Apesar da pressão por ter perdido duas lutas consecutivas no peso palha (52,2kg), Jéssica Andrade decidiu se aventurar nos moscas (56,7kg) para revitalizar a carreira e teve sucesso. No UFC Ilha da Luta 6, evento realizado no sábado (17), em Abu Dhabi, a brasileira impressionou ao nocautear Katlyn Chookagian no primeiro round e já se coloca em rota de colisão com Valentina Shevchenko, número um da categoria.
Radiante por estrear na nova categoria derrotando uma atleta bem cotada e por ter conquistado um dos bônus de performance do show, ‘Bate-Estaca’, em entrevista exclusiva ao canal SUPER LUTAS, revelou qual seria a estratégia para ‘chocar o mundo’ e vencer Valentina, analisou o confronto entre ela e Jennifer Maia, válido pelo UFC 255, e elegeu as melhores lutadoras da história do esporte.
Mesmo sendo ex-campeã do UFC, muitos tinham dúvida quanto ao desempenho de Jéssica na luta contra Chookagian, já que a norte-americana é uma atleta bem mais alta e a mesma também esperava um combate difícil. Tanto que admitiu ter ficado surpresa por ter encerrado o duelo no primeiro round e agradeceu seu treinador, Gilliard Paraná, por ter lhe dado uma dica preciosa.
“Eu esperava que a luta acabasse por nocaute ou finalização, mas não no primeiro round. Minha intenção era agarrar e fazer Chookagian se cansar, mas acabou que foi diferente e deu mais certo do que eu imaginava. No vestiário, meu mestre tinha me pedido para acertar a linha de cintura dela, porque estava fragilizada por causa do corte de peso. Não imaginava que a luta acabaria no primeiro round. Acho que consegui mostrar minha evolução e impressionar o UFC”, contou.
O sucesso em sua estreia nos moscas não significa que Jéssica tenha esquecido os palhas. No entanto, a brasileira confirmou que estava sofrendo para atingir o peso ideal e que isso estava prejudicando seu desempenho.
“A mudança não é definitiva. Pode ser que eu volte para os palhas para lutar pelo cinturão. Tudo pode acontecer. O que me fez subir de categoria foi a questão da perda de peso. A idade vai chegando e é difícil cortar o peso. Também sou uma pessoa que adora comer. É claro que sou séria e faço dieta, mas sofri muito nas duas últimas lutas e isso abalou meu psicológico. Já estava ficando cansada, não tinha tempo de descansar e sentia que meu corpo estava pedindo uma pausa”, explicou.
Após nocautear Chookagian, ex-desafiante ao título, é natural que se coloque Jéssica perto de disputar o cinturão dos moscas, mas, antes disso, há o combate entre Valentina e Jennifer Maia, válido pelo UFC 255. ‘Bate-Estaca’ surpreendeu ao dizer que tem história com ambas e não acha que será tão fácil a campeã confirmar o favoritismo.
“Como a Jennifer vai lutar contra a Valentina, tenho que esperar para saber o que vai acontecer. Antes de chegar ao UFC, enfrentei a Jennifer, perdi e seria legal uma revanche, caso ela consiga ser campeã. Também iria lutar contra a Valentina antes do UFC, mas fui contratada e essa luta não aconteceu. Quem sabe não tenha essa oportunidade agora, ainda mais sendo pelo cinturão? Acho que essa luta entre elas será bem interessante. A Jennifer tem total condição de vencer, mas tem que fazer o jogo certo”, revelou.
Imaginando um possível embate contra a campeã dos moscas, a ex-número um dos palhas não escondeu a empolgação e listou o que teria de vantagem e desvantagem para a superluta.
“A vantagem que eu tenho é que possuo um queixo muito duro. As adversárias têm trabalho para me nocautear. Sempre quis lutar contra a Valentina, porque, na minha cabeça, ela é a melhor. Venceu a Joanna e acho que também venceu a Amanda. É uma das lutadoras mais perigosas do UFC! Acredito que lutar contra ela será o ápice da minha carreira. Sempre quis enfrentar as melhores e ela é a melhor. A Valentina é excelente em pé e no solo. Até hoje, não vi uma lutadora capaz de colocá-la para baixo, controlar e trabalhar o ground and pound. Esse é um ponto forte meu, um diferencial que me daria a chance de ganhar a luta, além da agressividade que tenho. Não dou espaço para minhas adversárias respirarem. Valentina não terá espaço para pensar no que vai fazer. Tenho que ficar atenta aos chutes da Valentina e melhorar minhas esquivas e a luta agarrada. Ela é muito rápida, ótima lutando em pé e no solo”, analisou.
Além de impressionar com seu poder no octógono, Jéssica também faz o mesmo fora, mostrando sinceridade e humildade. Quando perguntada sobre quem seria a melhor lutadora da história do MMA feminino, a brasileira não titubeou ao mencionar Cris Cyborg e se colocou atrás de várias companheiras de profissão.
“Pra mim, a melhor de todos os tempos é Cyborg. Ela tem vários cinturões e em organizações diferentes. Isso prova que ela não é só boa em um lugar e sim a melhor em tudo que faz! A melhor da história é ela. Em seguida, vem Valentina e depois Amanda. Joanna também é uma lutadora que fez história. Acredito que Rose até tenha feito mais do que eu. Ela venceu Joanna, que era imbatível na época. Sou muito humilde. Acho que estou atrás até da Zhang Weili. Aos poucos vou conquistando meu espaço e, em breve, chego lá”, listou.
Aos 29 anos, Jéssica se coloca à disposição do UFC para voltar a atuar e, animada quanto ao futuro, mandou um recado para as demais lutadoras.
“Estou viva e não se acomodem em suas poltronas, porque, a qualquer momento, posso tomar o lugar de vocês. Treinem bastante. Estarei em todos os lugares”, finalizou.