Considerado um dos maiores representantes brasileiros na história do MMA, Fabrício Werdum está próximo de um novo desafio na carreira. Aos 43 anos, o gaúcho faz sua aguardada estreia na PFL nesta quinta-feira (6) e pode estrear com o pé direito na organização rumo ao prêmio de US$1 milhão no torneio dos pesados.
Em entrevista exclusiva ao canal no YouTube do SUPER LUTAS, o ex-campeão dos UFC abriu o jogo sobre a expectativa para o duelo contra Renan Problema, falou sobre aposentadoria e esclareceu sobre a saída do Ultimate. O duelo contra o compatriota marcará a primeira apresentação do ‘Vai Cavalo’ desde que o combatente se desligou do Ultimate.
O dia 25 de julho de 2020 ficou marcado para Werdum e UFC como a última vez em que o brasileiro foi visto atuando no octógono. Após a vitória relâmpago sobre Alexander Gustafsson, Fabrício, que fazia a última luta em seu contrato, optou por não renovar com a empresa e se testar em outra empresa. O gaúcho, então, fez questão de esclarecer sobre como foi o processo de desligamento da companhia presidida por Dana White.
“A decisão (de deixar o Ultimate) foi minha 100%. Eu quis sair do UFC, porque eu decidi. Achava que já estava bom esses anos que fiquei no UFC. É bom ter essa decisão pelo fato de tudo o que aconteceu comigo – coisas boas, ruins. A última luta tinha que ser daquele jeito mesmo, com a vitória, muito bem, até para negociar com a PFL. (…) Só para esclarecer: a decisão foi minha. Não foi por falta de negociação. Eles estavam com o contrato na mão. Eu falei: ‘muito obrigado. Está tudo certo. Agradeço muito, mas, agora, quero fazer meu caminho”, revelou o brasileiro.
Em 2018, Werdum acabou sendo pivô de uma polêmica envolvendo a Agência Antidoping dos Estados Unidos e acabou sendo suspenso por dois anos do MMA, por suposta ingestão do esteroide anabolizante trembolona e de seu metabólito epitrembolona. Buscando esclarecer sobre a situação, o brasileiro rejeita a punição e desabafou sobre o que sentiu com o tratamento dado pelo Ultimate. Passado o momento, o gaúcho segue afirmando sua inocência no episódio.
“Eu vou bater na tecla até o final, porque tenho a certeza de que eu não usei nada. Tenho certeza de que foi uma contaminação. Eu achei injusto o jeito que me condenaram, porque me senti um presidiário. Dois anos (afastado) foi bem difícil. (…) Foi muito complicado par a família. Eu sei que eles sabiam que era uma contaminação, só que, do jeito deles lá, deram dois anos”, contou Werdum.
Após um desligamento tranquilo do UFC, saindo pela porta da frente, o ex-campeão não esconde sua empolgação para sua estreia na PFL. Feliz na ‘nova casa’, o gaúcho comemora o crescimento da organização, que aposta no veterano para, cada vez mais, cair no gosto dos fãs das artes marciais mistas.
“Nós, do Brasil, temos muita qualidade e quantidade. Olha quantos atletas temos que não têm a oportunidade de lutar um evento tão bom como PFL, UFC, o Bellator. (…) Eu já sou considerado como embaixador. Os caras me trataram tão bem que me colocaram como embaixador, me pagando um salário para poder mostrar (o evento)”, disse o tupiniquim.
Um dos protagonistas do torneio dos pesados da PFL em 2021, Werdum terá um adversário perigoso em seu primeiro desafio. Nesta quinta-feira, o ex-campeão do Ultimate trocará forças contra Renan Problema. Para estrear com o pé direito, o gaúcho analisou o adversário e contou um pouco sobre a preparação para o show.
“Eu tenho (na academia) um mexicano mais alto (do que Renan). Ele me ajudou bastante, porque tem o braço muito comprido, um chão muito bom. Fizemos bastante sparring específico. (…) Falando um pouco do Renan, eu não conhecia muito bem. Não prestei atenção antes, porque não estávamos no mesmo evento. Agora, que estamos no mesmo evento, com certeza, olhei várias lutas dele. Sei que tem uma envergadura muito boa, soca muito bem. (…) Vou fazer uma estratégia boa para ganhar no primeiro round. (…) Para quem não sabe, o PFL tem a pontuação: se ganha no primeiro round, são seis pontos; no segundo, cinco; no terceiro, quatro. Por pontos, são três. Então, vai acumulando, para poder passar de fase. (…) Acho que não vou ter nenhum problema com o Renan, fazendo o trocadilho”, brincou Werdum.
Considerado um dos maiores pesos pesados na história do MMA brasileiro, Werdum reconhece que sua aposentadoria não está muito distante. Embora reconheça que ainda tem condições de atuar por mais algum tempo, o gaúcho de 43 anos é realista quanto ao seu tempo de atividade restante no esporte.
“Há muitos anos eu falo que estou me aposentando, mas eu não consigo, porque é difícil parar de fazer o que você gosta. Se fosse por uma lesão, se estivesse mal de cabeça, de tanto tomar soco, se quebrei alguma coisa do corpo muito grave. Não teve nada disso, então, não tenho por que parar. Eu gosto de fazer isso. Estou nessa transição, bem consciente de tudo pelo fato de, às vezes, acontecer de um lutador parar, ficar com depressão, ir para as drogas”, contou.
O prêmio de US$1 milhão entregue ao vencedor do campeonato, claro, é uma motivação a mais para que Fabrício esteja participando da PFL. No entanto, mesmo com um currículo vitorioso, o gaúcho deixou claro que seu objetivo final é figurar no topo da empresa, como fez nos tempos de UFC.
“Claro que meu objetivo é ser campeão do evento, óbvio. Estou 100% focado nessa luta do momento, que é em 6 de maio, para poder dar o segundo passo, o terceiro, o quarto até a final”, encerrou.
Profissional no MMA desde 2002, Werdum ostenta um cartel com 36 compromissos no esporte. Hoje, o ‘Vai Cavalo’ soma 24 vitórias, nove derrotas e um empate. O brasileiro ostentou o cinturão linear dos pesados do UFC entre 2015 e 2016.