Uma triste notícia pegou de surpresa os fãs de Priscila Cachoeira, a Pedrita, peso mosca (até 56,7kg.) do UFC. Na tarde da última quarta-feira (14), informações de um suposto caso de agressão da atleta à sua ex-companheira, Marcelle Freitas Nunes, começaram a movimentar os sites especializados em MMA. O SUPER LUTAS entrou em contato com a vítima e conseguiu falar com exclusividade, no canal no YouTube, com a antiga namorada da lutadora, que narrou o drama.
De acordo com Marcelle, seu primeiro contato com Priscila aconteceu em dezembro de 2018, em uma festa no fim do ano em Bagé (RS). No dia, as duas se conheceram, mas, de acordo com Freitas, Pedrita mantinha um relacionamento no Rio de Janeiro, o que interrompeu o contato em um primeiro momento.
Depois do primeiro contato e seguido afastamento, Marcelle confirmou que as duas voltaram a se encontrar tempos depois. Ela narra como se deu o início da relação com a atleta do UFC.
“A gente parou de se falar, e, depois a gente começou a se rever em festas e voltar a ‘ficar’. Ela ficou um mês na minha cidade (Bagé), depois, voltou para o Rio e, depois de uns cinco, dez dias, eu fui para lá. Eu estava de férias na faculdade. Depois, nos acertamos e, em março, eu voltei, busquei minhas coisas – porque ela ia lutar com a Molly (MacCann) – e retornei para o Rio com ela. (…) Moramos desde janeiro (de 2019) até agora (2021). Primeiro em Niterói (RJ), e, agora, em Belém (PA)”, disse Marcelle, que acompanhou a atleta em sua migração para a ‘Team Figueiredo’, liderada por Deiveson, ex-campeão do Ultimate.
Após um início feliz na relação, Freitas começou a narrar os primeiros problemas na convivência com Pedrita. De acordo com a ex-namorada, a peso palha tinha um histórico um apelido característico na PRVT. O relato da vítima seria o ponto de partida para o que, segundo Marcelle, teria evoluído para situações mais graves.
“Começaram as desconfianças quando eu cheguei no Rio e descobri que o apelido dela na academia era ‘mentirinha’. As pessoas vinham me falar que ela já tinha ‘ficado’ com quase toda a academia. Claro, todo mundo tem um passado, não tinha nada a ver. Só que era difícil de ver ela treinar e ‘se agarrar’ com todo mundo. Eu até evitava ir aos treinos. Nisso, a gente tinha brigas por ciúmes”, afirmou.
Conforme as desavenças aumentavam, Nunes contou que Priscila teria passado a ingerir altas quantidades de álcool. Para Marcelle, a lutadora bebia em função do desapontamento depois de sua derrota na luta contra Molly MacCann, em março de 2019.
“Ela começou a beber. A gente estava na casa da mãe dela e ela vinha da derrota para Molly e ela dava desculpa para beber, porque estava triste. (…) No início, a gente se dava bem e, depois, me humilhavam, escorraçavam. Teve um dia – que tenho gastrite -, que eu estava mal do estômago, era um domingo. Ela foi na farmácia buscar um remédio para mim e não voltou mais. Ela só voltou no outro dia de tarde, foi para casa de uma amiga dela e me deixou lá. Liguei para minha mãe, contei o que estava acontecendo e minha mãe mandou eu trancar minha faculdade (havia transferido o curso para Realengo, no Rio de Janeiro). Ela foi comigo na faculdade e implorou para eu não ir (embora). Aí, marcaram a luta dela com a Luana (Dread)”, disse.
Conforme a entrevista se desenrolava, Freitas revelou que, no primeiro momento, não sabia do histórico de Priscila. A ex-companheira falou sobre o caso envolvendo a ‘superação das drogas’ por parte da lutadora.
“Eu conheci a Priscila que todo mundo conhece: a história da superação das drogas. Eu nem sabia quem ela era. Eu não acompanhava luta, não sabia nem quem era Jéssica (Andrade, destaque da PRVT), que é famosa. Ela (Pedrita) mandou eu olhar os vídeos dela que apareciam essas histórias de superação. Eu acreditava, porque eu mesmo frequento a Igreja Universal. Na Igreja, a gente vê gente que era traficante, usuários, como pastores. Acreditava, de fato, que ela não fazia nada”, admitiu.
Observando uma mudança de comportamento em Pedrita, Marcelle falou sobre um caso envolvendo a lutadora que aconteceu após sua derrota para Luana Carolina, a ‘Dread’, em maio de 2019. A situação teria incomodado Freitas, que narrou o incidente.
