Anderson Silva: o melhor da história? Compare a trajetória do brasileiro com as de outras lendas do MMA

Dono de uma das carreiras mais espetaculares do esporte, ‘Spider’ se despediu das artes marciais mistas no último sábado e abre discussões sobre seu lugar na prateleira de ícones

A. Silva encerra a carreira como um dos melhores da história. Foto: Reprodução/Instagram

Cravar seu nome na história de um esporte não é tarefa fácil para nenhum atleta, ainda mais quase se trata de uma modalidade tão cruel quanto o MMA. No último sábado (31), os fãs das artes marciais mistas acompanharam o fim de um dos ciclos mais espetaculares na história da modalidade. Anderson Silva se aposentou aos 45 anos e deixou em aberto uma discussão que pode nunca ter fim: ele foi o melhor de todos os tempos?

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Anderson Silva em momento de reflexão após UFC Las Vegas 12. Foto: Reprodução/Instagram

Os números de Anderson falam por si. Foram 46 apresentações profissionais nas artes marciais mistas, com diversos recordes e cinturões que não o deixam mentir.

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No entanto, o lugar do brasileiro na prateleira entre os melhores do esporte divide opiniões. ‘Spider’ foi maior do que Jon Jones? E quanto a Georges St-Pierre? Há espaço para Khabib Nurmagomedov?

Pensando em se aproximar ao máximo de uma decisão comum, nossa equipe analisou os números dos atletas e a decisão fica para vocês.

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Anderson Silva: 34-11-1

A. Silva é o maior nome da história do MMA brasileiro. Foto: Reprodução/Instagram

Nascido em São Paulo, Anderson começou sua carreira no MMA ainda nos anos 90, participando do ‘Brazilian Freestyle Circuit 1. O ‘Spider’ participou da época em que atletas travavam mais de um confronto em um mesmo evento. Em sua estreia na modalidade, em 1997, o brasileiro fez bonito ao derrotar Raimundo Pinheiro (finalização) e Fabrício Camões (nocaute) em sequência. Era o pontapé inicial na história de Silva no esporte.

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O primeiro cinturão do brasileiro chegou em 2000, quando Anderson foi ao Japão desafiar o perigoso Hayato Sakurai – luta que, segundo o paulista, é a mais importante de sua carreira. No duelo, ‘Spider’ chocou os fãs pela primeira vez. Azarão na disputa, o atleta superou o rival e tomou do japonês o cinturão dos médios do Shooto.

Antes de chegar ao UFC, Silva também foi campeão do Cage Rage, quando bateu Lee Murray, em 2004. A fama mundial viria em 2006, quando já com as luvas do Ultimate, brutalizou o então líder dos médios Rich Franklin, dando início ao reinado mais longo da história da companhia.

Dentro do UFC, Anderson conseguiu algo difícil em qualquer época. No esporte em que qualquer erro pode ser fatal, o brasileiro conquistou uma sequência invicta de 16 confrontos, que foi encerrada apenas no fatídico evento de 2013, quando ‘Spider’ viu seu reinado desmoronar no duelo contra Chris Weidman.

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No fim de sua carreira, após uma lesão que mudaria sua vida para sempre, também em 2013, Anderson não conseguiu repetir os mesmos shows de anos anteriores. De 2015 a 2020, foram sete compromissos e apenas um resultado positivo, em 2017, quando bateu Derek Brunson.

Anderson, então, encerra a carreira aos 45 aos, com 34 vitórias, 11 derrotas e uma luta sem resultados.

Jon Jones: 26-1-1

J. Jones tentará, em 2021, conquistar seu segundo título em divisões diferentes. Foto: Reprodução/Facebook UFC

Considerado um dos maiores fenômenos que o esporte já criou, Jon Jones certamente é um atleta que ficará para sempre na lista dos melhores. Agressivo, dominante, versátil e competente, o norte-americano, com menos de 30 anos, assegurou um lugar de destaque na história do MMA.

‘Bones’ começou sua carreira em 2008, mais de 10 anos depois de Anderson Silva. Na época, o norte-americano, então com 21 anos, deu seu cartão de visitas ao nocautear Brad Bernard em menos de 2m, pelo Fight Family Promotion (FFP) Untamed 20. Seu primeiro cinturão veio cinco apresentações depois, no USKBA, ao atropelar Moyses Gabin.

