Novo campeão dos leves do Rizin, Roberto Satoshi ainda é desconhecido de grande parte do público brasileiro. Porém, após a conquista do cinturão, o brasileiro quer mudar esse cenário. Em bate papo exclusivo com o SUPER LUTAS, o atleta tupiniquim falou sobre o reconhecimento em seu país, a diferença de regras dos eventos asiáticos e sobre os lutadores saindo do Ultimate para outras organizações. Confira esse e outros trechos da entrevista.
“Eu acho que o cinturão muda tudo. Você pode ganhar 10 lutas mas a partir do momento em que você ganha o cinturão e se torna o campeão do evento, a galera passa a te respeitar mais. Eles tinham o reconhecimento mas enquanto eu não pudesse falar que era o campeão, a galera ainda ficava com o ‘pé atrás’. A partir de agora que eu acho que vai mudar bastante.
“O meu cartel é bom mas as pessoas duvidavam e diziam que eu nunca tinha enfrentado um cara ‘top’. O lutador que eu finalizei, antes de me enfrentar, era ranqueado como décimo segundo dos pesos leves numa classificação que tinha lutadores do UFC, Bellator e outras organizações. O que me deu destaque foi que ele era muito favorito. A maioria das enquetes davam 90% de favoritismo para ele. Eu fui lá e o finalizei com 1m12s, sem ter tomado um soco. Isso foi o que mais me deu destaque.
“Eu gosto do Rizin, financeiramente eu me sinto muito bem aqui. Mas eu não tenho aquela vontade de disputar o cinturão da PFL ou do Bellator. Principalmente porque eu tenho aqui no Rizin o reconhecimento do meu trabalho. Eu já fui campeão mundial de jiu-jítsu, já ganhei medalha em muitos campeonatos e não tenho esse reconhecimento que eu tenho aqui.
“No primeiro evento que eu lutei, o Real Fight, só não podia usar os cotovelos, mas ‘tiro de meta’, pisão na cabeça, sempre teve. Depois que eu fui pro Rizin, aí passou a valer tudo. Eu nunca tomei nenhum desses golpes de forma que me prejudicasse na luta e na academia também a gente sempre treina isso. Desde a primeira organização que eu lutei, sempre foram permitidos esses golpes ‘traumáticos’.
“Para mim, o cara mais perigoso e que vem sendo dominante a muito tempo é o Patrício Pitbull. Eu acho que ele é o numero um. O Charles (Do Bronx) também vem sendo dominante a muito tempo, porém, não tinha o cinturão. O número três para mim seria o Natan (Schulte) mas ele não vem em uma fase boa, não foi bem nessa temporada. Então a terceira posição eu vou deixar em aberto.
“Seria o Charles mas ele é muito meu amigo. O Jorge Patino Macaco, que é treinador dele, me ajudou muito nessa última luta. O Patrício e o Patricky (Pitbull) já vieram ao Japão e nós ficamos no mesmo vestiário. Acho que com os atletas do top-3 do UFC, eu lutaria para me testar. Eu ainda não mostrei o meu jogo de trocação para a galera ver, mas eu lutaria com um (Conor) McGregor ou um (Dustin) Poirier.
“Então, o Bellator e o Rizin tem um contrato né? Já vimos lutadores das duas organizações se enfrentando. Já me perguntaram como eu reagiria se o Patrício ou o Patricky viessem lutar no Rizin e eu respondi que sou funcionário da organização, luto com quem eles mandaram. Mas confesso que seria um confronto muito difícil. O tempo de entrada e de trocação dos dois (irmãos Pitbull) seria algo muito complicado de encarar. Seria até mais difícil de que enfrentar o Charles (Do Bronx).
“Eu acho super bom. Antes, o UFC tinha o monopólio então ele pagava o quanto ele queria. Ver os outros eventos crescendo e pagando mais, essa galera do youtube chegando para lutar boxe e ganhando milhões, isso é perfeito. Monopólio para nós lutadores é horrível, quanto mais eventos tiverem por ai, é bom para a gente”.
Com um cartel de 12 vitórias e uma derrota, Satoshi se tornou campeão dos leves do Rizin ao finalizar Tofiq Musayev no primeiro round no último dia 13 de junho. O atleta tupiniquim vem embalado por uma sequência de três vitórias seguidas. Sua última derrota foi em outubro de 2019 quando foi nocauteado por Johnny Case.