“Ela veio da luta contra a Luana, a gente alugou uma casa, em Niterói, perto da academia e, um final de semana, o filho dela veio passar o fim de semana com ela. Ela ficou bebendo na favela com os ‘guris’ da academia. A Priscila, quando começa a beber, nunca é o suficiente, nunca para. Ela convidou dois ‘guris’ para beberem com ela no nosso pátio e eu me deitei na cama com o Marcelo (filho de Pedrita). Daí, dormi, acordei e ela não estava na cama. Fui ao pátio e ela estava no portão, fumando maconha. (…) Para mim, foi um choque. Eu quis ir embora, mas ela não deixou. (…) Durante a semana, eu falei para minha mãe o que estava acontecendo. Eu queria vir embora. Tinha um evento no fim de semana, ela tinha um novo evento para ir. Eu disse que estava me sentindo mal, que não iria. Quando ela chegou em casa, eu já estava na estrada. (…) Era ela ligando, família dela, equipe, o pessoal ligando para os meus pais, pedindo para eu ajudar, porque ninguém quer se comprometer a ficar de babá dela, então tinha que ter alguém para ficar de vigia. Aí, eu voltei e falei: ‘Priscila, eu volto, mas você vai para a igreja comigo’. (…) Na minha frente, até então, ela não fazia mais nada”, admitiu.
A situação se agravou quando, segundo Marcelle, as agressões passaram a fazer parte da convivência do casal. Nunes descreve um cenário vivido em um almoço realizado, que terminou com uma briga e consequente lesão na então namorada de Pedrita.
“Nesse meio tempo, teve a questão da agressão. Foi em um sábado. Ela vinha bebendo muito. A gente combinou: ‘Priscila, você vai tomar só dois litrões’. Só que ela pegou mais. Eu comecei a discutir com ela, peguei a garrafa e fui jogar o líquido (cerveja) no chão. Ela me pegou pelos cabelos, me jogou no chão e começou a me chutar. Ela achou que eu estava de fingimento, mas, quando olhou, viu que minha cabeça estava sangrando. Ela me pedia desculpas, não me deixou pegar o celular, para não chamar ninguém”, disse.
Um suposto novo caso de agressão por parte de Priscila foi narrado por Freitas. Nesse caso, houve uma lesão que chegou a lesar um dos dentes da ex-namorada da lutadora.
“Teve a relação do meu dente. Eu ia para a aula de noite e ela tinha treino. A gente estava em casa e ela tem uma ex (namorada) que é prostituta. Essa menina tem uma prima que treina na academia e ela (Priscila) foi tomar um café na casa dessa ‘guria’. A ‘guria’ mandou uma mensagem: ‘nossa, nem tiramos foto do nosso café’. Eu perguntei: ‘que café?’. A Priscila conta ’10 versões’ até contar a verdade. (…) Daqui a pouco, falei que ia perguntar para Vanessa, que é a prima, e perguntar sobre o café. Nisso, ela se desesperou, (…) me tirou o celular da mão e me jogou na cama. A gente começou a se agredir. Ela me deu um soco na boca e eu desmaiei. Quando acordei, estava em cima da cama, ela me socorrendo, e meu dente mole. Eu peguei meu celular e saí correndo para a rua. Ela saiu de carro atrás de mim. Eu não sabia o que eu fazia, se ia para o hospital, para a delegacia. Ela me fez entrar no carro, porque ela ia resolver a situação do meu dente, porque ela tinha convênio com dentista”, afirmou.
Passado o incidente descrito por Marcelle, outro episódio envolvendo uma agressão de Pedrita foi contado pela vítima. Desta vez, o incidente teria acontecido no Pará, em 2021, onde Priscila passou a treinar, depois de se desligar da PRVT. Exibindo as marcas das consequências, a ex-namorada da lutadora desabafou sobre a nova situação.
“Nas duas primeiras semanas – em Belém -, a gente estava conhecendo todo mundo e, nisso, ela bebendo ‘loucamente’. Teve até uma situação que a gente foi em uma lancha com o Deiveson (Figueiredo) e até os caras já tinham parado de beber e ela seguia. A gente brigou, nem participei de nada. Fiquei quieta no meu canto e eles (pessoas próximas) começaram a perceber nossas brigas relacionadas à bebida. (…) O problema da Priscila não é fazer, é alguém descobrir. (…) Nisso, eu peguei o celular dela e vi dois ‘prints’ (tela salva) dela falando com essa ex – a garota de programa. Nos prints, elas estão em uma videochamada e a mulher está pelada. Eu falei que ia embora, mas o Maizena (Carlos Guimarães) me ligou e falou para ir para a casa do Deiveson, que estava tendo uma ‘Célula’ da Igreja. Quando acabou, ele ligou para ela (Priscila), avisando que eu estava com eles e que iam me deixar lá e, na manhã, eu iria para a rodoviária. Chegando lá, ela começou a brigar comigo na frente de todo mundo, a gente batendo boca. Nisso, eu peguei um travesseiro e uma coberta para colocar na sala, porque eu não ia para o quarto com ela e ela seguiu me ofendendo. A gente começou a se agredir. Ela me deu um chute no estômago – um frontal – eu ‘voei’ e bati com a mão na estante que tinha um vidro. Na mesma hora, minha mão ficou muito esticada e sangrava muito. Eu lembro que eu gritava, ela tapava a minha boca para os vizinhos não ouvirem, porque a gente morava em um apartamento. (…) Eu desmaiava e voltava e fui para o hospital. (…) Eu lembro que ouvia eles (profissionais) falando: ‘ela vai ficar aleijada”, contou.