Apenas em 2008, Jones chegou ao número impressionante de sete compromissos. Chamando a atenção da diretoria do UFC após vitórias dominantes e incontestáveis, o norte-americano estreou na empresa presidida por Dana White contra o brasileiro André Gusmão. Na ocasião, Jon venceu o rival por pontos e, seis lutas depois, estaria diante de Maurício Shogun, atuando pelo cinturão dos meio-pesados (93kg.).

Para chegar a Shogun, Jones desbancou nomes como Stephan Bonnar, Brandon Vera e Ryan Bader. Contra Maurício, brutalidade. Um dos maiores ídolos brasileiros da história do MMA, o curitibano não conseguiu fazer frente ao jovem que tentava mostrar suas qualidades ao mundo. Jones precisou de três rounds para liquidar a fatura contra a lenda do Pride e se tornar o campeão mais jovem da história da organização, com 23 anos.

Com trajetória indiscutível dentro do octógono, a vida de ‘Bones’ fora da modalidade também chamava atenção. Com histórico de uso de drogas, flagra no doping e acidentes de trânsito, Jon ficou marcado nas páginas policiais em algumas situações.

Mesmo com problemas para lidar com a fama e dinheiro, Jones jamais perdeu um embate desde a conquista do título. Ao todo, foram 11 defesas de cinturão, igualando o recorde de Demetrious Johnson.

Recentemente, ‘Bones’, abandonou o posto de campeão dos meio-pesados para se testar na categoria até 120,2kg. A ideia do norte-americano é entrar para o seleto grupo de lutadores que conquistaram dois títulos pela empresa.

Hoje, Jones, com 33 anos, soma 26 vitórias, uma derrota e um confronto sem resultado. Seu único revés aconteceu em 2009, quando perdeu para Matt Hammil ao desferir cotoveladas ilegais. No ano passado, Dana White afirmou que tentava reverter seu resultado negativo, já que julga que Jon não saiu derrotado naquele confronto e, então, segue invicto na carreira.

Georges St-Pierre: 26-2

GSP em vitória pelo UFC. Foto: Reprodução/Twitter ufc_europe

No papel de atletas históricos, a vestimenta de um dos reis do MMA se encaixa como uma luva em Georges St-Pierre. Técnico, pragmático e eficiente como poucos, o atleta já garantiu seu nome no templo das lendas. Há quem critique o estilo de luta do canadense, que nem sempre dá show, mas a capacidade do lutador em dominar por completo seus rivais ao longo dos anos é indiscutível.

St-Pierre precisou de pouco tempo para conquistar seu primeiro título. Com estreia nas artes marciais mistas em janeiro de 2001, o canadense debutou com triunfo sobre Ivan Menjivar, com um nocaute no primeiro round, pelo Ultimate Combat Challenge (UCC) 7. Em sua segunda apresentação pela companhia, Georges já disputaria e conquistaria o título. Na ocasião, o atleta superou Justin Bruckmann, com uma chave de braço. Três compromissos depois, o contrato com o UFC.

Sua estreia no Ultimate foi em janeiro de 2004, no duelo contra Karo Parisyan. A luta foi vencida por Georges nos pontos e, uma apresentação depois, disputou o cinturão vago dos meio-médios (até 77kg.) contra Matt Hughes. Contra o norte-americano, St-Pierre acabou não tendo sucesso e perdeu por finalização. Ao invés de se abater, o canadense deu início a uma das maiores reviravoltas já vistas na história do esporte.

Ao ser derrotado por Hughes, Georges não descansou até conseguir sua revanche. Foram necessárias cinco resultados positivos em sequência até que teve, novamente, a chance de encarar seu primeiro algoz. A reedição do confronto de 2004 aconteceu quase dois anos depois, pelo UFC 65. Desta vez, o canadense provou que, de fato, era um atleta diferente, e conquistou o título com um nocaute no segundo round.

St-Pierre protagonizou um episódio que até hoje é lembrado como uma das maiores zebras da história do Ultimate. Em sua primeira defesa de título, em 2007, o canadense foi surpreendido por Matt Serra com uma sequência de socos e acabou nocauteado no primeiro round. Georges recuperaria seu posto de campeão contra o próprio Serra, no mesmo ano, finalizando o rival no segundo round.

