Considerado uma das grandes promessas brasileiras no MMA há alguns anos, Erick Silva pode estar próximo de um fim de carreira inesperado. Em entrevista exclusiva ao canal no YouTube do SUPER LUTAS, o capixaba confirmou que está perto de pendurar as luvas e explicou a decisão. O lutador de 36 anos também abriu o jogo sobre sua trajetória no UFC.
Profissional no MMA desde 2005, Silva explodiu como grande estrela das artes marciais mistas logo em sua estreia no UFC, em 2011. Logo em seu primeiro compromisso na organização, um show com um nocaute em apenas 40 segundos. Após isso, o brasileiro caiu nas graças do público e se tornou referência na empresa.
Escalado para se apresentar em um dos maiores eventos do Ultimate já realizados no Brasil, Silva, assinou contrato para ser um coadjuvante no show. Lutando em um evento que contava com as presenças de lendas como Anderson Silva, Maurício Shogun e Rodrigo Minotauro, o capixaba acabou sendo um dos destaques, ao atropelar Luis Ramos no card preliminar. Silva, então, falou sobre o estrelato meteórico na organização.
“Naquele card, teve Shogun, Anderson, Minotauro. Eu tinha acabado de ser campeão no Jungle Fight. Era muito novo ainda. (…) As lutas estavam sendo bem demoradas, acabado todas por pontos. Naquele momento, foram 40 segundos, houve o nocaute. Eu nunca tinha lutado para um público tão grande. (…) O ginásio, até então, estava meio que em silêncio. Quando houve o nocaute, que todo mundo começou a gritar, foi uma sensação que nunca tinha sentido. A partir dali, foi como se a ficha tivesse caído e o ‘start’ de que eu estava no maior evento do mundo”, contou Erick.
A partir da primeira vitória no Ultimate, os fãs de MMA no Brasil, que passavam a consumir cada vez mais o esporte, deram destaque para Silva. O lutador, então, deu sua versão do motivo de ter caído nas graças do público.
“O esporte, naquele momento, veio muito forte. Todos acompanhavam. Na minha segunda luta, contra o Carlo Prater (UFC 142), houve até uma polêmica com Mario Yamasaki (o brasileiro acabou desclassificado, acusado de golpes ilegais na nuca do rival). (…) As pessoas acabaram se doendo. A grande maioria não concordou com o árbitro. Naquele momento, meu nome ficou mais em evidência. A partir desse momento, (…) o grande público brasileiro queria ver minha próxima luta para que eu pudesse retornar com uma vitória”, afirmou.
Mesmo com status de ídolo, Erick acabou oscilando entre bons e maus momentos dentro do Ultimate. Pela organização, o capixaba realizou 15 compromissos, vencendo em sete oportunidades e perdendo em oito, o que culminou na dispensa, em 2017. Mais maduro, Silva avaliou o que teria feito diferente como combatente da empresa e apontou os treinamentos como um dos principais pontos.
“Se eu tivesse a cabeça que eu tenho hoje, o treinamento seria diferente. Até meus treinadores teriam como planejar o treinamento de uma forma mais bem trabalhada – não que naquela época não fosse. (…) Hoje em dia, na parte de treino e foco, seria mais intenso do que naquela época”, disse o brasileiro.
Com 36 anos de idade, Silva, hoje, tem contrato com o Bellator, empresa que defende desde 2019. Mesmo atuando por uma grande companhia, o brasileiro parece ter outros planos, que não atuar no MMA. Pela primeira vez, o lutador confirmou que pode se aposentar em breve, no entanto, um combate de despedida está nos planos.
“Minha última luta foi em 2019. 2020 foi um ano meio maluco para todos. Isso acabou fazendo com que muitos atletas repensassem na sua carreira, principalmente comigo. Passei 2020 praticamente inativo. Acabei deixando um pouco os treinamentos para me envolver nos negócios da família. (…) Estou afastado das lutas, tenho uma luta no contrato com o Bellator. (…) Sinto que preciso fazer uma luta, até como despedida, mas, hoje em dia, estou focado em outra área da minha vida pessoal. Não estou tão focado assim nos treinamentos, apesar de estar treinando. (…) Pretendo fazer uma luta, mas creio que mais para a metade do ano. (…) Como se fosse a ‘saideira”, confirmou.
Considerado um lutador jovem, a decisão de Erick não se dá por desilusão ou frustração. O capixaba explicou o que o motivou a pensar em deixar o esporte, quando, em teoria, poderia estar se apresentando contra grandes nomes do MMA.
“Eu me considero um atleta novo, mas estou com muita lesão. Isso me dificulta muito no treinamento. (…) Eu vejo que as lesões atrapalham muito o meu desenvolvimento. (…) Tenho dificuldade de mobilidade no meu ombro direito. (…) Vejo que, para a luta em si, não consigo mais me apresentar como eu me apresentava antes. A decisão mais inteligente é me afastar um pouco das lutas devido as lesões. Óbvio que eu não queria parar nesse momento, mas temos que ter a cabeça no lugar. É muito duro. (…) Já fiz tudo o que tinha que fazer para ter uma melhor performance. (…) Quando você vê que seu corpo não está respondendo da melhor forma, ou você encara e aceita colocar seu corpo para trabalhar, sabendo que está com uma dificuldade, ou aceita e parte para uma outra fase”, desabafou.
Flertando com a aposentadoria, Erick pode deixar o esporte com 33 apresentações (considerando a despedida) como profissional nas artes marciais mistas. Com cartel positivo, o capixaba ‘passou a régua’ em sua carreira e falou sobre o saldo em 15 anos no esporte.
“Às vezes eu paro para pensar em tudo o que eu fiz e fico feliz. Apesar de tudo, fico feliz. Chegar aonde eu cheguei, fazer tudo o que eu fiz, isso não se apaga. Estive lutador por um tempo. Enquanto estive lutador, eu cheguei no maior evento do mundo. (…) Para mim, me faz uma grande diferença. (…) Não fico nem um pouco frustrado”, finalizou.