Um dos maiores nomes do MMA feminino, Jéssica Bate-Estaca tem a chance de fazer história no UFC 261 deste sábado (24). A brasileira, que enfrenta Valentina Shevchenko em luta válida pelo título dos moscas (até 56,7kg.), pode se tornar a segunda mulher a ganhar dois cinturões em categorias diferentes no Ultimate e já imagina a estratégia ideal para ser a nova campeã da divisão.
Em entrevista ao canal do SUPER LUTAS no YouTube, Jéssica elogiou Valentina, mas destacou sua evolução como um fator predominante para sair com o título no combate. Segundo ela, a estratégia é cansar a campeã no jogo de solo e aproveitar as oportunidades para nocautear.
“Se as meninas me baterem, eu (continuo) seguindo para frente. Já imaginei isso (vitória contra Valentina Shevchenko) várias vezes. Eu mentalizo muito o que pode acontecer em uma luta, tanto em uma vitória quanto em uma derrota. Eu não quero entrar (no combate) estudando, pois já estudei o suficiente. Eu me imagino indo para cima, acerto alguns golpes e agarro. Aí tento fazer uma pressão na grade para cansá-la e tirar sua velocidade. Colocar a luta para baixo e trabalhar o ground and pound. Se ela se levantar, já estará mais cansada. A gente vai para trocação, coloco de novo a luta para baixo. (…), aí, quem sabe, no terceiro ou quarto round saia um nocaute. Venho mentalizando e visualizando bastante uma chance para poder nocautear”, afirmou Jéssica Bate-Estaca.
Ainda sobre a chance de quebrar a quinta defesa de cinturão de Shevchenko, a brasileira afirmou que conversou com Jennifer Maia, última desafiante, para pegar algumas dicas sobre a atual campeã.
“A Jennifer (Maia) até deu alguns conselhos. Ela falou que a velocidade de reação da Valentina (Shevchenko) é estrondosa. Então, acho que tenho que tomar muito cuidado com isso. Entrar no raio de ação, mas sem tomar muito golpe. Tentar agarrar e colocar a luta para baixo, pois foi algo que deu certo contra a Valentina. É um ponto forte que eu posso usar – ainda mais na parte de grappling. Eu acredito que posso trabalhar bem ali. Tenho que entrar no momento certo, fazer a estratégia certa e não dar espaço para a Valentina”, revelou a lutadora.
Depois de vencer Rose Namajunas e se tornar a campeã dos palhas (até 52,1kg.) em 2019, Jéssica Andrade perdeu o cinturão para Weili Zhang e também foi derrotada pela ‘Thug’ na revanche. Em seguida, a brasileira decidiu subiu aos moscas (até 56,7kg.) e nocauteou Katlyn Chookagian ainda no primeiro round. Agora, ela revela estar feliz e cita desenvolvimento na nova divisão.
“A principal mudança é a felicibdade que eu venho nesta categoria. Você comer bem, fazer seu camp forte faz com que mude muito dentro em uma luta dentro do UFC. Isso é a maior diferença que eu venho sentido. A força melhora quando você se alimenta melhor, assim como o gás. Não perdi gás e força. Então, isso tem sido uma grande mudança para mim (…) eu tive uma grande evolução, porque eu aprendi a usar todas as armas que eu tenho dentro do MMA. Antes, eu deixava muito o rosto e agora aprendi a usar as esquivas. Hoje eu venho usando mais essas armas. Tem muitas armas que eu posso usar e acabo não colocando por ainda não ter confiança. Quedas diferentes, esquivas, cotoveladas e joelhos – que eu ainda não uso muito. Por isso que toda luta é uma Jéssica diferente, com alguma coisa diferente”, disse.
Engana-se quem pensa que o intuito de Jéssica Bate-Estaca na carreira é apenas conquistar e defender o cinturão dos moscas. A brasileira diz que pensa em uma superluta no futuro diante de Amanda Nunes.
“Pode acontecer (de desafiar Amanda Nunes), né? Eu venho falando com meus treinadores: ‘Já pensou em fazer uma luta contra a Amanda? A Valentina já lutou, por que eu não posso?’. Então, uma superluta assim seria bem interessante. Seria legal poder disputar o cinturão dos galos. Agora é só esperar. O foco é vencer a Valentina, ver se o UFC vai querer dar uma revanche ou algo do tipo e, aí sim, poder almejar alguma coisa diferente”, destacou.
Além de ter a chance de conquistar dois cinturões em categorias distintas, a lutadora também pensa no ‘legado’ que deixará às gerações futuras. Ela reforça que é possível mostrar a superação dos treinamentos no Brasil.
“É um filme muito bonito de superação. De mostrar que a gente treina no Brasil, onde não tem muita estrutura, mas temos a capacidade de chegar onde a gente quer. Ter a possibilidade de disputar um cinturão e ser campeão de duas ou três categorias diferentes. Então, é uma história maravilhosa e um grande legado que eu estou deixando para as próximas lutadoras que pensam que não vai dar certo ou que não vão conseguir. Eu tenho almejado ser campeã de três categorias e fazer mais história”
Após a confirmação da volta do público no UFC 261, os ingressos do espetáculo no ‘VyStar Veterans Memorial Arena’, em Jacksonville (EUA), se esgotaram em poucos minutos. O engajamento dos fãs para presenciar o card – que conta com três disputas de cinturão -, além de ser o primeiro evento com público máximo desde o início da pandemia do coronavírus, em 2020, empolga Jéssica. A competidora diz que prefere lutar com o público presente na arena e destaca a influência da torcida em um combate.
“Eu prefiro com público. A vibração que o público coloca para você dentro do octógono é muito importante. Faz você ver se a luta está muito boa ou muito ruim. Então, quando você joga sua adversária no chão e o público grita, dá uma energia para você fazer ainda mais. Ou então até mesmo quando o pessoal começa a vaiar e você fala: ‘Eu estou fazendo alguma coisa errada’. E você quer se desvincular e ir para a trocação. Então o público ajuda muito nisso”, finalizou.
Aos 29 anos, Jéssica Bate-Estaca ocupa a primeira colocação no ranking dos pesos moscas (até 56,7kg.), atrás apenas da campeã e oponente, Valentina Shevchenko. Além de ser ex-campeã nos palhas (até 52,1kg.), a brasileira conta com um cartel de 21 vitórias e oito derrotas no MMA profissional.