodolfo Vieira buscará sua oitava vitória como profissional nas artes marciais mistas. Lenda do jiu-jitsu, o lutador soma seis finalizações em sete triunfos.
Na busca pelo seu primeiro resultado positivo no Ultimate, Stoltzfus se encaminha para seu 15º compromisso no esporte. Hoje, o norte-americano tem 13 vitórias e duas derrotas.