A lesão sofrida após a discussão teve de ser feita às pressas para evitar maiores consequências. A ex-namorada, então, falou sobre o procedimento, custeado pelo empresário Wallid Ismail.
“Eu fui fazer uma cirurgia às pressas, porque eu tinha rompido o ligamento do tendão. A primeira cirurgia foi R$5 mil e pouco e o Wallid mandou para ela, para pagar depois da luta. Fiz a cirurgia, levei 51 pontos. Fiquei inútil. Não conseguia me vestir, botar roupa, tomar banho sozinha, me pentear, me alimentar. (…) Eu digo que, de fevereiro a março (de 2021), eu não lembro de nada, porque eu sentia muita dor e tomava muito remédio. De março a abril, quando comecei a cair na realidade e ver que eu não conseguia fazer as coisas, não saber se minha mão voltaria (ao normal) e dependendo de uma pessoa, sem ninguém. Sem amigo, família. (…) Depois de uns dois ou três meses que fui contar para a minha mãe. Eu não teria como voltar para cá (Bagé). Eu não teria como fazer uma viagem com a mão toda aberta. (…) Quando ela foi lutar, agora da última vez (em maio), eu ainda estava com pontos, eu fiz outra cirurgia. Aí, foi R$4 mil e tanto, porque tinha dado aderência na mão”, disse.
Revelado o novo caso de agressão, Marcelle decidiu deixar a lutadora. Segundo a ex-companheira, o prazo dado foi para o fim do semestre para resolver as pendências com a faculdade. Novamente, de acordo com Freitas, Priscila interveio e tentou evitar o fim da relação.
“Acabou meu semestre, peguei minhas notas e ela não dava jeito na minha passagem. Fui à rodoviária para ir de ônibus. Ela pediu para eu não ir embora, que ela teria essa luta, que ela não sabia ficar sozinha (em Belém) e não aguentaria”, afirmou.
Com o novo caso e ainda carregando marcas da lesão nas mãos, Marcelle afirma que a relação com Pedrita definitivamente chegou ao fim. As frequentes discussões, o alcoolismo e o consumo de drogas por parte da atleta fizeram com a ex-companheira da lutadora tomasse a decisão de retornar ao Rio Grande do Sul e, segundo Freitas, o contato com Pedrita foi encerrado.
“Antes, eu voltava (a relação) acreditando que podia mudar. Foi bem difícil. Ela também não acreditava que eu ia ficar (em Bagé) agora, porque, várias vezes, eu vim e voltei. Só que eu precisei quase perder a mão. Nesses últimos tempos, ela estava bebendo direto, se drogando. Ela conheceu um motoboy que entregava drogas para ela até em frente do prédio. Eu tentei ajudar da maneira que eu pude, só que, uma hora, se a pessoa não quer se ajudar, vou fazer o que? Eu ia acabar morrendo”, desabafou.
Decidida a não retomar a relação conturbada com a lutadora do UFC, Marcelle optou por tomar uma medida de segurança. Segundo a ex-companheira de Priscila, uma ‘Medida Protetiva’ foi firmada junto à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), localizado em Bagé (RS).
“Conversei com a minha família e decidimos fazer a Medida Protetiva. (…) Cheguei na delegacia às 13h e saí 18:30 e, no outro dia, a moça do FORUM trouxe a Medida e, no outro dia, fiz o ‘Exame de Corpo de Delito’. (…) Se alguma coisa acontecer comigo, vão relacionar a ela. Que ela siga a vida dela e eu fico aqui, com a minha família. Quero ficar em paz”, encerrou.
A reportagem do SUPER LUTAS entrou em contato com Priscila para que a atleta pudesse dar sua versão dos fatos. A lutadora mostrou interesse em se manifestar e, após a entrevista, nossa equipe divulgará a defesa da atleta.