Depois do susto na primeira defesa de título, St-Pierre não perdeu mais. Foram 13 compromissos e nenhuma derrota. O atleta, inclusive, chegou a conquistar o cinturão dos médios, em 2017, batendo o então campeão, Michael Bisping, e entrando para a galeria de atletas que ostentaram dois cinturões em divisões diferentes. Depois de conquistar seu segundo título, Georges não lutou mais.

No ano passado, o canadense anunciou sua aposentadoria definitiva do esporte. O atleta, hoje, com 39 anos, no entanto, ensaia um retorno para uma superluta contra o campeão linear dos leves (até 70,3kg.), Khabib Nurmagomedov, que será analisado no próximo tópico.

Ao longo de sua carreira, St-Pierre conquistou um cartel de 26 vitórias e duas derrotas como profissional nas artes marciais mistas.

Khabib Nurmagomedov: 29-0

K. Nurmagomedov anunciou a aposentadoria do MMA após o UFC 254. Foto: Reprodução/Instagram

Caso se aposentar invicto seja sinônimo de ser o melhor, nem deveríamos analisar os números de Khabib Nurmagomedov. Campeão absoluto dos leves do Ultimate e conhecido como um dos maiores nomes da história recente do esporte, o russo encantou o mundo com seu estilo previsível, mas fatal. Mestre na luta agarrada, o ‘Águia’ foi inserido nas artes marciais desde criança, incentivado pelo pai, técnico e mentor, Abdulmanap Nurmagomedov.

Khabib estreou no MMA em setembro de 2008, no embate contra Vusal Bayramov, pelo CSFU: Champions League, realizado na Polônia. Longo no debute, uma finalização no primeiro round.

O primeiro título do russo aconteceu no ano seguinte, quando venceu o torneio do M1 – Selection, também finalizando. Desta vez a vítima foi Shahbulat Shamhalaev. A disputa representou a sétima apresentação na carreira de Khabib.

A estreia de Nurmagomedov no UFC aconteceu em janeiro de 2012, quando superou Kamal Shalorus com um mata-leão, em sua primeira luta disputada nos Estados Unidos. Foram necessários mais oito adversários até que o russo conquistasse a sonhada disputa de cinturão, e ela veio em 2018, contra Al Iaquinta.

Quando ganhou o título, os números de Khabib já impressionavam. Até então, o ‘Águia’ havia disputado 26 compromissos e venceu quase todos os rivais sem o menor problema. Seu maior susto aconteceu quando enfrentou o brasileiro Gleison Tibau, em 2012, mas, ainda assim, na decisão dos juízes, Nurmagomedov levou o confronto na decisão unânime.

Em sua primeira defesa de título, Khabib conheceu seu maior rival da carreira, um adversário que certamente levará para a vida toda. Conor McGregor surgiu como antagonista perfeito para o russo, mas, mesmo com sua técnica apurada e dono de um dos maiores poderes de nocaute da companhia, o irlandês não foi páreo para Nurmagomedov e sucumbiu com uma finalização no quarto round do UFC 229, em 2018 – o evento de maior audiência na história do esporte.

Após encarar e bater o ‘Notório’, Khabib acabou suspenso por nove meses, punido por provocar uma confusão generalizada depois do UFC 229. Longe do Ultimate, a empresa criou um cinturão interino e, em seu retorno, o russo recuperou o posto ao unificar o título contra Dustin Poirier, em 2019.

Em 2020, Nurmagomedov também se afastou do octógono em função da pandemia do coronavírus. Mais uma vez um cinturão interino foi criado e, agora, Khabib precisaria passar por aquele que, no papel, seria seu maior adversário até o momento: Justin Gaethje.

Contra Gaethje, no entanto, sem surpresas. O russo dominou, finalizou e apagou o rival em apenas dois rounds. Após o duelo, que marcou a luta principal do UFC 254, o ‘Águia’ anunciou sua aposentadoria do esporte.

Nurmagomedov deixou o MMA com 29 triunfos e sem sentir o gosto da derrota.

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